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Cuidados paliativos podem gerar aumento de sobrevida em câncer de pulmão

Autor:

Veruska Menegatti Anastacio Hatanaka

Coordenadora, em São Paulo, dos cursos básico e avançado do Pallium Latinoamerica. Médica Assistente do Centro de Atendimento de Intercorrências Oncológicas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

Última revisão: 27/07/2011

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Especialidades: Cuidados Paliativos / Oncologia / Pneumologia

 

Área de atuação: Medicina Ambulatorial/ Assistência Domiciliar

 

Resumo: este estudo evidencia a possibilidade de melhorias na qualidade de vida e no humor de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células metastático, assim como aumento na sobrevida determinado pela implementação precoce de cuidados paliativos.

 

Contexto clínico

Com foco no controle de sintomas, no suporte psicossocial e na assistência à tomada de decisões, os cuidados paliativos denotam potencial em melhorar a qualidade de vida e reduzir o uso de serviços médicos. Contudo, a referência para esta área de atuação médica é tradicionalmente tardia, o que, segundo estudos prévios, cerceia a possibilidade de mudanças na qualidade de vida do paciente.

 

O estudo

Com o intuito de examinar o efeito dos cuidados paliativos precocemente indicados e integrados aos cuidados oncológicos padrão, em pacientes com diagnóstico recente de câncer de pulmão de não pequenas células metastático, 151 pacientes ambulatoriais com este diagnóstico e ECOG (Eastern Cooperative Oncology Group) de 0 (paciente assintomático), 1 (paciente sintomático, porém, ambulatorial) e 2 (paciente sintomático e acamado menos de 50% do dia) foram randomizados para receber cuidados paliativos precoces integrado aos cuidados oncológicos padrão ou somente para receber cuidados oncológicos padrão, em um estudo controlado, randomizado e não mascarado. No baseline e com 12 semanas, a qualidade de vida e o humor foram avaliados, respectivamente, pela aplicação das ferramentas FACT-L (Functional Assessment of Cancer Therapy-Lung) e da Hospital Anxiety and Depression Scale. A ferramenta FACT-L avalia as múltiplas dimensões da qualidade de vida, abordando aspectos físicos, funcionais, emocionais e bem-estar social. Por sua vez, a subescala LCS (Lung-Cancer Subscale) avalia sete sintomas específicos para o câncer de pulmão. Considerou-se como desfecho primário a mudança na qualidade de vida com 12 semanas de seguimento, o que, para o FACT-L, indica a somatória dos valores obtidos no LCS e os valores concernentes às subescalas de bem-estar físico e funcional do FACT-L (Trial Outcome Index – TOI). Com relação aos fatores prognósticos conhecidos e avaliados no estudo, ambos os grupos mostraram-se balanceados.

Os principais resultados do estudo foram os seguintes:

 

1.     Pacientes randomizados para o grupo cuidados paliativos precoce apresentaram valores maiores em comparação aos pacientes submetidos apenas ao tratamento oncológico padrão quanto às escalas FACT-L (98,0 vs. 91,5; P=0,03), LCS (21,0 vs. 19,3; P=0,04) e TOI (59,0 vs. 53,0; P=0,009), sugerindo melhora da qualidade de vida com a implementação precoce dos cuidados paliativos.

2.     A porcentagem de pacientes com depressão após 12 semanas foi menor no grupo com cuidados paliativos (16 vs. 38%; P=0,01), embora a proporção de pacientes recebendo novas prescrições de drogas antidepressivas tenha sido similar nos dois grupos, a saber, 18%, com P=1,00.

3.     Embora os pacientes em cuidados paliativos precoce tenham sido menos submetidos a cuidados agressivos no final da vida (33% vs. 54%; p=0,05), a sobrevida foi maior entre pacientes recebendo cuidados paliativos precoces (11,6 meses vs. 8,9 meses; P=0,02).

 

Aplicações para a prática clínica

Normalmente os cuidados paliativos são vistos como a conduta para quando “não há mais conduta”, ou aquilo que é feito apenas para pacientes sem possibilidades terapêuticas. Este estudo vem de encontro a isso, mostrando que a linha de cuidados paliativos pode ser incorporada precocemente ao restante do tratamento do paciente oncológico, trazendo ganhos extremamente encorajadores do ponto de vista de qualidade de vida. Obviamente são necessários mais estudos para confirmar estes resultados, mas fica a impressão de que este é o futuro para os cuidados paliativos.

Quanto ao estudo em discussão, há que se frisar a ausência de diferenças significativas entre os dois grupos com respeito ao número de regimes quimioterápicos realizados. Ainda, fatores de confusão, incluindo a presença de comorbidades, foram diluídos pelo processo de randomização. Assim, é possível atribuir a melhora na sobrevida à melhora na qualidade de vida e nos sintomas depressivos em pacientes que receberam cuidados paliativos precocemente.

 

Bibliografia

1.     Temel JS, Greer JA, Muzikansky A, Gallagher ER, Admane S, Jackson VA, et al. Early palliative care for patients with metastatic non-small-cell lung cancer. N Engl J Med. 2010;363(8):733-42. [Link para o Artigo] (Fator de Impacto: 47,05).

 

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