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Sintomas e prognóstico em pacientes com câncer em cuidados paliativos

Autor:

Veruska Menegatti Anastacio Hatanaka

Coordenadora, em São Paulo, dos cursos básico e avançado do Pallium Latinoamerica. Médica Assistente do Centro de Atendimento de Intercorrências Oncológicas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

Última revisão: 08/02/2012

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Especialidades: Cuidados Paliativos / Oncologia / Geriatria

 

Área de atuação: Cuidados Paliativos

 

Resumo

Este estudo avalia se a melhora sintomática observada por meio de uma escala após tratamento paliativo pode se constituir em um fator prognóstico em pacientes com câncer avançado e sem perspectiva atual para receber qualquer tratamento antineoplásico.

 

Contexto clínico

O exercício para a formulação de um prognóstico é uma habilidade ainda inadequadamente utilizada, pautada comumente em julgamentos pessoais que carecem de embasamento científico. O reconhecimento de fatores prognósticos clínicos facilita o planejamento terapêutico e a abordagem com pacientes e familiares acerca de diretrizes avançadas de vida. Neste contexto, aspectos como atividade funcional, emocional e social e o controle de sintomas, componentes cruciais na qualidade de vida de pacientes que não são mais elegíveis para tratamento oncológico específico podem exercer papel prognóstico.

 

O estudo

Durante um período de 3 anos, 400 pacientes consecutivos admitidos em uma unidade oncológica italiana preencheram o questionário ESAS, escala analógica visual que afere 9 sintomas em cuidados paliativos (dor, astenia, dispneia, sonolência, bem-estar, náusea/vômitos, depressão, ansiedade, perda do apetite), determinando a intensidade deles em uma escala de 0 (ausência do sintoma) a 10 (pior graduação possível). A estes sintomas, atrelou-se como item adicional para aferição a “qualidade de vida”. Destes pacientes, 68 não mais poderiam realizar tratamentos oncológicos, sendo recrutados e submetidos à admissão e alta hospitalar às escalas ESAS e PaP (Tabela 1). Nesta população, 57,4% dos pacientes apresentavam câncer gastrintestinal e 42,6% câncer de pulmão de células não pequenas, com 11,8% com 1 sítio metastático, 61,8% com 2 e 26,5% com 3 ou mais. No que tange ao escore PaP, 52,9% dos pacientes apresentavam-se com anorexia e 33,8% com dispneia grave. A maioria dos pacientes com classe de risco A denotavam doença gastrintestinal, enquanto a maioria dos pacientes com câncer pulmonar encaixava-se na classe de risco B, com diferença estatisticamente significante. Em relação à escala ESAS, 35,3% dos pacientes referiram dor intensa. Astenia esteve presente em 73,6% dos pacientes, enquanto 52,9% relatavam anorexia. Na alta hospitalar, a escala ESAS mostrou uma redução estatisticamente significante de intensidade (p=0,04) e número de sintomas (p=0,03), sobretudo para sintomas característicos para cada doença (dor, náusea/vômitos e anorexia para câncer gastrintestinal e dispneia e astenia para câncer de pulmão). Na análise multivariada, incluindo idade, sexo, tumor, número de sintomas, classe de escore de sintomas, escore PaP e Karnofsky Performance Status, mostrou-se que a melhora sintomática é um fator que se correlaciona com a sobrevida. Já para pacientes com câncer gastrintestinal, o escore PaP (HR 2.95, 95% CI 1.35-6.41, p=0,006) e a anorexia (HR 3.21 95% CI 1.33=7.72, p=0.009) mostraram-se como fatores para sobrevida, e astenia (HR 5.11, 95% CI 1.86-14.03, p=0,002) foi a única variável significativamente associada à sobrevida para pacientes com câncer pulmonar.

 

Tabela 1. Palliative Prognostic Score (PaP score)

Critério

Avaliação

Escore parcial

Dispneia

Não

Sim

0

1

Anorexia

Não

Sim

0

1,5

Karnofsky Performance Status

= 30

10 a 20

0

2,5

Previsão clínica de sobrevida (semanas)

> 12

11 a 12

7 a 10

5 a 6

3 a 4

1 a 2

0

2

2,5

4,5

6

8,5

Contagem leucocitária total (x109/L)

= 8,5

8,6 a 11

>11

0

0,5

1,5

Porcentagem linfocitária

20 a 40%

12 a 19,9%

< 12%

0

1

2,5

Grupo de risco

A

B

C

30 dias de sobrevida

> 70%

30 a 70%

< 30%

Escore total

0 a 5,5

5,6 a 11

11,1 a 17,5

 

Aplicações para a prática clínica

Ainda que se limite a previsão da probabilidade de sobrevida neste estudo a 1 mês, a identificação de variáveis clínicas atreladas ao prognóstico favorece o exercício desta habilidade na prática clínica, afastando-a única e exclusivamente do julgamento pessoal.

 

Bibliografia

1.   Narducci F, Grande R, Mentuccia L, Trapasso T, Sperduti I, Magnolfi E et al. Symptom improvement as prognostic factor for survival in cancer patients undergoing palliative care: a pilot study. Support Care Cancer. DOI 10.1007/s00520-011-1207-8. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 2,058)

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