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Efeitos neonatais do clampeamento mais tardio do cordão umbilical no momento do parto

Autor:

Tatiana Pfiffer Favero

Médica Assistente e Pós-graduanda do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Charité-Universitätsmedizin Berlin, Alemanha.

Última revisão: 09/04/2012

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Especialidades: Obstetrícia / Pediatria

 

Resumo

Estudo multicêntrico, prospectivo e randomizado que objetivou comparar o efeito do clampeamento do cordão umbilical precoce versus o tardio no momento do parto, em termos de efeito neonatais relacionados sobretudo aos estoques de ferro e à anemia 4 meses após o nascimento.

 

Contexto clínico

Deficiência de ferro e anemia ferropriva são considerados problemas graves de saúde pública em todo o mundo. Dependendo da região estudada, sua prevalência pode chegar a até 26% das crianças na fase de crescimento. O ferro é essencial para o desenvolvimento neurológico e sua carência pode acarretar distúrbios afetivos e cognitivos, além de prejudicar o desenvolvimento motor da criança. Durante os primeiros minutos de vida, por meio de medidas simples, o recém-nascido pode receber uma quantidade substancial de sangue diretamente da placenta. O clampeamento tardio do cordão umbilical, definido como de 2 a 3 minutos após o nascimento ou quando a pulsação para, pode aumentar o volume sanguíneo fetal em até 36%, elevando assim a quantidade sérica de ferro. Estudos recentes que avaliaram o potencial terapêutico do clampeamento tardio do cordão umbilical demonstraram real benefício em termos de aumento dos níveis de ferritina até mesmo além do período neonatal (3 a 6 meses de vida) No entanto, alguns autores alegam que esta prática pode ter efeitos neonatais adversos, como aumento do risco de problemas respiratórios, policitemia, hiperbilirrubinemia e necessidade de fototerapia.

 

O estudo

Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado e controlado realizado na Suécia entre abril de 2008 e setembro de 2009. Foram recrutados 400 recém-nascidos de termo e de baixo risco que foram aleatoriamente divididos em dois grupos. No primeiro grupo (estudo), o clampeamento do cordão umbilical ocorreu tardiamente; no segundo grupo, a ligadura foi realizada precocemente (< 10 segundos após o nascimento). Os objetivos do trabalho foram avaliar os níveis de hemoglobina e ferritina séricos 4 meses após o parto, assim como estudar as potenciais complicações do procedimento. As crianças cujo cordão umbilical foi ligado mais tardiamente no momento do parto apresentaram um nível médio de ferritina 45% maior que o grupo-controle, além de uma diminuição significativa tanto da prevalência de deficiência de ferro quanto de anemia neonatal. Não foi observada nenhuma diferença significativa entre os grupos referentes a distúrbios respiratórios pós-natais, policitemia ou hiperbilirrubinemia com necessidade de fototerapia.

 

Aplicações para a prática clínica

O presente estudo demonstrou que o clampeamento tardio do cordão umbilical resulta em maiores estoques de ferro nas crianças de 4 meses de idade e menor prevalência de anemia neonatal, sem efeitos adversos importantes. Como a carência de ferro pode acarretar problemas significativos no desenvolvimento neurológico, a simples realização da ligadura tardia do cordão no momento do parto pode beneficiar milhares de crianças em fase de crescimento tanto em regiões de alta como de baixa prevalência da deficiência do mineral.

 

Bibliografia

1.   Andersson O, Hellström-Westas L, Andersson D, Domellöf M. Effect of delayed versus early umbilical cord clamping on neonatal outcomes and iron status at 4 months: a randomised controlled trial. BMJ 2011;343:d7157 [link para o artigo] (Fator de Impacto: 13,471)

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