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Cuidados paliativos precoces em pacientes com câncer de pulmão

Autor:

Veruska Menegatti Anastacio Hatanaka

Coordenadora, em São Paulo, dos cursos básico e avançado do Pallium Latinoamerica. Médica Assistente do Centro de Atendimento de Intercorrências Oncológicas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

Última revisão: 30/04/2012

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Efeito de cuidados paliativos precoces em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células metastático

 

Especialidades: Oncologia / Pneumologia / Cuidados Paliativos

 

Resumo

A indicação precoce dos cuidados paliativos (CP) para pacientes com câncer pulmonar de não pequenas células (NSCLC) metastático, ainda que não interfira no número de intervenções quimioterápicas recebidas pelos pacientes, otimiza o intervalo para a administração da última quimioterapia e a transição para serviços de hospice, ambos aspectos fundamentais para a qualidade dos cuidados no final da vida.

 

Contexto clínico

Um estudo prévio com 151 pacientes ambulatoriais com diagnóstico recente de NSCLC identificou que pacientes que receberam CP precoce integrado ao tratamento oncológico padrão tiveram melhora na qualidade de vida, no humor e na sobrevida. Dentre as hipóteses para o aumento da sobrevida, aventou-se que os cuidados paliativos, ao manejar efeitos colaterais e complicações atreladas ao tratamento, permitiram ao paciente receber maior número de regimes quimioterápicos. Por outro lado, decisões pautadas no controle sintomático melhoraram a qualidade de vida na fase final e permitiram aos profissionais determinarem o melhor momento para a transição para hospice. Este modelo integrado ainda facilitou o processo decisório quanto à cessação do tratamento quimioterápico ao final da vida para pacientes que poderiam sofrer efeitos colaterais do tratamento agressivo.

 

O estudo

O presente estudo foi feito com o intuito de averiguar se a introdução precoce de CP ambulatorial para pacientes com diagnóstico recente de NSCLC metastático determinaria ou não menor uso de quimioterápicos nos meses finais de vida e referência precoce, e maior permanência em hospices. Foram considerados elegíveis pacientes com confirmação patológica de NSCLC metastático nas 8 semanas anteriores, com ECOG de 0 a 2. Distribuídos randomicamente para CP precoce integrado ao tratamento oncológico padrão ou apenas para o tratamento oncológico, observaram-se o número total de tratamentos quimioterápicos, o tempo para a administração da quimioterapia e o envolvimento com hospice no final da vida. Não se detectaram diferenças quanto ao número de linhas de quimioterápicos administradas, com similaridade quanto ao tempo entre a primeira e a segunda linha de quimioterapia, assim como entre a segunda e a terceira. Ao se analisar a frequência e o período para a administração do último regime quimioterápico, verificou-se que pacientes no grupo com CP apresentavam uma taxa menor de uso de quimioterápicos nos 60 dias que antecederam o óbito (52,5% vs. 70,1%; P=0,05), e os pacientes em CP tiveram metade do OR para receber quimioterápicos ao final de 2 meses comparado com pacientes com cuidados padrão (OR: 0,47; IC95%: 0,23 a 0,99; P=0,05). Os CP reduziram significativamente o uso de quimioterápico parenteral nos 60 dias que antecederam o óbito (24,2% vs. 46,3% para tratamento padrão; P=0,01) e marginalmente aos 30 e 14 dias do óbito. Além disto, pacientes em CP precoce tiveram um intervalo maior entre a última infusão e o óbito. Por sua vez, não houve diferenças quanto ao uso de quimioterápicos por via oral entre os grupos nos dois últimos meses de vida. No tangente aos hospices, as taxas de referência não diferiram entre os grupos, porém participantes encaminhados precocemente para CP envolveram-se com hospice mais cedo, sendo que cerca de 2 vezes mais participantes deste grupo permaneceram em hospice por período superior a 1 semana (60% v 33,3%; P=0,004). Por fim, não houve diferenças significativas na porcentagem de pacientes que iniciaram cuidados em hospice na alta hospitalar ou na porcentagem de pacientes que morreram em casa.

 

Aplicações para a prática clínica

Este estudo não suporta a hipótese de que o aumento na sobrevida dentre os pacientes recebendo CP integrados aos cuidados oncológicos padrão deva-se ao maior número de linhas de quimioterápicos. Por outro lado, observa-se redução no tratamento quimioterápico nos últimos 2 meses de vida, com um intervalo maior entre a última infusão e a morte, sem que se determine prejuízo na sobrevida, contrariamente à crença de que tratamentos mais agressivos prolongam a vida.

 

Bibliografia

1.      Greer JA, Pirl WF, Jackson VA, Muzikansky A, Lennes IT, Heist RS et al. Effect of early palliative care on chemotherapy use and end-of-life care in patients with metastatic non-small-cell lung cancer. J Clin Oncol; 2011, DOI 10.1200/JCO.2011.35.7996. [link para o resumo] (Fator de Impacto: 18,970).

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