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Segurança do ondansetron durante a gestação

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/08/2013

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Especialidades: Obstetrícia / Medicina de Família / Segurança do Paciente

 

Resumo

Este estudo buscou estudar a segurança do uso do ondansetron para o feto, uma vez que se trata de uma medicação frequentemente usada para tratamento de náuseas e vômitos durante a gestação.

 

Contexto clínico

Ondansetron (um antagonista do receptor 5-hidroxitriptano tipo 3) é uma medicação frequentemente usada para tratamento de náuseas e vômitos durante a gestação, porém sua segurança para o feto é pouco estudada.

 

O estudo

Este é um estudo de coorte retrospectivo que incluiu 608.385 gestações na Dinamarca, incluindo mulheres que usaram ondansetron e outras que não usaram, em uma proporção de 1 usuária para 4 não usuárias. A mediana de idade gestacional para a primeira dose foi de 10 semanas, e a mediana de número de doses por gestação foi de 30 doses. Os desfechos avaliados foram aborto espontâneo, natimortos, defeito de nascimento, parto pré-termo, nascimento com baixo peso ou pequeno para idade gestacional. As estimativas foram ajustadas por tempo de hospitalização por náuseas e vômitos durante a gestação e o uso de outros antieméticos.

Receber ondansetron não se associou de forma significativa com aumento de aborto espontâneo entre a 7ª e 12ª semana, quando a ocorrência foi de 1,1% das mulheres expostas contra 3,7% nas não expostas (hazard ratio 0,49; IC95% 0,27-0,91), nem entre a 13ª e 22ª semana, quando a ocorrência foi de 1% das mulheres expostas contra 2,1% nas não expostas (hazard ratio 0,60; IC95% 0,29-1,21).

Ondansetron também não aumentou o risco de natimortos (ocorrência em 0,3% das mulheres expostas e em 0,4% das não expostas; hazard ratio 0,42; IC95% 0,10-1,73), de defeitos ao nascimento (2,9% em ambos os grupos; OR 1,12; IC95% 0,69-1,82), de parto pré-termo (6,2% e 5,2% respectivamente em cada grupo; OR 0,90; IC95% 0,66-1,25), parto de criança com baixo peso (4,1% e 3,7% respectivamente em cada grupo; OR 0,76; IC95% 0,51-1,13), ou parto de criança pequena para idade gestacional (10,4% e 9,2% respectivamente em cada grupo; OR 1,13; IC95% 0,89-1,44).

 

Aplicações para a prática clínica

A grande importância deste estudo é fornecer um respaldo de evidência muito mais forte sobre a segurança do uso do ondansetron durante a gestação para controle de náuseas e vômitos, afinal já é uma medicação normalmente usada quando outras falham. Interessante notar que estudos prévios demonstram que a existência de náuseas e vômitos durante a gestação diminui o risco de aborto espontâneo. Neste estudo, tanto mulheres expostas a anti-histamínicos (que muitas vezes são as medicações de primeira escolha dos obstetras) quanto ao ondansetron tiveram redução do risco de aborto espontâneo, mostrando que são os sintomas, e não seu tratamento, que diminuem o risco de aborto espontâneo. Uma vez que é uma medicação segura para o feto, pode ser proposto seu uso com mais segurança tanto para o médico quanto para a gestante.

 

Bibliografia

1.    Pasternak B, Svanström H, Hviid A. Ondansetron in pregnancy and risk of adverse fetal outcomes. N Engl J Med 2013 Feb 28; 368:814. (link para o artigo)

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