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Impacto da saturação de oxigênio em bebês prematuros

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 19/11/2013

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Especialidades: Pediatria / Pneumologia

 

Resumo

Este estudo mostra qual o impacto de diferentes faixas de saturação de oxigênio (SatO2) na morbimortalidade de bebês prematuros.

 

Contexto clínico

Um dos pontos mais importantes no manejo de bebês prematuros é manter uma oxigenação adequada. Entretanto, a melhor faixa de saturação de oxigênio para se ter como meta ainda não é completamente bem estabelecida. Estudos observacionais sugerem que utilizar níveis mais altos de saturação de O2 pode aumentar as taxas de retinopatia da prematuridade. Outras questões ainda precisam de respostas por meio de ensaios clínicos como o aqui apresentado.

 

O estudo

Este estudo apresenta os resultados combinados de três estudos randomizados e controlados realizados no Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. Os recém-nascidos prematuros com menos de 28 semanas foram randomizados a ter como meta de saturação de oxigênio (SatO2) 85 a 89% ou 91 a 95%. Os desfechos avaliados foram mortalidade, retinopatia da prematuridade e enterocolite necrotizante.

Um total de 2.448 prematuros foram randomizados nos 2 grupos do estudo. Os pacientes no grupo de menor SatO2 tiveram maiores taxas de mortalidade (23,1% vs. 15,9%; Risco Relativo: 1,45; IC95%: 1,15 – 1,84; P=0,002). Nesta situação, o número necessário para tratar (NNT) é de 14 prematuros recebendo maior oxigenação para prevenir 1 morte. Os prematuros no grupo de menor SatO2 apresentaram menores taxas de retinopatia da prematuridade (10,6% vs. 13,5%; Risco Relativo: 0,79; IC95%: 0,63 – 1,00; P=0,045) e maiores taxas de enterocolite necrotizante que precisou de cirurgia ou causou morte (10,4% vs. 8%; Risco Relativo: 1,31; IC95%: 1,02 – 1,68; P=0,04).

Este estudo foi interrompido precocemente devido a uma análise interina de segurança que mostrou que a mortalidade em 36 semanas das crianças tratadas com menores taxas de oxigenação era maior.

 

Aplicações para a prática clínica

A grande conclusão deste grande estudo randomizado multicêntrico é que manter a SatO2 em menores níveis (abaixo de 90%) em prematuros com menos de 28 semanas está associado a maior risco de morte. O resultado de um grande ensaio clínico como este leva a uma condução clínica mais balizada.

Obviamente, nos níveis menores de SatO2 ocorreram menores taxas de retinopatia da prematuridade. Vale salientar que esta condição pode oferecer riscos à criança, mas pode ser tratada e dificilmente leva à cegueira, embora possa deixar outras sequelas. Quanto à enterocolite necrotizante, faz sentido que, com oxigenações menores, ocorra mais isquemia intestinal, tornando esta complicação mais frequente com SatO2 mais baixa como alvo.

Sendo assim, o conjunto dos dados deste importante estudo leva a crer que a melhor conduta é objetivar um alvo de saturação de oxigênio em prematuros com menos de 28 semanas nunca menor que 90%.

 

Bibliografia

1.        The BOOST II United Kingdom, Australia, and New Zealand Collaborative Groups. Oxygen Saturation and Outcomes in Preterm Infants. N Engl J Med 2013; 368:2094-2104. (link para o artigo)

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