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Etomidato e Sepse – Provável Fim da Polêmica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 09/04/2015

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Contexto Clínico

         O etomidato é um agente anestésico muito utilizado na indução para realização de intubação orotraqueal. Entretanto, tem a propriedade, pelo menos do ponto de vista laboratorial, de suprimir a formação de cortisol. Este fato tem causado muito debate quanto ao seu uso em paciente sépticos, mesmo que apenas uma dose, pois isso poderia impactar em piora do choque e oferecer risco de maior mortalidade. Entretanto, dados de diversos estudos mantiveram a questão em aberto, dada a controvérsia dos resultados.  Apresentamos a seguir uma revisão sistemática da literatura que investigou se uma dose única de etomidato para intubação em sequência rápida aumenta a mortalidade em pacientes com sepse.

 

O Estudo

         Foram procurados ensaios clínicos randomizados (ECR) e estudos observacionais sobre o efeito de dose única de etomidato sobre a mortalidade em adultos com sepse. O desfecho primário foi mortalidade por qualquer causa.

         Dezoito estudos (dois ECR e dezesseis estudos observacionais), envolvendo 5.552 pacientes, foram incluídos. A análise mostrou que dose única de etomidato não está associada com aumento da mortalidade em pacientes com sepse, tanto em ensaios clínicos randomizados (RR: 1,20; IC95%: 0,84-1,72; P = 0,31) como em estudos observacionais (RR: 1,05; IC95%: 0,97-1,13; P = 0,23). Quando os Riscos Relativos apenas ajustados foram agrupados em cinco estudos observacionais, o RR de mortalidade foi de 1,05 (IC95%: 0,79-1,39, P = 0,748). Estes resultados também foram consistentes em todas as análises de subgrupo de estudos observacionais. Como resultados secundário observado, o etomidato em dose única aumentou o risco de insuficiência adrenal em pacientes com sepse (oito estudos; RR: 1,42; IC95%: 1,22-1,64; P <0,00001).

 

Aplicações Práticas

         Essa revisão sistemática traz uma resposta que ainda era dúvida na literatura a respeito do etomidato. As evidências atuais indicam que etomidato em dose única (como usado nas intubações orotraqueais) não aumenta a mortalidade em pacientes com sepse. No entanto, esta conclusão se baseia em grande parte em dados de estudos observacionais, potencialmente sujeitos ao viés de seleção, e, portanto, ensaios clínicos randomizados de alta qualidade e com poder adequado são necessários. Ainda assim, com base nesse estudo é possível afirmar que o etomidato é droga segura para uso na intubação de casos com sepse grave ou choque séptico, provavelmente não sendo pior ou melhor que a quetamina, que também é uma droga adequada para se usar nesses casos.

 

Bibliografia

Gu WJ.Single-dose etomidate does not increase mortality in patients with sepsis: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials and observational studies. Chest 2014 Sep 25; [e-pub ahead of print] (link para o artigo).

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