Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 11/01/2016
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O tabagismo materno é a mais evitável causa de morbimortalidade para mães e bebês. Porém a estimativa é que 10% das gestantes sejam tabagistas. Parar de fumar durante a gestação é uma atitude associada a melhores desfechos, e é fundamental descobrir como melhorar a cessação do tabagismo na gravidez.
Esse foi um estudo randomizado, controlado e multicêntrico realizado para determinar a eficácia de uma intervenção da atividade física para a cessação do tabagismo durante a gravidez. Ele foi feito em 13 hospitais da Inglaterra e incluiu 789 grávidas fumantes, com idades entre 16-50 anos e em uma gestação de 10-24 semanas, que fumavam pelo menos um cigarro por dia e foram preparadas para parar de fumar. Uma semana após a matrícula foram randomizados (1:1); sendo que 785 foram incluídas na análise de intenção de tratar, com 392 alocadas ao grupo de atividade física.
Intervenções começaram uma semana antes da data-alvo programada. As participantes foram distribuídas aleatoriamente para realizar seis sessões semanais de apoio comportamental para cessação do tabagismo (controle) ou somado a esse apoio, mais 14 sessões que combinaram exercício supervisionado em esteira e consultas sobre atividade física.
O desfecho primário avaliado foi a abstinência de fumar contínua a partir da data “meta” para parar até o final da gravidez, validado por monóxido de carbono no ar exalado ou níveis de cotinina salivar. Para avaliar a adesão, os níveis de atividade física de intensidade moderada a vigorosa foram autorreferidas e em 11,5% (n = 90) das participantes (subamostra aleatória), a atividade física foi medida objetivamente com um acelerômetro.
Nenhuma diferença significativa foi encontrada nas taxas de abstinência do fumo no final da gravidez entre os grupos de atividades físicas e de controle (8% contra 6%; odds ratio 1,21, IC95% 0,70-2,10). De acordo com os dados do acelerômetro, não houve diferença significativa nos níveis de atividade física entre os grupos. Os participantes assistiram a uma média de quatro sessões de tratamento no grupo de intervenção e três no grupo controle. Eventos adversos e os resultados do parto foram semelhantes entre os dois grupos, exceto para número significativamente maior de cesarianas no grupo controle do que no grupo de atividade física (29% v 21%, P = 0,023).
Infelizmente como pudemos verificar por esse estudo randomizado, adicionar uma intervenção de atividade física para a cessação do tabagismo no apoio comportamental para as mulheres grávidas não aumentou as taxas de abandono no final da gravidez. Durante a gravidez, a atividade física não é recomendada para a cessação do tabagismo, mas permanece indicada para benefícios de saúde geral. Como foi verificado nesse estudo, o grupo com a intervenção de atividade física teve uma taxa menor de cesárias do que no grupo controle, um possível benefício indireto do programa.
Ussher M et al. Physical activity for smoking cessation in pregnancy: randomised controlled trial. BMJ 2015;350:h2145.
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