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Controle usual de pressão arterial e relação com doença arterial periférica e risco vascular

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 16/03/2016

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Contexto Clínico

Estima-se que 202 milhões de pessoas no mundo tenham doença arterial periférica, uma doença que aumenta de prevalência conforme a idade de 1% da população em idade 40-49 anos para 22,4% na idade de 80 anos ou mais. A doença arterial periférica é associada com o dobro do risco de mortalidade por qualquer causa e três vezes o risco de morte por causas vasculares ao longo de um seguimento médio de dez anos.

A hipertensão arterial é um fator de risco conhecido para a doença arterial periférica, e é também um fator de risco para a doença vascular, doença cardíaca coronária e particularmente acidente vascular cerebral,mas dados de associação entre  pressão arterial habitual e essas doenças não são muito conhecidos.

 

O Estudo

Neste estudo, o objetivo foi determinar as associações específicas de subgrupos entre pressão arterial habitual e risco de doença arterial periférica, e examinar a relação entre doença arterial periférica e uma série de outros tipos de doença vascular em uma grande coorte contemporânea.

Foi um estudo de coorte feito no Reino Unido, com 4.222.459 pessoas com idades entre 30-90 anos seguidos quanto à pressão arterial. O resultado avaliado foi o tempo para diagnóstico de doença arterial periférica nova e o tempo para o primeiro diagnóstico de 12 eventos vasculares diferentes.

Um valor de pressão arterial 20 mm Hg superior à pressão arterial sistólica habitual foi associado com um risco 63% mais elevado de doença arterial periférica (taxa de risco de 1,63). A força da associação diminuiu com o aumento do índice de massa corporal e idade (P <0,001 para a interação), mas não foi modificado pelo sexo ou hábitos tabágicos. A doença arterial periférica foi associada a um risco aumentado de 11 eventos vasculares diferentes, incluindo doença cardíaca isquêmica (taxa de risco 1,68), insuficiência cardíaca (taxa de risco 1,63), aneurisma da aorta (taxa de risco 2,10) e doença renal crônica (taxa de risco 1,31), mas não com acidente vascular cerebral hemorrágico. O evento vascular inicial mais comum entre pessoas com doença arterial periférica foi doença renal crônica (24,4% dos acontecimentos iniciais), seguido pela doença isquêmica do coração (18,5% dos acontecimentos iniciais), insuficiência cardíaca (14,7%) e fibrilação atrial (13,2%). As estimativas globais dessa coorte foram consistentes com aqueles derivados de estudos tradicionais quando se reuniram os resultados de duas meta-análises.

 

Aplicações Práticas

A conclusão desse estudo observacional é que um aumento da pressão arterial é um forte fator de risco para doença arterial periférica em uma variedade de subgrupos de pacientes. Além disso, os médicos devem estar cientes de que aqueles com doença arterial periférica estabelecida têm um risco aumentado de uma série de outros eventos vasculares, incluindo  doença renal crônica, doença cardíaca isquêmica, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e AVC.

 

 Referências

Emdin CA et al. Usual blood pressure, peripheral arterial disease, and vascular risk: cohort study of 4.2 million adults. BMJ 2015;351:h4865.

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