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Tratamento agressivo para meningite tuberculosa

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 25/04/2016

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Contexto Clínico

Meningites são normalmente doenças graves, associadas a sequelas e morte. Em especial, a meningite tuberculosa é muitas vezes letal.  Os casos exigem tratamento antituberculose precoce associado a corticoides para melhorar a sobrevivência. Ainda assim, quase um terço dos pacientes com a doença  morrem. Uma dúvida é se intensificar o tratamento antituberculose aumentaria a morte intracerebral de Mycobacterium tuberculosis, diminuindo a mortalidade dos pacientes.

 

O Estudo

Este foi um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo para pacientes adultos infectados com HIV e adultos não infectados pelo HIV, todos com diagnóstico clínico de meningite tuberculosa que foram admitidos em dois hospitais vietnamitas. Foram comparados um tratamento padrão antituberculose por nove meses (que incluía 10 mg de rifampicina por quilograma de peso corporal por dia), com um tratamento intensificado que incluía rifampicina em dose mais elevada (15 mg por quilograma por dia) e levofloxacina (20 mg por quilograma por dia) durante as primeiras oito semanas de tratamento. O desfecho primário foi morte em nove meses após a randomização.

Um total de 817 pacientes (349 dos quais eram HIV infectados) foi  incluído; 409 foram aleatoriamente designados para receber o regime padrão, e 408 foram designados para receber tratamento intensificado. Durante os nove meses de follow-up, 113 pacientes no grupo de tratamento intensificado e 114 pacientes no grupo do tratamento padrão morreram (hazard ratio 0,94; IC95% 0,73-1,22; P = 0,66). Não houve evidência de um efeito significativo do tratamento intensificado na população em geral ou em qualquer um dos subgrupos, com a possível exceção dos pacientes infectados com M. Tuberculose resistente à isoniazida. Também não houve diferenças significativas nos desfechos secundários entre os grupos de tratamento. O número total de eventos adversos que conduziram à interrupção do tratamento não diferiram significativamente entre os grupos de tratamento (64 eventos no grupo do tratamento padrão e 95 eventos no grupo de tratamento intensificado, p = 0,08).

 

Aplicações Práticas

Infelizmente, apesar de ser uma boa ideia, o uso de um tratamento intensificado para meningite tuberculosa não foi benéfico no período analisado. O estudo é bastante interessante e montado com duas populações (portadores de HIV e não portadores), mas mesmo assim, não foram observadas diferenças nos subgrupos. Por hora, mantemos a conduta atualmente descrita para esses casos.

 

Referências

HeemskerK AD et al. Intensified Antituberculosis Therapy in Adults with Tuberculous Meningitis. N Engl J Med 2016; 374:124-134.

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