Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 23/06/2017
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Contexto Clínico
Um dos itens mais importantes de qualidade de assistência, muitas vezes negligenciado, é o controle da dor crônica. As dores de caráter neuropático entram no grupo de dores crônicas que, com frequência, oferecem um desafio ao médico. Particularmente, a dor ciática pode ser incapacitante, e evidências sobre tratamentos médicos são limitadas. Uma possibilidade no seu controle é o uso da pregabalina ? um medicamento eficaz no tratamento de alguns tipos de dor neuropática.
O Estudo
Este é um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado com placebo, para avaliar o uso de pregabalina em pacientes com dor ciática. Os indivíduos foram designados, de forma aleatória, para receberem pregabalina, 150mg/dia, ajustada para a dose máxima de 600mg/dia ou um placebo correspondente por até 8 semanas.
O desfecho primário avaliado foi a pontuação da intensidade da dor da perna em uma escala de 10 pontos (com 0 indicando nenhuma dor e 10, a pior dor possível) na semana 8; a pontuação da intensidade da dor da perna também foi avaliada na semana 52, um ponto de tempo secundário para o desfecho primário. Os resultados secundários incluíram a extensão da incapacidade, a intensidade da dor nas costas e as medidas de qualidade de vida em momentos pré-especificados ao longo de 1 ano.
Um total de 209 pacientes foi submetido à randomização, dos quais 108 receberam pregabalina e 101, placebo; após a randomização, 2 pacientes no grupo de pregabalina foram considerados não elegíveis e excluídos das análises. Na semana 8, o escore médio não ajustado da intensidade da dor da perna foi de 3,7 no grupo de pregabalina e 3,1 no grupo de placebo (diferença de média ajustada, 0,5; IC 95%, -0,2 a 1,2; P = 0,19).
Na semana 52, o escore de intensidade da dor na perna não ajustada foi 3,4 no grupo de pregabalina e 3,0 no grupo de placebo (diferença de média ajustada, 0,3; IC 95%, -0,5 a 1,0; P = 0,46). Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos relativamente a qualquer desfecho secundário na semana 8 ou na 52. Um total de 227 eventos adversos foi notificado no grupo de pregabalina e um total de 124, no grupo de placebo.
Aplicação Prática
A conclusão deste estudo é que, infelizmente, não há vantagem no uso da pregabalina para o controle da dor ciática. O tratamento com o medicamento não reduziu de forma significativa a intensidade da dor na perna associada à ciática e não melhorou tanto outros resultados, em comparação com placebo, ao longo de 8 semanas. A incidência de eventos adversos foi bem maior no grupo de pregabalina do que no grupo de placebo. Portanto, não é indicado o uso da pregabalina em pacientes que sofrem dessa condição.
Bibliografia
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