Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 09/10/2017
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Contexto Clínico
Em 2013, na Cidade de Nova Iorque, começou a ser exigido que os hospitais seguissem protocolos para identificação precoce e tratamento da sepse. No entanto, há controvérsia se um tratamento mais rápido da sepse melhora os resultados nos pacientes, justificando a manutenção de indicadores e metas nesse sentido.
O Estudo
Foi realizado um estudo que avaliou dados de pacientes com sepse e choque séptico, os quais foram relatados ao Departamento de Saúde do Estado de Nova Iorque de 1º.04.2014 até 30.06.2016. Os pacientes tiveram um protocolo de sepse iniciado dentro de 6 horas após a chegada ao serviço de emergência e tiveram todos os itens de um pacote de cuidados (bundle) de 3 horas para pacientes com sepse (por exemplo, hemoculturas, agentes antibióticos de amplo espectro e medição de lactato) sendo concluídos dentro de 12 horas.
Foram avaliadas as associações entre o tempo até a conclusão do pacote de 3 horas e a mortalidade ajustada pelo risco. Também foram examinados os tempos de administração de antibióticos e a conclusão de um bólus inicial de líquido intravenoso. Entre 49.331 pacientes em 149 hospitais, 82,5% tiveram o bundle de 3h completado nesse tempo. A mediana de tempo para completar o bundle de 3h foi 1,3h (P25?P75: 0,65 a 2,35h); a mediana de tempo para administração de antibióticos foi de 0,95h (P25?P75: de 0,35 a 1,95h); a de tempo para completar o bólus de líquidos intravenosos foi de 2,56h (P25?P75: 1,33 a 4,20h).
Entre os pacientes que tiveram todo o bundle de 3h realizado em até 12h, um maior tempo para completar o bundle foi associado a um maior risco ajustado de mortalidade hospitalar (OR, 1,04/h; IC 95%, 1,02 a 1,05; P<0,001), assim como um maior tempo para administrar antibióticos (OR, 1,04/h; IC 95%, 1,03 a 1,06; P<0,001), mas não um maior tempo para completar o bólus de líquidos intravenosos (OR, 1,01/h; IC 95%, 0,99 a 1,02; P = 0,21).
Aplicação Prática
Este estudo demonstrou que concluir mais rapidamente o bundle de 3h para tratamento da sepse impacta em mortalidade hospitalar. De acordo com os dados, efetuar a administração precoce de antibióticos é mais importante do que completar o bólus de líquidos intravenosos para esse impacto em mortalidade e, portanto, precisa ser a grande meta para qualquer departamento de emergência para pacientes com sepse e choque séptico.
Bibliografia
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