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Hidroxicloroquina Para COVID-19 em Modelo Animal com Primatas

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 20/11/2020

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Contexto Clínico

 

A Covid-19 tornou-se rapidamente umapandemia para a qual ainda não está disponível nenhum medicamento antiviral ouvacina. Vários estudos clínicos estão em andamento para avaliar a eficácia demedicamentos que demonstraram eficácia antiviral in vitro. Entre essescandidatos, a hidroxicloroquina (HXQ) foi dada a milhares de indivíduos em todoo mundo, mas ainda faltam evidências definitivas da eficácia do HCQ notratamento da Covid-19.

 

O Estudo

 

Este é umestudo que avaliou a atividade antiviral da HXQ in vitro e em macacosinfectados com SARS-CoV-2. A HXQ mostrou atividade antiviral apenas em célulasrenais de macaco verde africano (VeroE6), mas não em um modelo de epitélio dasvias aéreas humanas reconstituído. Em macacos, foram testadas diferentesestratégias de tratamento em comparação com o placebo, antes e após o pico dacarga viral, isoladamente ou em combinação com a azitromicina (AZ). Nem a HXQnem a HXQ AZ mostraram efeito significativo nos níveis de carga viral emnenhum dos compartimentos testados. Quando o medicamento foi usado comoprofilaxia pré-exposição (PrEP), a HXQ não conferiu proteção contra a aquisiçãoda infecção. Esses resultados não apoiam o uso de HXQ, isoladamente ou emcombinação com AZ, como tratamento antiviral para Covid-19 em humanos.

 

Aplicação Prática

 

De acordo comeste estudo, a hidroxicloroquina não tem eficácia demonstrável em sistemacomplexo, ou seja, em um animal vivo. De fato, os estudos inicialmentepublicados que sugeriam atividade contra o SARS-CoV-2 in vitro foramfeitos em células renais de macacos (modelo ?Vero Cells?) e a Nature publicououtro estudo com modelo de células pulmonares mostrando que, para esse tipo decélulas, a hidroxicloroquina não é eficaz para impedir o vírus de entrar nacélula, como havia sido demonstrado em células renais. Isso ocorre porque aenzima que viabiliza a entrada do vírus em cada tipo de célula é diferente. Sópor esse motivo, já não era plausível testar a medicação em ensaios clínicos. Entretanto,com o modelo animal de primatas muito bem estruturado, ainda que tenha sidopublicado após estudos randomizados com a hidroxicloroquina, há ainda maisinformações que comprovam que a probabilidade de eficácia da hidroxicloroquinatende à nulidade e que não se deve perder tempo com novos testes com essamedicação para a Covid-19 (muito menos usando-a para tratar pacientes).

 

Bibliografia

 

1.            Maisonnasse,P., Guedj, J., Contreras, V. et al. Hydroxychloroquine use against SARS-CoV-2infection in non-human primates. Nature (2020).https:/doi.org/10.1038/s41586-020-2558-4

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