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Comida Ultra-processada e Doença Inflamatória Intestinal

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 21/09/2021

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Contexto Clínico

 

Há duas doenças que compreendem oespectro da doença inflamatória intestinal (DII): a doença de Crohn e a retocoliteulcerativa. Acredita-se que a fisiopatologia da DII esteja relacionada àativação do sistema imune da mucosa intestinal em resposta à disbiose do tratogastrintestinal em pessoas geneticamente suscetíveis. Como a dieta altera omicrobioma e modifica a resposta imune intestinal, pode desempenhar um papel napatogênese da DII. Uma dieta de padrão mais ocidental, que inclui maior ingestãode açúcares refinados e gorduras alimentares, como ácidos graxos poli-insaturados,e menor ingestão de fibras pode estar associada ao desenvolvimento de DII.

 

O Estudo

 

Apresentamos umestudo de coorte prospectivo cujo objetivo foi avaliar a relação entre aingestão de alimentos ultraprocessados ??e o risco de DII. O estudo ocorreu em 21países de baixa, média e alta renda em sete regiões geográficas (Europa eAmérica do Norte, América do Sul, África, Oriente Médio, Sul da Ásia, SudesteAsiático e China). Os participantes foram 116.087 adultos com idade entre 35 e 70anos com pelo menos um ciclo de acompanhamento e dados do Questionário de FrequênciaAlimentar (QFA) completos (QFAs validados e específicos para cada país foramusados ??para documentar a ingestão alimentar de base). Os participantes foramacompanhados prospectivamente pelo menos a cada três anos. O principalresultado avaliado foi o desenvolvimento de DII, incluindo doença de Crohn ou retocoliteulcerativa.

Os participantes foram inscritos noestudo entre 2003 e 2016. Durante o acompanhamento médio de 9,7 anos (intervalointerquartil 8,9-11,2 anos), 467 participantes desenvolveram DII incidente (90com doença de Crohn e 377 com retocolite ulcerativa). Após o ajuste parapotenciais fatores de confusão, maior ingestão de alimentos ultraprocessados??foi associada a maior risco de DII incidente (razão de risco 1,82, IC 95%1,22 a 2,72 para = 5 porções/dia e razão de risco 1,67, IC 95% 1,18 a 2,37 para1- 4 porções/dia em comparação com < 1 porção/dia, P = 0,006 paratendência). Diferentes subgrupos de alimentos ultraprocessados, incluindorefrigerantes, alimentos açucarados refinados, salgadinhos e carnesprocessadas, foram associados a taxas de risco mais altas para DII. Osresultados foram consistentes para doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Aingestão de carnes brancas, carnes vermelhas, laticínios, amido e frutas,vegetais e leguminosas não foi associada à incidência de DII.

 

Aplicação Prática

 

Este estudo de caráter observacionalfornece importante hipótese a ser testada em ensaio clínico randomizado futuro:maior ingestão de alimentos ultraprocessados foi associada a maior risco deDII. Como carne branca, carne vermelha não processada, laticínios, amido efrutas, vegetais e legumes não foram associados ao desenvolvimento de DII, esteestudo sugere que pode não ser o alimento em si que confere esse risco, e sim aforma como os alimentos são processados ou ultraprocessados. Pode ser que aindasejam necessários estudos mais detalhados para identificar fatorescontributivos mais específicos entre os alimentos processados que possam serresponsáveis pelas associações observadas em nosso estudo, mas a hipótese éconsistente e merece ser abordada.

 

Bibliografia

 

1.            Narula N, Wong E C L, Dehghan M, Mente A, RangarajanS, Lanas F et al. Association ofultra-processed food intake with risk of inflammatory bowel disease:prospective cohort study BMJ 2021; 374 :n1554

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