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Filaríase por Wuchereria bancrofti

Última revisão: 30/01/2011

Comentários de assinantes: 1

Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Filaríase por Wuchereria bancrofti

 

CID 10: B74.0

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

A Filariose causada pela Wuchereria bancrofti se manifesta clinicamente no homem sob várias formas. Existem indivíduos com esta parasitose que nunca desenvolvem sintomas, havendo ou não detecção de microfilárias no sangue periférico; outros podem apresentar febre recorrente aguda, astenia, mialgias, fotofobia, quadros urticariformes, pericardite, cefaleia, linfadenite e linfangite retrógrada, com ou sem microfilaremia. Os casos crônicos mais graves são de indivíduos que apresentam hidrocele, quilúria e elefantíase de membros, mamas e órgãos genitais. Nesses casos, em geral, a densidade de microfilária no sangue é muito pequena ou mesmo não detectável. Descrevem-se, ainda, casos de eosinofilia pulmonar tropical, síndrome que se manifesta por crises paroxísticas de asma, com pneumonia intersticial crônica e ligeira febre recorrente, cujo leucograma registra importante eosinofilia. Nesses casos, o exame dos tecidos mostra microfilárias em processo de degeneração, não encontradas no sangue periférico (filaríase oculta).

 

Sinonímia

Filariose, filaríase de Bancrofti, elefantíase.

 

Agente Etiológico

Wuchereria bancrofti, nematódeo que vive nos vasos linfáticos dos indivíduos infectados.

 

Reservatório

O homem.

 

Modo de Transmissão

Pela picada dos mosquitos transmissores com larvas infectantes (L3). No Brasil, o Culex quinquefasciatus é o principal transmissor. Em geral, as microfilárias tem periodicidade para circular no sangue periférico, sendo mais detectadas à noite, entre as 23h e 1h.

 

Período de Incubação

Manifestações alérgicas podem aparecer 1 mês após a infecção. As microfilárias, em geral, aparecem no sangue periférico de 6 a 12 meses após a infecção com as larvas infectantes da W. bancrofti.

 

Período de Transmissibilidade

Não se transmite de pessoa a pessoa. O ciclo ocorre quando um inseto transmissor pica um homem infectado com microfilaremia e a transmite a outro individuo, após maturação das microfilárias no vetor, que ocorre entre 12 a 14 dias do repasto sanguíneo. A microfilaremia pode persistir, aproximadamente, por 5 a 10 anos.

 

Complicações

Hidrocele, linfoscroto, elefantíase e hematoquilúria.

 

Diagnóstico

Clínico-epidemiológico, quando há manifestações sugestivas e o indivíduo é oriundo de área endêmica.

 

Diagnóstico Específico

O teste de rotina é feito pela pesquisa da microfilária no sangue periférico, pelo método da gota espessa (periodicidade noturna, das 23h a 1h). Pode-se, ainda, pesquisar microfilária no líquido ascítico, pleural, sinovial, cefalorraquidiano, urina, expectoração e gânglios, sendo, entretanto, restrito a casos específicos. Pela presença do verme adulto no sistema linfático, genitália ou em outras lesões (essa forma de diagnóstico não é realizada como rotina).

 

Sorologias

Podem ser realizados os testes de Elisa ou testes imunocromatográficos para pesquisa de antígenos circulantes.

 

Diagnóstico por Imagem

Nos homens, é indicada a ultrassonografia da bolsa escrotal; em mulheres, a ultrassonografia da mama ou região inguinal e axilar deve ser avaliada.

 

Diagnóstico Diferencial

Outras causas de elefantíase, como as malformações congênitas, episódios repetidos de erisipela, destruição ou remoção de linfáticos, micoses, donovanose, hanseníase, tuberculose, entre outras.

 

Tratamento

A droga de escolha é a Dietilcarbamazina (DEC), com vários esquemas preconizados: 6 mg/kg/dia, VO, com periodicidade semestral ou anual; 6 mg/kg/dia, VO, por 12 dias; 6 mg/kg/dia, VO, por 2 a 4 semanas.

Outra droga, também, utilizada é a Ivermectina (IVM), na dose de 200 µg /kg, 1 vez por ano, VO. Além disso, tem-se utilizado a associação da IVM + DEC nas doses: IVM, 200 µg /kg + DEC, 6 mg/kg, VO, 1 vez por ano, ou IVM, 200 µg/kg + DEC 6 mg/kg. Doses únicas de IVM são aparentemente iguais em eficácia, segurança e tolerância, quando comparadas com doses únicas de DEC. O regime em combinação aparenta ser melhor do que a utilização de ambas as drogas isoladamente, para obtenção, a longo prazo, da redução, da densidade e da prevalência da microfilaremia. O período exato desses vários tratamentos não tem sido estabelecido, porem estima-se que se deve administrar dose única por 5 a 10 anos. A DEC não pode ser administrada em áreas onde coexiste oncocercose ou loiase. Felizmente, não há coexistência geográfica dessas filarioses no Brasil. Para facilitar a relação peso/dose IVM, observar: Ivermectina, dose única, VO, obedecendo à escala de peso corporal (15 a 24 kg: 1/2 comprimido; 25 a 35 kg: 1 comprimido; 36 a 50 kg: 1 1/2 comprimido; 51 a 65 kg: 2 comprimidos; 65 a 79 kg: 2 1/2 comprimidos; = 80 kg: 200 µg/kg).

 

Características Epidemiológicas

Continua sendo de grande importância na África. Foi uma doença prevalente no Brasil, mas, hoje, encontra-se restrita a alguns focos persistentes no Para, Pernambuco e Alagoas.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Interromper a transmissão da parasitose nos focos que persistem no Brasil, evitando o surgimento de casos novos, e controlar os doentes portadores de morbidade filarial.

 

Notificação

Doença de notificação nos estados que permanecem com foco. Em situações de detecção de novos focos, deve-se notificar como agravo inusitado, de acordo com a normatização do Ministério da Saúde.

 

Definição de Caso

Área Endêmica

     Caso suspeito: toda pessoa, residente ou procedente dos municípios onde persistem focos, que apresente um ou mais dos seguintes sintomas:

-      Hidrocele (aumento de volume escrotal); e/ou

-      Linfedema (edema mole ou duro, unilateral ou bilateral, nesse caso geralmente assimétrico, localizado nas extremidades dos membros e mamas; e/ou

-      Eosinofilia Pulmonar Tropical (tosse paroxística predominantemente noturna, dispneia recorrente e contagem de eosinófilos = 3.000 mm3); e/ou

-      Hipertrofia ganglionar[1] (hipertrofia ganglionar igual ou maior que 2 cm de diâmetro em região inguinal, axilar ou epitroclear, sem sinais flogísticos e ausência de infecções de pele na área de drenagem do referido gânglio); e/ou

-      Quilúria (eliminação intermitente de urina leitosa, comprovada através de proteinúria de 24 horas).

 

     Caso confirmado: todo individuo com ou sem manifestações clínicas, que apresente:

-      Exame parasitológico para pesquisa de microfilárias (gota espessa ou Knott ou filtração em membrana de policarbonato) positivo; e/ou

-      Pesquisa de antígenos filariais circulantes (Og4C3-ELISA, teste do cartão ICT) positivo; e/ou a possibilidade de neoplasia.

-      Verme adulto visualizado por meio de ultrassonografia e/ou exame histopatológico positivo para FL; e/ou

-      Pelo menos um episódio de linfangite retrograda e/ou adenolinfangite em membro ou escroto ou mama, com duração de 3 a 7 dias; e/ou

-      Linfedema e/ou hidrocele e/ou quilúria e/ou erisipela de repetição, se não foi possível estabelecer outro diagnóstico etiológico diferente de FL.

 

Área Não Endêmica

     Caso suspeito: toda pessoa que apresente sinais e sintomas compatíveis com FL: linfedema e/ou hidrocele e/ou quilúria e/ou erisipela de repetição, quando não foi possível estabelecer outro diagnóstico etiológico diferente de FL*.

     Caso confirmado

-      Toda pessoa com manifestações clínicas ou não em que se detectou, na corrente sanguínea por meio direto (GE, KT ou FM), a presença de microfilárias ou de forma indireta ACF; ou

-      Toda pessoa com manifestações clínicas ou não em que se detectaram, por meio da ultrassonografia, vermes adultos em vasos linfáticos; e/ou

-      Todo individuo classificado como suspeito, que tenha residido em área endêmica por período superior a 2 anos; e/ou

-      Todo individuo classificado como suspeito, que tenha entre seus contatos intra e/ou peridomiciliares casos confirmados laboratorialmente e resida em locais onde coexista o vetor.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Tratamento Coletivo

Para as populações humanas que residem nos focos, de acordo com os esquemas preconizados no item de

Tratamento.

 

Redução da Densidade Populacional do Vetor

Por meio de biocidas; bolinhas de isopor, método esse limitado a criadouros específicos urbanos (latrinas e fossas); mosquiteiros ou cortinas impregnadas com inseticidas para limitar o contato entre o vetor e o homem; borrifação intradomiciliar com inseticidas de efeito residual (dirigida contra as formas adultas do Culex).

 

Educação em Saúde

Informar as comunidades das áreas afetadas sobre a doença e as medidas que podem ser adotadas para sua redução/eliminação; identificar os criadouros potenciais no domicílio e peridomicílio, estimulando sua redução pela própria comunidade.

 

SOBRE OS DIREITOS AUTORAIS DO DOCUMENTO

Consta no documento:

“Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.”

O objetivo do site MedicinaNet e seus editores é divulgar este importante documento. Esta reprodução permanecerá aberta para não assinantes indefinidamente.

 



[1] Encaminhar, primeiramente, à Unidade de Saúde para afastar outras etiologias não filariais, especialmente a possibilidade de neoplasia.

Comentários

Por: paula em 27/02/2012 às 22:53:55

"amai!!! estuar sobre a filarios............."

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