Autor:
Rodrigo Antonio Brandão Neto
Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Última revisão: 31/05/2016
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Paciente do sexo masculino, de 55 anos de idade, apresenta dor importante em ambos os joelhos, mais pronunciada à esquerda, há 2 anos, piora progressiva e dificuldade de deambulação.
A Figura 1 mostra uma radiografia deste paciente.
Figura 1. Radiografia mostrando gonartrose (artrose de joelho) importante com redução assimétrica do espaço articular, mais evidente em região medial de joelho e presença de osteófitos.
A artrose ou osteoartrite é a mais comum das afecções reumáticas, podendo atingir até 1/5 da população e é uma das principais causas de incapacidade laboral após os 50 anos de idade. Representa clinicamente a via final comum das alterações bioquímicas, metabólicas e fisiológicas que ocorrem simultaneamente na cartilagem hialina e no osso subcondral, comprometendo a articulação como um todo.
São fatores de risco para seu aparecimento:
- idade: 1/3 das pessoas acima de 65 anos de idade desenvolvem artrose de joelhos;
- excesso de peso: aumenta em 4 a 5 vezes o risco de artrose de joelho;
- injúrias prévias: lesões prévias de meniscos ou ligamentos predispõem a aparecimento tardio;
- deformidades anatômicas;
- suscetibilidade genética.
A evolução da doença é lenta e progressiva, apresentando como principais manifestações:
- dor articular;
- rigidez;
- parestesias em membros superiores e/ou inferiores;
- limitação;
- deformidade.
A Tabela 1 mostra os critérios diagnósticos para osteoartrose de joelhos segundo o American College of Rheumatology:
Tabela 1. Critérios do American College of Rheumatology para osteoartrose de joelhos.
Clínico e laboratorial |
Clínico e radiográfico |
Clínico |
Dor no joelho e mais 5 dos 9 achados |
Dor no joelho e mais 1 dos 3 achados: |
Dor no joelho e mais 3 dos 6 achados |
Idade > 50 anos |
Idade > 50 anos |
Idade > 50 anos |
Rigidez < 30 min |
Rigidez < 30 min |
Rigidez < 30 min |
Crepitações |
Crepitações |
Crepitações |
Dor articular |
+ |
Dor articular |
Alargamento ósseo |
Osteófitos |
Alargamento ósseo |
Ausência de calor |
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Ausência de calor |
VHS < 40 mm/h |
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Fator reumatoide < 1:40 |
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Líquido sinovial de OA |
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92% sensibilidade 75% especificidade |
91% sensibilidade 86% especificidade |
95% sensibilidade 69% especificidade |
O tratamento inclui medidas fisioterápicas, uso de órteses, palmilhas específicas, entre outras medidas.
O tratamento farmacológico tem como principal objetivo o alívio da dor. Podem ser utilizados anti-inflamatórios, analgésicos sistêmicos, analgésicos tópicos, infiltrações, entre outras modalidades terapêuticas.
O paracetamol é a primeira escolha para analgesia. A dose efetiva é de aproximadamente 4 g/dia. Eventualmente podemos associar um opióide (tramadol ou codeína) para potencializar a analgesia.
São utilizados sobretudo quando há um quadro inflamatório mais exuberante e nas eventuais crises de agudização. Devem ser associados a inibidores da bomba de prótons, principalmente em indivíduos idosos e com maior risco de sangramento digestivo. Em casos com fatores de risco, tais como idade acima 65 anos, uso de glicocorticoides orais, história de sangramento gastrintestinal ou úlcera péptica e uso de anticoagulantes, podem ser utilizados os inibidores específicos da COX-2.
Em casos refratários com osteoartrose erosiva, pode ser considerado o uso de antimaláricos. As doses usuais são de 400 mg/dia para a hidroxicloroquina e 250 mg/dia para o difosfato de cloroquina.
A literatura documenta boa resposta analgésica, principalmente em pacientes com artrose de joelhos e de mãos. A dose usual de glicosamina é de 1.500 mg/dia, e a de condroitina, 1.200 mg/dia.
São utilizados AINH tópicos em forma de gel e capsaicina, um agente à base de pimenta que age pela inibição da substância P; seu efeito colateral (irritabilidade e ardência locais), limitam o seu uso.
As infiltrações intra-articulares com corticosteroides são muito úteis em casos com componente inflamatório associado ou com derrame articular.
O tratamento cirúrgico é uma opção em pacientes com prejuízo da vida diária e falha do tratamento conservador. A indicação é realizada pelo ortopedista e devem ser considerados fatores como idade do paciente, a colocação de prótese em joelho pode ter benefício substancial na qualidade de vida.
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