Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 13/10/2015
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Paciente masculino, 68 anos, hipertenso em uso irregular de suas medicações (que incluem clortalidona 25mg/dia e enalapril 20mg/dia). Sem queixas, vem em consulta de rotina para retomar o tratamento da hipertensão, o qual fez de forma irregular nos últimos cinco anos. Ao exame físico: BEG, Glasgow 15, MV+ s/ RA, BCRNF 2T sem sopros, FC 80pbm, PA: 170x80mmH, FR: 16cpm. Você realiza o fundo de olho do paciente como parte do exame físico. Isso está ilustrado na imagem 1.
Imagem 1 – Fundo de Olho do Paciente
Este paciente apresenta retinopatia hipertensiva. Os achados que temos nesta imagem são artérias estreitas e de calibre irregular, veias dilatadas, hemorragias intraretinianas e exsudatos duros (de lipídeos).
A fundoscopia, ou popularmente descrita como exame de fundo de olho, deve fazer parte do exame físico em todos os pacientes com hipertensão. Além de avaliar o olho do indivíduo, tem papel fundamental na avaliação do paciente com diagnóstico de hipertensão, uma vez que a retina é a única parte da vasculatura que pode ser visualizada de forma não invasiva.
As doenças oculares mais comuns diretamente relacionados à hipertensão levam a um aumento progressivo das alterações microvasculares da retina, que incluem diversas alterações englobadas no que é chamado de "retinopatia hipertensiva." Classicamente, as alterações são divididas em quatro graus e sua classificação morfológica tem sido amplamente utilizada. No entanto, uma divisão mais fisiopatológica tem sido proposta e parece ser mais lógica. Esta classificação de três graus inclui leve, moderada e grave, sendo os achados em cada grau os seguintes:
Retinopatia Leve - estreitamento arteriolar retiniano relacionado com vasoespasmo, espessamento da parede arteriolar, ou opacificação, e sobreposição arteriovenosa (cruzamento AV patológico);
Retinopatia Moderada – Hemorragias em “chama” ou, manchas algodonosas em forma de pontos, exsudatos duros, e microaneurismas;
Retinopatia Grave – edema parcial ou total do disco óptico. A presença de papiledema obriga rápida diminuição da pressão sanguínea.
Wong TY, Mitchell P. The eye in hypertension. Lancet 2007; 369:425.
Wong TY, Mitchell P. Hypertensive retinopathy. N Engl J Med 2004; 351:2310.
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