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Cisto Pancreático

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 07/04/2016

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Quadro Clínico

Mulher de 78 anos realizou um ultrassom abdominal após um pedido ambulatorial de seu geriatra. O exame trouxe um achado pouco comum: um cisto pancreático. Podemos ver essa alteração na imagem 1 (imagem cística dentro do parênquima pancreático ao centro da imagem. O pâncreas é a imagem hiperecogênica que encontra-se logo abaixo da imagem mais hipoecogênica, que trata-se do fígado).

 

Imagem 1- Ultrassom de abdômen

 

 

Discussão

Esta paciente tem um cisto pancreático. É necessário saber que mais de 50% dos cistos pancreáticos são neoplásicos, mesmo em casos que tiveram pancreatite. Como são muito variados, há uma classificação histológica aceita pela Organização Mundial da Saúde que classifica os cistos pancreáticos neoplásicos em quatro subtipos, cada um com um potencial de malignidade diferente.

 

Os tipos são:

38% dos casos: adenoma mucinoso papilar intraductal (tumor mucinoso papilar intraductal com moderada displasia, carcinoma mucinoso papilar intraductal não infiltrante e carcinoma mucinoso papilar intraductal infiltrante);

23% dos casos: tumores císticos mucinosos (cistoadenoma mucinoso, cistoadenoma mucinoso  com displasia moderada, cistoadenocarcinoma mucinoso não infiltrante e cistoadenocarcinoma mucinoso infiltrante);

16% dos casos: tumores císticos serosos (cistoadenoma seroso e cistoadenocarcinoma seroso);

3% dos casos: tumor sólido pseudopapilar.

 

Por sorte, o risco de malignidade em cistos pancreáticos incidentalmente detectados é baixo. A avaliação técnica da American Gastroenterological Association estima que o risco de malignidade de um cisto pancreático no momento do diagnóstico é no máximo de 0,01% (0,21% para os cistos > 2 cm).

Muitos pacientes com cistos pancreáticos são assintomáticos, e os cistos são descobertos incidentalmente em algum exame de imagem de abdômen solicitado por outros motivos.

Quando os sintomas estão presentes, eles são muitas vezes inespecíficos. Tumores císticos serosos podem causar sintomas devido ao alargamento cisto. Cistos maiores que 4 cm de tamanho são mais propensos a causar sintomas ou achados no exame físico, incluindo desconforto abdominal, massa palpável e obstrução do ducto biliar ou da saída gástrica. Já as neoplasias císticas mucinosas podem gerar dor abdominal, pancreatite recorrente, obstrução da saída gástrica, massa palpável ao exame físico, além de icterícia e perda de peso quando a lesão é maligna. A maior parte das neoplasias mucinosas papilares intraductais não gera sintomas. Em alguns casos há pancreatite aguda recorrente ou sintomas sugestivos de pancreatite crônica, que resultam da obstrução intermitente do ducto pancreático com tampões de muco. Manifestações, como dor nas costas, icterícia, perda de peso, anorexia, esteatorreia e diabetes são sugestivos de malignidade. As neoplasias sólidas pseudopapilares podem gerar dor abdominal, seguida de náuseas, vômitos e perda de peso. Outros sintomas que ocorrem menos frequentemente incluem obstrução gastrointestinal, anemia, icterícia e pancreatite. Os pacientes também podem ter uma massa palpável, que é a forma de apresentação mais comum em crianças.

 

Referências

Sey MS, Teagarden S, Settles D, et al. Prospective Cross Sectional Study of the Prevalence of Incidental Pancreatic Cysts During Routine Outpatient Endoscopic Ultrasound. Pancreas 2015; 44:1130.

Valsangkar NP, Morales Oyarvide V, Thayer SP, et al. 851 resected cystic tumors of the pancreas: a 33 year experience at the Massachusetts General Hospital. Surgery 2012; 152:S4.

de Jong K, Nio CY, Hermans JJ, et al. High prevalence of pancreatic cysts detected by screening magnetic resonance imaging examinations. Clin Gastroenterol Hepatol 2010; 8:806.

Zamboni G, Kloeppel G, Hruban RH, et al. Mucinous cystic neoplasms of the pancreas. In: World Health Organization Classification of Tumours. Pathology and Genetics of Tumours of the Digestive System, Aaltonen LA, Hamilton SR (Eds), IARC Press, Lyon, France 2000. p.234.

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