Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 18/01/2017
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Paciente do sexo masculino, com 58 anos de idade, hipertenso e tabagista, procura o pronto-socorro com quadro de dor torácica e dispneia há 2 semanas, com piora nos últimos 2 dias. Conforme relato, vem perdendo peso nos últimos 6 meses e é portador de tabagismo pesado desde a adolescência. Apresentou-se hipotenso ao pronto-socorro e não respondeu à expansão volêmica, necessitando de medicamentos vasoativos.
A Figura 1 mostra a radiografia de tórax posteroanterior (PA).
PA: Póstero-anterior.
Figura 1 – Radiografia de tórax PA.
Observa-se, nesse caso, a presença de uma imagem compatível com derrame pleural à esquerda associado à atelectasia da base pulmonar. Há, também, um pequeno pneumotórax à direita no ápice pulmonar, bem como o cateter venoso central que foi passado em jugular externa à esquerda.
O líquido foi puncionado e apresentava característica de exsudato, conforme os critérios de Light (proteína no líquido, 2,9g/dL; proteína sérica, 3,2g/dL; relação entre as duas, >0,5). Os critérios para o fluido ser definido como um exsudato estão elencados no Quadro 1.
Quadro 1
CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE EXSUDATO | |
Critérios de Light (apenas um desses critérios é suficiente para o fluido ser definido como um exsudato) |
razão proteína no líquido pleural/proteína sérica >0,5 razão DHL no líquido pleural/DHL sérica >0,6 DHL no líquido pleural >2/3 dos limites superiores normais de DHL sérica |
Critérios alternativos |
colesterol no líquido pleural >45mg/dL DHL no líquido pleural >0,45 vezes os limites superiores normais de DHL sérico |
DHL: desidrogenase lática.
A glicose no líquido era de 34mg/dL, e houve detecção de células atípicas, levando à hipótese de derrame pleural paraneoplásico. Posteriormente, o paciente fez tomografia computadorizada de tórax, que, de fato, mostrou neoplasia no pulmão, já com metástases contralaterais e à distância (fígado e adrenal).
1. Sahn SA, Huggins JT, San Jose E, et al. The art of pleural fluid analysis. Clin Pulm Med 2013; 20:77.
2. Light RW, Macgregor MI, Luchsinger PC, Ball WC Jr. Pleural effusions: the diagnostic separation of transudates and exudates. Ann Intern Med 1972; 77:507.
3. Kummerfeldt CE, Chiuzan CC, Huggins JT, et al. Improving the predictive accuracy of identifying exudative effusions. Chest 2014; 145:586.
"Boa Tarde, Dr. Salomão, De fato, uma glicose no líquido pleural < 60 mg/dL suscita as seguintes hipóteses diagnósticas: pleurisia reumatóide, empiema ou derrame parapneumônico complicado, câncer, tuberculose, lupus ou ainda rotura esofágica. Atenciosamente, os editores."
"Interessante, o nível de glicose está baixo (Neoplasia, Empiema, Tuberculose, Artrite Reumatóide), são a principais causas. Seria interessante o nível da glicemia"
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