Última revisão: 16/09/2015
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Reproduzido de:
Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010 [Link Livre para o Documento Original]
Série B. Textos Básicos de Saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos
Brasília / DF – 2010
Fernando de Sá Del Fiol e Silvio Barberato Filho
A introdução dos agentes antimicrobianos na medicina moderna foi um passo gigantesco na diminuição dos coeficientes de morbidade e mortalidade humanas. Nenhum outro grupo de fármacos, ou técnica cirúrgica, teve, até hoje, tanta influência na saúde das populações como a descoberta dos antibióticos.
O sucesso na terapêutica antimicrobiana depende de três elementos: o fármaco, o hospedeiro e o microrganismo. O clínico, ao fazer a escolha do antimicrobiano, deve levar em conta a relação existente entre o microrganismo e o fármaco (sensibilidade), a relação entre o microrganismo e o hospedeiro (doença) e ainda a relação entre o hospedeiro e o fármaco (farmacocinética). Ao não ponderar algumas dessas relações, a escolha e o tratamento podem estar comprometidos1.
Fatores relacionados ao microrganismo compreendem especialmente sua identificação e sensibilidade. Ao hospedeiro, sua condição imunológica, idade, possibilidade de gravidez, função hepática e renal e ainda o lugar da infecção. Por fim, mas não menos importante, é imperativo o conhecimento do fármaco a ser empregado: seu mecanismo de ação, propriedades farmacocinéticas e toxicidade seletiva.
Dados nacionais e mundiais mostram que é muito grande o número de prescrições desnecessárias ou inadequadas desses medicamentos, além do uso sem prescrição médica. O uso em pediatria (até 10 anos de idade) atinge cerca de 30% da utilização humana. A maioria destas prescrições visa a profilaxia ou a utilização, consciente ou não, em infecções de etiologia viral, propriedades que esses fármacos sabidamente não possuem1.
O uso desmedido e sem justificação, associado ainda ao uso veterinário e agropecuário, tem levado a situações cada vez mais críticas em virtude da seleção de microrganismos multirresistentes.
A literatura é farta em apontar dados que mostram relação direta entre o uso e os índices de resistência bacteriana, ou seja, quanto mais utilizado, maiores são os índices de resistência ao fármaco e, portanto, menor sua eficácia. Países que adotaram restrições e maior controle para o uso desses medicamentos observam maior eficácia dos antimicrobianos2. O uso racional e adequado é indispensável para a manutenção da atividade dessa valiosa classe terapêutica3-5.
Esse capítulo tratará dos antimicrobianos selecionados pela Rename 2010, subsidiando o prescritor com importantes informações que deverão pautar a escolha do medicamento a ser empregado, dose, via de administração, tempo de terapêutica e uso associado.
1.FELMINGHAM, D.; GRÜNEBERG, R. N. The Alexander Project 1996-1997:latest susceptibility data from this international study of bacterial pathogens from community-acquired lower respiratory tract infections. J. Antimicrob. Chemother.,Oxford, v.45, n.2, p.191-203, 2000.
2.CARS, O.; MÖLSTAD, S.; MELANDER, A. Variation in antibiotic use in the European Union. Lancet, London, v. 357, n. 9289, p.1851-1853, 2001.
3.MANDELL, G. L.; BENNETT, J. E.; DOLIN, R. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious diseases. 6. ed. Philadelphia: Churchill Livingstone, 2005.
4.GRIJALVA, C. G.; NUORTI, J. P.; GRIFFIN, M. R. Antibiotic prescription rates for acute respiratory tract infections in US Ambulatory Settings. J. Am. Med. Assoc.,Chicago, Il, v.302, n.7, p.758-766, 2009.
5.POEHLING, K. A. et al. Invasive pneumococcal disease among infants before and after introduction of Pneumococcal conjugate vaccine. J. Am. Med. Assoc.,Chicago, Il, v.295, n.14, p.1668-1674, 2006.
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