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Departamentos de cirurgia e anestesia

Última revisão: 14/05/2013

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Versão original publicada na obra Slavish, Susan M. Manual de prevenção e controle de infecções para hospitais. Porto Alegre: Artmed, 2012.

 

 

 

 

         A qualidade do ar e a ventilação possuem impacto sobre o número de micro-organismos.

         As pessoas e os objetos que entram e os objetos que saem das SCs podem provocar contaminação.

         As mãos contaminadas podem causar ISCs.

         A flora microbiana da pele do paciente pode causar ISCs.

         Os acidentes com perfurocortantes podem causar infecções na equipe cirúrgica.

         Os instrumentos cirúrgicos e equipamentos de anestesia podem ser contaminados.

 

         Monitorar a qualidade do ar e a ventilação.

         Certificar-se do controle de tráfego.

         Fazer a antissepsia cirúrgica das mãos.

         Usar roupa cirúrgica adequada.

         Preparar o sítio cirúrgico, incluindo antissepsia da pele, remoção de pele e cobertura com um tecido.

         Estabelecer e manter um programa de prevenção de acidentes com perfurocortantes.

         Reprocessar os instrumentos cirúrgicos.

         Limpar os equipamentos de anestesia.

 

Os procedimentos cirúrgicos são um dos procedimentos mais invasivos, se não os mais invasivos, realizados no hospital. Na maioria desses procedimentos, os profissionais fazem incisões usando instrumentos pontiagudos, realizam intervenções complexas no corpo e fecham as incisões no final da intervenção. Na maioria das vezes, os pacientes são sedados por anestesiologistas e estão imunocomprometidos em algum grau por causa das condições que os levaram à sala de cirurgia (SC). Em cada etapa da anestesia e da cirurgia, existem oportunidades para transmissão de patógenos que causam infecções.

A prevenção e o controle de infecções (PCI) nos departamentos de cirurgia e anestesia envolvem a prevenção contra infecções do paciente, contra a transmissão de infecções do paciente para a equipe médica e contra a transmissão de infecções para outros pacientes e outros profissionais de assistência à saúde (PASs) fora da sala cirúrgica. Para alcançar o PCI ideal nos departamentos de cirurgia e anestesia, os hospitais devem avaliar vários fatores. Este capítulo discute os riscos no departamento de cirurgia e anestesia e oferece dicas e sugestões sobre como reduzir a ocorrência dessas infecções.

 

Qualidade do ar e ventilação

Os sistemas de aquecimento, ventilação e condicionamento do ar (AVCA) permitem que o ar circule em todos os setores do hospital, incluindo para dentro e para fora das SCs. Esses sistemas fornecem controle de temperatura e umidade e filtração de vários contaminantes. O ar nas SCs deve ser controlado para reduzir o número de micro-organismos e partículas no ar que possam contaminar a ferida cirúrgica. Por exemplo, a principal fonte de bactérias nas SCs é a pele da equipe presente,1 por isso as rigorosas exigências para o sistema de ar devem funcionar de modo a otimizar a qualidade do ar na proximidade imediata da ferida cirúrgica. Os sistemas de AVCA envolvem três áreas de preocupação do PCI:

 

1.    Relações de pressão. A pressurização do espaço é usada para garantir que o movimento do ar seja direcionado de um espaço limpo para um menos limpo. Por exemplo, SCs de pressão positiva podem garantir o ar limpo constante na sala.

2.    Taxas de troca de ar. Esse conceito refere-se ao número de vezes que o ar é substituído na sala. Quanto mais ar limpo circula no espaço, menor o impacto dos contaminantes.

3.    Eficiência de filtração. A filtração é a primeira defesa contra fungos nos sistemas de ventilação. A filtração pode ser feita com vários sistemas (Ver a seguir).

 

Se qualquer uma dessas condições não funcionar corretamente, elas podem levar a uma infecção; se essas áreas estiverem trabalhando em níveis ideais, os riscos de infecção podem ser muito limitados.

Os Centers for Disease Control and Prevention (CDCs) desenvolveram diretrizes sobre o controle de infecção e ventilação para SCs. As recomendações a seguir estão incluídas nessas diretrizes:2

 

      Manter a ventilação com pressão positiva com relação a corredores e áreas adjacentes à SC. Para garantir a ventilação adequada do ambiente cirúrgico, as SCs devem ter pressão positiva de modo que o ar saia delas para as áreas adjacentes.13 O ar deve entrar na sala por grades no teto acima das paredes e sair dela por exaustores de saída localizados próximos ao chão, através de passagens de entrada.

      Manter pelo menos 15 trocas de ar por hora, sendo pelo menos três delas de ar fresco.

      Filtrar todo o ar recirculado e fresco com filtros adequados, com um mínimo de 90% de eficiência.

      Nas salas que não são projetadas para fluxo de ar laminar horizontal, o ar deve entrar pelo teto e sair próximo ao chão.

      Manter as SCs fechadas, exceto para passagem de equipamentos, equipe cirúrgica e pacientes, e limitar a entrada de outras pessoas.

 

O American Institute of Architects4 recomenda que as SCs sejam mantidas entre 20 e 23°C, com umidade entre 30 e 60% e com pressão positiva para as áreas adjacentes. O ar da SC deve passar por 15 trocas de ar filtrado por hora com três (20%) trocas por ar fresco.4

A filtração do ar da SC pode ser obtida por meio de vários sistemas. As salas com fluxo laminar deslocam o ar sobre o campo cirúrgico no sentido vertical ou horizontal; e o ar é filtrado por um filtro de ar particulado de alta eficiência (HEPA). Entretanto, não foi demonstrado que o fluxo laminar reduz o risco de infecções do sítio cirúrgico (ISCs).5 Em sua maioria, os sistemas de ar possuem filtros HEPA que retêm de forma eficaz partículas de 0,3 µm ou maiores com uma eficiência de 99,97%. Também existe o ultra filtro de penetração de ar (ULPA) para partículas menores que 0,12 µm (fornecendo eficiência de 99,99%). Outra opção para melhorar a qualidade do ar é a luz ultravioleta (UV). A luz UV pode reduzir a contagem de micro-organismos no ar, entretanto, não foi demonstrada a relação entre o uso de luz UV e a redução na incidência de ISCs em pesquisas rigorosas de alta qualidade. Além disso, o uso de UV nas SCs ou proximidades exige que a equipe use equipamentos de proteção individual (EPIs), como proteção para olhos. São necessários mais estudos para determinar a aplicação dessa nova tecnologia da SC.

No caso de mau funcionamento do sistema de ventilação, os hospitais também devem ter um sistema de reserva que possa ser usado para ventilação de emergência. Esse sistema pode incluir unidades portáteis de ventiladores ou filtros. Os sistemas de reserva devem ser usados em curtos períodos, enquanto o sistema de ventilação principal é consertado. É importante observar que os sistemas de ventilação das SCs devem estar sempre operando; isso é muito importante para hospitais com centros de cirurgia ambulatorial que podem operar apenas durante a semana.

A manutenção preventiva do sistema de ar da SC deve ser feita periodicamente e incluir limpeza e reparo agendados do duto de ar, aparatos de resfriamento, redes e outros componentes mecânicos. Ventiladores, bobinas e filtros nos sistemas de AVCA precisam de manutenção regular para seu correto funcionamento. Também é importante manter registros precisos e atualizados, não apenas da manutenção de rotina, mas também da manutenção solicitada e das atividades de gerenciamento de qualidade, incluindo o uso de instrumentação para determinar a troca adequada de ar, a filtração e os parâmetros de pressão para áreas que exigem ventilação especial.

 

Dica

Para garantir que um sistema de AVCA eficaz seja projetado de forma correta, os hospitais devem incluir os profissionais de projeto que estão credenciados e devem cumprir as especificações contidas em códigos estaduais e/ou locais e diretrizes disponíveis pela American Society of Heating, Refrigerating, and Air-Conditioning Engineers e American Institute of Architects.

 

Uso de ventilação de ar adequada para reduzir o risco de tuberculose

A Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis), a bactéria que provoca tuberculose (TB), é transmitida pelo ar em partículas chamadas de núcleos de gotículas. Assim sendo, a ventilação adequada na SC pode ajudar a reduzir os riscos de transmissão de TB para PASs e pacientes. Embora as diretrizes do CDC para ventilação adequada da SC sejam aplicadas a pacientes com TB, o CDC tem diretrizes adicionais para essas pessoas, incluindo:2

 

      Os pacientes devem ser entubados em uma sala de isolamento para infecções transmitidas pelo ar (SIIA) ou na SC. Se entubados na SC, os PASs não devem deixar as portas serem abertas até 99% dos contaminantes transmitidos pelo ar serem removidos.

      A equipe perioperatória deve usar, pelo menos, um respirador N95 cirúrgico, aprovado pelo National Institute for Occupational Safety and Health e pela U.S. Food and Drug Administration (FDA). Um hospital pode decidir usar outro EPI em vez de N95, como um respirador com purificador de ar (PAPR). Se um PAS não puder usar um respirador de ajuste firme por motivos médicos, ele deve receber um PAPR. Além disso, PASs com barba não podem usar um respirador de ajuste firme, como o N95, devendo receber outro respirador, como um PAPR.

      Quando anestesiar um paciente com suspeita ou confirmação de TB, um filtro bacteriano deve ser instalado entre o circuito de anestesia e as vias aéreas do paciente para evitar contaminação do equipamento de anestesia ou descarte de bactérias para o ar.

      Os PASs devem desentubar o paciente na SIIA e encaminhá-lo para recuperação.

      Se o paciente tiver de ser desentubado na SC, os PASs devem deixar um período de tempo para que as trocas de ar limpem 99% das partículas.

      Os hospitais devem usar temporariamente filtros HEPA portáteis de grau industrial para complementar a limpeza do ar.

      Se possível, os PASs devem agendar os pacientes com TB como os últimos casos de cirurgia do dia a fim de maximizar o tempo de remoção dos contaminantes no ar.

 

Controle de trânsito

Com muitas pessoas envolvidas em uma cirurgia, é fácil ver como o “trânsito” de PASs pode ser um problema se não for controlado. A entrada e saída da SC deve ser a menor possível para reduzir o risco de liberação de bactérias, turbulência do ar e contaminação acidental do paciente, dos equipamentos e dos materiais estéreis.6 Para estabelecer um bom controle do trânsito, os hospitais devem projetar três diferentes zonas de circulação para a sala de cirurgia, monitorar quem pode transitar nessas zonas e definir os tipos de EPI que essas pessoas devem usar. As três zonas de trânsito recomendadas na SC são:6,7

 

1.    Zona não restrita. Essa zona inclui as áreas de limite entre a sala de cirurgia e outras partes do hospital, como entrega de materiais e equipamentos. As pessoas nessa zona podem usar roupas comuns. Os PASs devem controlar a entrada de pacientes, pessoas e materiais nesse local.

2.    Zona semirrestrita. É a área adjacente, que inclui os locais que dão suporte à SC, como corredores, salas de materiais, escritórios, áreas de lavagem das mãos e áreas de processamento de equipamentos. A roupa para cirurgia deve ser vestida nesse local, incluindo roupa de mangas longas, gorro e sapatos limpos ou propés. O trânsito deve ser limitado a pessoas autorizadas e pacientes.8

3.    Zona restrita. Essa zona inclui as áreas de operação e de procedimento, o centro limpo e as áreas de lavagem e pias. É necessária roupa cirúrgica completa, incluindo as máscaras. As pessoas que não estiverem limpas devem usar roupas fechadas de mangas longas. É obrigatório o uso de máscaras nas salas com materiais estéreis abertos.8

 

As pessoas que se deslocam da zona não restrita para uma zona semirrestrita ou restrita devem fazê-lo por uma área de transição, na qual são feitas a troca de roupa e preparação. Por exemplo, um enfermeiro da SC pode entrar nessa sala vindo de uma zona não restrita, entrar em um vestiário para vestir a roupa cirúrgica, entrar na zona semirrestrita e, então, deslocar-se para a zona restrita da SC.

Para evitar a contaminação acidental da SC, suas portas devem permanecer fechadas, exceto para entrada de equipamentos, pessoas e transporte do paciente.6 Também é importante garantir que todos os equipamentos e instrumentos cirúrgicos envolvidos no processo estejam presentes na SC antes de a cirurgia iniciar para evitar o trânsito desnecessário.3 Para isso, algumas organizações colocam sinais específicos de procedimentos na porta da SC (p. ex., “Não entre: substituição de joelho em andamento”) a fim de manter os visitantes e infecções indesejáveis afastados.

 

Antissepsia cirúrgica das mãos

Embora as exigências para a higiene das mãos discutidas neste livro apliquem-se aos PASs no departamento de cirurgia, são necessárias higiene e preparação das mãos mais rigorosas antes da cirurgia. Muitas organizações, incluindo o CDC, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Association for periOperative Registered Nurses (AORN), têm diretrizes específicas para a preparação das mãos para cirurgia. Essas diretrizes incluem as seguintes etapas:9,10

 

      Remover anéis, relógios e pulseiras antes de iniciar a preparação.

      Lavar as mãos e os antebraços com sabão e água corrente imediatamente antes de iniciar a fricção das mãos.

      Remover sujeiras e resíduos sob as unhas usando um limpador para unhas, de preferência descartável. Fazer isso na água corrente. Para facilitar esse processo, as unhas das mãos devem estar sempre curtas e limpas.

      Usar sabão antimicrobiano ou produto à base de álcool para sanitizar as mãos, de acordo com as instruções do fabricante. Um antisséptico cirúrgico para as mãos aprovado pela FDA deve ser usado para a antissepsia cirúrgica das mãos, pois ele reduzirá a quantidade de micro-organismos na pele intacta; é uma preparação antimicrobiana não irritante e tem ação rápida e amplo espectro com efeito duradouro.

      Quando limpar e sanitizar as mãos, evitar respingar na roupa cirúrgica.

      Se for possível, fechar a água se não estiver usando, para economizá-la.

      Uma vez sanitizadas, manter as mãos acima dos cotovelos e longe da roupa cirúrgica.

      Descartar esponjas usadas ou outro material de limpeza em recipientes adequados.

      Secar as mãos e os braços com uma toalha estéril antes de colocar o avental e as luvas cirúrgicos.

 

Os membros do departamento cirúrgico e a equipe do PCI devem estar envolvidos na seleção do antisséptico cirúrgico para as mãos.

 

Transporte de material estéril

Esta seção discute como transportar equipamentos, materiais e roupas médicas já esterilizados para dentro e para fora da área cirúrgica.

Quando materiais limpos ou estéreis oriundos de outro setor, por exemplo, a lavanderia, são enviados para a SC, eles devem ser transportados em um carrinho coberto. Antes de entrar na SC, os materiais devem ser removidos dos recipientes externos usados para envio e transporte.6

Os itens sujos transportados para fora da SC devem ser cobertos. Esses materiais devem ser deslocados, através de uma zona semirrestrita, para uma área de descontaminação para serem armazenados antes do reprocessamento. Essa área de armazenamento deve ser usada apenas para itens sujos; os itens limpos ou estéreis não devem ser armazenados no mesmo local que os itens sujos.6

 

Roupa (paramentação) cirúrgica

Para evitar a disseminação de infecções para e do paciente, os PASs no departamento de cirurgia devem usar EPI. Os EPIs incluem várias barreiras de proteção que são projetadas para proteger membranas mucosas, vias aéreas, pele e roupa do contato com agentes infecciosos.11 Durante a cirurgia, os PASs devem usar EPIs específicos, incluindo máscaras, proteções para os olhos e para a face e roupa resistente a fluido durante as atividades que geram respingos, pingos, sprays ou aerossóis.12 Além disso, os PASs devem usar luvas.

As luvas são provavelmente o EPI mais importante usado durante a cirurgia, pois elas não protegem apenas os PASs contra a exposição a patógenos, mas também contra acidentes com instrumentos pontiagudos, agulhas ou outros perfurocortantes. A AORN recomenda as seguintes estratégias de uso de luvas para ajudar a evitar e controlar infecções. Muitas delas se aplicam à cirurgia:12

 

      As luvas devem fornecer uma barreira eficaz contra materiais infectantes, incluindo sangue e fluidos corporais.

      As luvas de PVC devem ser usadas por períodos curtos, de exposição de baixo risco.

      As diretrizes do fabricante devem ser consultadas para o caso de uso das luvas com produtos químicos. Alguns produtos químicos podem destruí-las.

      As luvas não estéreis devem ser trocadas após cada contato com o paciente, quando for observado ou houver suspeita de defeito ou perfuração visível e de acordo com a política do hospital.

      As luvas estéreis devem ser trocadas após cada contato com o paciente, quando for observado um defeito visível, houver suspeita ou ocorrer contaminação, em caso de perfuração, logo após o contato com metacrilato de metila não conservado, em caso de choque elétrico não intencional nas mãos e de acordo com a política do hospital.

      As luvas não devem ser lavadas nem reutilizadas.

      Os PASs devem usar dois pares de luvas durante os procedimentos invasivos, um por cima da outro.

 

Quando trocar as luvas contaminadas na SC, os PASs devem, se possível, fazer a retirada com a ajuda de um colega. É preferível que um membro da equipe coloque a luva no outro colega. Se não for possível, a pessoa deve deslocar suas mãos através das mangas e bainhas do traje cirúrgico antes de calçar as luvas.6

Existem muitas variedades de luvas cirúrgicas, incluindo látex, poli-isopreno, nitrila e neoprene. Apesar disso, muitos PASs no departamento cirúrgico preferem luvas de látex sem talco por causa da sua acomodação, sensibilidade, conforto e nível de proteção.6 Os hospitais devem pedir a opinião dos PASs desse departamento quando forem escolher luvas para garantir que as luvas disponíveis sejam usadas.

 

Preparação do sítio cirúrgico

Antes de iniciar uma cirurgia, o sítio cirúrgico deve ser preparado para limitar a disseminação de bactérias e outros contaminantes na área de incisão. O preparo adequado do sítio cirúrgico é importante para reduzir a probabilidade de ISCs. A equipe cirúrgica e os pacientes devem ser envolvidos no preparo do sítio cirúrgico. A Figura 23.1 mostra um folheto que os hospitais podem usar para ensinar pacientes e seus familiares sobre as técnicas de preparo do sítio cirúrgico que podem empregar para evitar ISCs.

 

Figura 23.1. Folheto sobre infecção no sítio cirúrgico para pacientes.

 

 

O preparo do sítio cirúrgico é um processo de três etapas. A primeira etapa inclui dar um banho no paciente no chuveiro ou na ducha usando um agente antisséptico, de preferência o gliconato de clorexidina (CHG); esse agente é preferido por causa da duração de sua ação. Para ser mais eficaz, o paciente deve banhar-se na noite anterior e na manhã do procedimento cirúrgico. Se o paciente estiver hospitalizado, os PASs devem certificar-se de que ele tomou banho usando clorexidina.

A segunda etapa é a remoção dos pelos. A remoção dos pelos no sítio deve ser evitada a não ser que seja absolutamente necessária para o procedimento. Essa recomendação é feita porque algumas técnicas de depilação, como barbear, podem provocar microcortes e abrasões que liberam bactérias presentes nos folículos capilares, as quais podem provocar foliculite subclínica, o que aumenta o risco de ISCs. Usar tesoura e um creme depilatório são os métodos preferidos para remoção de pelos. No caso de usar tesouras para retirar os pelos, a cabeça das tesouras reutilizáveis deve ser desinfetada entre um paciente e outro. A retirada com tesouras deve ser feita fora do centro cirúrgico, antes do procedimento.3 A equipe deve monitorar os pacientes que usaram cremes depilatórios, pois eles podem provocar reação inflamatória/alérgica.

Durante a segunda etapa de preparo, a política do hospital pode indicar que o sítio cirúrgico pode ser marcado para evitar erro de sítio, procedimento e paciente. Essa marcação deve ser feita com um marcador ou caneta que garanta sua clareza e visibilidade após o paciente estar preparado e coberto. Existe alguma preocupação sobre os riscos de infecção associados à marcação do sítio, mas estudos diferentes mostraram que esse risco é insignificante. Por exemplo, um estudo realizado na University of Alberta, em Edmonton, descobriu que as canetas Sharpie® eram seguras para uso como marcadores do sítio cirúrgico.13

A fase final do preparo da pele refere-se à aplicação de antissépticos pouco antes do procedimento. Vários agentes podem ser usados para esse preparo, como preparações à base de clorexidina, iodóforos ou tintura de iodo. Ao preparar a pele de pacientes queimados, os PASs devem usar solução salina normal.7 É importante observar que um antisséptico composto da combinação de dois antissépticos com diferentes mecanismos de ação pode ser melhor para combater as bactérias do que aqueles com apenas um agente. Por exemplo, foi demonstrado que usar CHG combinado com álcool isopropílico a 70% tem um efeito positivo contra uma grande variedade de bactérias, incluindo as resistentes a antibióticos.14 Além disso, o CHG não é inativado na presença de sangue e pode permanecer eficaz na prevenção de infecções mesmo durante a cirurgia.15

Ao preparar a pele do paciente, os PASs devem manter o antisséptico na pele por 1 ou 2 minutos ou até secar naturalmente. O agente antisséptico deve ser aplicado começando pelo local da incisão e ser espalhado para a periferia usando aplicador ou esponja de uso único.16

Um novo aplicador ou esponja deve ser usado para cada aplicação do agente. O tamanho da área que é preparada deve ser maior que a abertura (fenestração) do campo cirúrgico e quaisquer movimentos previstos desse campo durante o procedimento. As áreas de maior contagem microbiana devem ser preparadas por último, como o umbigo ou feridas abertas. Qualquer área contaminada aberta deve ser preparada por último e coberta com material impregnado com antisséptico até a hora de sua prepararação.

Após a assepsia adequada do sítio cirúrgico, um campo cirúrgico deve ser usado para cobrir o paciente durante a cirurgia.3 São usados campos estéreis para estabelecer uma barreira para impedir a transmissão de micro-organismos entre as áreas estéreis e não estéreis.17

Os campos estão disponíveis em vários níveis de barreira de proteção e devem ser selecionados de acordo com o grau previsto de uso e de exposição a sangue (ver Tabela 23.1).

Em muitos casos, os campos são projetados com uma área de reforço chamada de “zona crítica”, na qual pode ocorrer contato direto com sangue e outros fluidos corporais. Outros tipos de campos são fabricados com área aderente para evitar lacunas e deslocamento.16

Alguns campos comercializados estão impregnados com soluções antissépticas que podem reduzir a flora residente na pele durante o procedimento cirúrgico.16 Os campos estéreis devem ser posicionados sobre o paciente e a mesa de cirurgia. Eles devem ser mantidos acima da mesa cirúrgica da SC no momento de sua colocação e posicionados a partir do sítio da incisão em direção à periferia.18 Após serem posicionados no paciente e na mesa, eles não devem ser reposicionados nem deslocados.

 

Tabela 23.1. Nível de classificação de proteção para aventais e campos cirúrgicos

Nível de proteção

Risco de exposição

Tipo de procedimento

1

Pouco fluido ou pressão

Oftalmologia; cirurgias simples de orelha, nariz e garganta

2

Maior quantidade de fluido e pressão

Hérnias, procedimentos ortopédicos com torniquetes e tonsilectomias/adenoidectomias

3

Maior quantidade de fluido e maior pressão

Mastectomias, artroscopias e operações em geral

4

Requer o mais alto nível de proteção, como aventais impermeáveis

Cirurgias abdominais de grande porte, procedimentos ortopédicos sem torniquetes e cirurgias envolvendo trauma, cesariana e procedimentos cardiovasculares

Fontes: Adaptada de U.S. Department of Labor, Occupational Safety and Health Administration: Occupational exposure to bloodborne pathogens: Final rule. 29 CFR Part 1910.1030. Fed Regist 56:64174-64182, Dec. 6, 1991; Taylor, D.: The evolution of personal protection. Outpatient Surgery Magazine Suppl:34-42, 2004; Association for the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI): Liquid Barrier Performance and Classification of Protective Apparel and Drapes Intended for Use in Health Care Facilities, ANSI/AAMI PB70:2003/(R)2009. Arlington, VA: AAMI, 2003.

 

Prevenção de acidentes com perfurocortantes

Os acidentes com perfurocortantes são uma fonte importante de exposição ocupacional a patógenos transmitidos pelo sangue nos hospitais (ver Destaque 23.1). Embora os acidentes com agulhas sejam a forma mais discutida desses acidentes, vários outros instrumentos pontiagudos também podem provocar eventos graves, incluindo agulhas de sutura, bisturis e lancetas. Esses acidentes na SC ocorrem graças a:

 

      Transferência mão a mão de perfurocortantes

      Sutura cega

      Bisturis sem proteção

      Reencapamento de agulhas

      Bisturis que caem do campo

      Espalhamento/retração do tecido com as mãos durante a dissecção

      Corte do dedo do cirurgião ou do assistente

      Limpeza após um procedimento

      Descarte inadequado, como um recipiente de perfurocortantes cheio

 

A maioria desses acidentes ocorre entre enfermeiros; outros PASs podem estar suscetíveis, como cirurgiões, anestesiologistas, técnicos, enfermeiros instrumentadores, auxiliares, pessoal de limpeza e estudantes.

Assim como ocorre com outros tipos de eventos, o ambiente único da SC afeta a natureza dos acidentes com perfurocortantes. Dentro da SC, cirurgiões, enfermeiros e outros da equipe trabalham muito próximos uns dos outros, manuseando os mesmos instrumentos em um espaço confinado. A equipe cirúrgica pode se apressar e se machucar ou machucar outros. Consequentemente, uma abordagem coletiva para evitar acidentes com perfurocortantes é fundamental para reduzir essas taxas.19 Os hospitais devem criar um grupo multidisciplinar para examinar e discutir a questão desses acidentes, espe cialmente os relacionados à SC.

 

Utilização de dispositivos de segurança para evitar acidentes

Um aspecto importante da prevenção de acidentes com perfurocortantes envolve usar dispositivos de segurança na SC. Eles são controles de engenharia que evitam que os membros da equipe de cirurgia perfurem-se, ou cortem-se com os perfurocortantes (Ver Fig. 23.2). Os itens a seguir discutem dois dos dispositivos de segurança mais comuns:

 

1.    Bisturis de proteção. Os bisturis tradicionais podem provocar acidentes mais graves que as agulhas por causa do seu tamanho e fio. Consequentemente, eles envolvem um maior risco de transmitir patógenos pelo sangue do que as agulhas.20 Os bisturis de proteção, às vezes chamados de bisturis de segurança, lembram os bisturis tradicionais, mas possuem um mecanismo que permite que o usuário retraia a lâmina para o corpo ou uma cobertura da lâmina com bainha de proteção para antes e após o uso. Os bisturis de proteção podem ser descartáveis ou reutilizáveis. Embora os dispositivos de segurança dos bisturis de proteção possam ajudar a reduzir a possibilidade de alguns tipos de acidentes, como os que ocorrem antes do uso, durante as transferências e entre os usos eles não podem evitá-los. Os PASs também devem acionar manualmente os mecanismos de segurança do bisturi de proteção para evitar acidentes.21 Alguns usuários acham esses instrumentos mais seguros; outros, entretanto, alegam que fazem pouca diferença na proteção dos PASs. De fato, muitos cirurgiões sentem que esses bisturis prejudicam o tratamento dos pacientes, porque são leves e/ou volumosos demais ou eles não conseguem agarrá-los, e as bainhas de retração e outros mecanismos de segurança interferem em sua visão sobre a lâmina e tornam os dispositivos uma escolha inadequada para uma incisão profunda.

2.    Agulhas de sutura com ponta cega. A equipe cirúrgica pode se ferir com uma agulha de sutura antes, durante e após o uso. A agulha de sutura comum é afiada e pode penetrar a pele facilmente. As agulhas de sutura de ponta cega são curvas e têm uma ponta menos afiada que a da agulha estreita. Embora a ponta cega ainda possa ser usada para sutura, ela não penetra a pele tão facilmente e, portanto, há menor chance de causar acidente. Uma desvantagem dessas agulhas de sutura é que seu uso pode ser um pouco mais difícil do que o das agulhas afiadas, pois elas precisam de mais força para penetrar o tecido. Embora sejam eficientes, elas não são aceitas pela maioria dos cirurgiões, e alguns procedimentos ainda exigem agulhas de ponta afiada. Os hospitais que escolherem usar esses dispositivos de ponta cega devem se dedicar a programas de educação direcionados para obter a aprovação da equipe cirúrgica. Além disso, os hospitais devem identificar os líderes entre os cirurgiões que podem influenciar na aceitação desse equipamento.

 

Figura 23.2. Dispositivos de engenharia para segurança dos perfurocortantes.

 

 

Destaque 23.1

Needlestick Safety and Prevention Act (ato sobre prevenção e segurança no uso de agulhas)

 

Em 2000, com o intuito de chamar atenção para a prevenção de acidentes com agulhas e ajudar as organizações a implementarem precauções sobre essa questão, o Congresso norte-americano aprovou o Needlestick Safety and Prevention Act. Como consequência, a Occupational Safety and Health Administration (OSHA) revisou seu padrão de patógenos transmitidos pelo sangue e exigiu que os empregadores adotem as seguintes ações concretas para reduzir o número de incidentes com agulhas:

 

1.    Revisar seus planos de controle de exposição uma vez ao ano.

2.    Envolver os funcionários não administrativos na avaliação dos dispositivos de segurança selecionados.

3.    Manter um livro de registro de acidentes com perfurocortantes que garanta a privacidade do funcionário e tenha, pelo menos, o tipo e a marca do dispositivo envolvido no incidente, se conhecidos; o local em que ocorreu; e a descrição do incidente (Ver Fig. 23.3 para obter uma amostra de página do livro de registro de acidentes com perfurocortantes).

 

Online

Visite www.jcrinc.com/GICH09/extras para obter uma versão completa (em inglês) do livro de registro de acidentes com perfurocortantes.

 

Figura 23.3. Exemplo de página do livro de acidentes com perfurocortantes.

 

 

Foi demonstrado que os dispositivos de segurança reduzem a probabilidade de acidentes com perfurocortantes, mas alguns hospitais citam o custo de adquirir esses itens como um impedimento. Embora a questão do custo possa ser um fator, é importante observar que é muito mais barato evitar um acidente desse tipo do que tratá-lo. Os custos do tratamento incluem o custo direto associado com a triagem do paciente-fonte; o tratamento inicial e o acompanhamento do PAS exposto, estimado entre $500 e $3.000, dependendo do tratamento fornecido;22 e os custos psicológicos e emocionais para o funcionário infectado e sua família. Esse estresse pode afetar o desempenho e a atitude do PAS, podendo até fazê-lo repensar sua carreira.

 

Utilização de práticas seguras para reduzir acidentes com perfurocortantes

Os equipamentos de segurança podem ajudar muito a evitar esses acidentes, mas não eliminam, por si sós, sua possibilidade. Os hospitais podem reduzir os riscos associados a perfurocortantes ao estimular as práticas seguras entre a equipe perioperatória. Algumas dessas práticas incluem:

 

      Usar uma zona neutra. Uma zona neutra é um local já acordado do campo estéril no qual os perfurocortantes são colocados e de onde o cirurgião, enfermeiro ou técnico podem recolhê-los sem o contato mão a mão.23 Os hospitais devem estimular a equipe cirúrgica a definir tais zonas neutras antes de iniciar um procedimento. O uso de uma zona neutra é recomendado por várias organizações profissionais, incluindo o American College of Surgeons (ACS) e a AORN.

      Usar a técnica de passar com mãos livres (TPML). Na TPML, os PASs nunca passam o material perfurocortante de uma mão para outra mão. Nesse caso, o enfermeiro (instrumentador) coloca os itens em uma bandeja ou zona neutra e retira sua mão da área. O cirurgião, então, pega o item. Esse processo é revertido quando o cirurgião devolve o item para o enfermeiro. A TPML pode reduzir as chances de os membros da equipe picarem ou cortarem uns aos outros. A TPML não é um conceito novo, e muitas salas cirúrgicas proibiram a passagem de mão para mão de bisturis em favor dessa técnica. Organizações como OSHA, AORN, American College of Surgeons24 e a International Sharps Injury Prevention Society apoiam essa iniciativa.25 (Ver Destaque 23.2 para obter mais informações sobre a segurança do bisturi.)

      Usar dois pares de luvas. As luvas cirúrgicas funcionam como barreira fundamental entre as mãos da equipe e o paciente. Elas podem evitar contaminação e infecção para o paciente e a equipe médica. Embora as luvas possam servir como barreira, elas podem estar comprometidas. Foram relatadas taxas de perfuração acima de 61% para cirurgiões torácicos e 40% para enfermeiros (instrumentadores).26 Para combater esse risco, devem ser usados dois pares de luvas a fim de evitar e controlar os efeitos da falha da barreira – rasgo, rachadura ou perfuração de ambas as luvas.27 Em média, uma luva cirúrgica externa é perfurada em 40 minutos de uso. Entretanto, embora a perfuração da luva externa seja comum, a perfuração de ambas luvas internas e externas é rara. Nos casos em que ocorre uma dupla perfuração, o volume de sangue do paciente que alcança o PAS é muito reduzido, diminuindo a probabilidade de uma infecção.19 Estima-se que o risco de exposição ao sangue do paciente é reduzido em torno de 87% quando são usados dois pares de luvas.19

 

Destaque 23.2

Segurança do bisturi

 

Dr. Michael Sinnott,30 um médico experiente do setor de emergência do Princess Alexandra Hospital, em Brisbane, Austrália, cunhou o termo segurança do bisturi (em vez de bisturi de segurança) para enfatizar a escolha das técnicas para reduzir o risco de acidente dos PASs com as lâminas desse instrumento. A segurança do bisturi envolve escolher entre dois tipos diferentes de dispositivos. O primeiro método usa bisturis de segurança que protegem o usuário ao permitir que a lâmina seja recolhida para dentro do cabo ou coberta com uma bainha após o uso. Os bisturis de segurança são eficazes apenas se os mecanismos de segurança forem acionados pela equipe médica.

O segundo método usa os dispositivos chamados de removedores da lâmina do bisturi, que são utilizados com a TPML. Essa técnica combina um suporte de metal tradicional reutilizável com uma lâmina de bisturi removível. As lâminas de uso único são retiradas do suporte ao segurar o removedor da lâmina, colocar a metade superior da lâmina do removedor e retirar o suporte, deixando a lâmina dentro do cartucho removedor; isso pode ser feito usando a técnica de 1 ou 2 mãos. Embora existam diferentes tipos de removedores, os hospitais devem considerar usar um que produza um sinal sonoro para o usuário quando a lâmina cair no cartucho removedor.

 

Foi demonstrado que esse procedimento é eficaz, mas muitos médicos têm objeções com relação a essa prática, alegando ajuste ruim, perda da sensibilidade tátil e aumento do custo. Algumas sugestões que os hospitais podem usar para superar essas objeções são:

 

-      Trabalhar com fabricantes de luvas que ofereçam uma estação de “teste de luva”, na qual os médicos possam testar as várias opções de luvas e encontrar uma que lhes sirva. Isso permite que avaliem as características de desempenho de duas luvas usadas em conjunto. Esse processo pode ser feito sem custo adicional ao hospital.

-      Educar os médicos sobre a importância de usar os dois pares para justificar o tempo e o esforço envolvidos na implantação.

-      Obter o apoio das pessoas que já usam essa técnica, como cirurgiões ou enfermeiros (instrumentadores) que possam testemunhar a eficácia do procedimento e esclarecer as preocupações.

 

Alguns hospitais podem enxergar esse procedimento como um aumento desnecessário no custo; entretanto, a redução da exposição a patógenos transmitidos pelo sangue e a redução de infecções nos pacientes e profissionais oferecem importante economia para as organizações de assistência à saúde.

 

      Trocar regularmente as luvas cirúrgicas. Em muitos casos, os acidentes com perfurocortantes não são descobertos até a cirurgia ter terminado. Trocar as luvas em intervalos regulares durante uma cirurgia pode reduzir o tempo de uso de uma luva perfurada. Além disso, luvas novas podem ter menor chance de sofrer perfuração do que aquelas que já foram usadas por algum tempo. Em um estudo, os participantes trocaram as luvas a cada 16 minutos, aproximadamente; essa ação foi associada a uma importante redução na incidência de perfuração da luva de cirurgiões e enfermeiros.28

      Ficar fora do caminho. Embora pareça ser de bom senso, é importante observar que os PASs podem reduzir as chances de sofrer esse tipo de acidente ao ficarem longe da área de sutura e de incisão enquanto o cirurgião está realizando esses procedimentos.21

      Usar calçados adequados. Grande parte da discussão sobre os acidentes com perfurocortantes concentra-se nas mãos e na parte superior do corpo da equipe; no entanto, bisturis, agulhas e outros instrumentos pontiagudos podem cair no chão e machucar os pés. Por esse motivo, deve-se avaliar o tipo de sapato usado na SC. Um estudo observou que, embora não se possa confiar nos sapatos para evitar acidentes, alguns sapatos são melhores para evitar acidentes do que outros.29 Sapatos de borracha com revestimento interno oferecem mais proteção. As botas com metal na ponta e algumas botas no estilo cowboy também são eficazes.

 

Processos de limpeza para itens cirúrgicos

Outra estratégia de prevenção importante que a equipe cirúrgica deve usar contra infecções no departamento de cirurgia é o reprocessamento de instrumentos cirúrgicos. Antes desses instrumentos serem desinfetados ou esterilizados, eles devem ser limpos de modo que o material orgânico seja removido e não interfira no processo de desinfecção ou esterilização.31 A limpeza deve começar, assim que possível, após um instrumento ou dispositivo ser usado e ficar contaminado. Os instrumentos devem ficar úmidos para evitar que sangue, tecido ou muco sequem e adiram a eles, dificultando e consumindo mais tempo para fazer o processo de limpeza de forma eficaz.32

O processo de limpeza pode iniciar na área de serviços cirúrgicos, onde os instrumentos são mantidos úmidos até serem transportados para a área de descontaminação; outra opção é transportá-los diretamente para o departamento de serviços centrais, onde são iniciados imediatamente os processos de limpeza e descontaminação. A primeira etapa do processo de limpeza é remover o material orgânico e os restos de superfícies e lumens internos dos instrumentos ao enxaguar, ensaboar ou aplicar fluido sob pressão. Uma etapa essencial para a esterilização eficaz é abrir os instrumentos (se possível) para desmontá-los e inspecioná-los a fim de facilitar limpeza e remoção completas de restos orgânicos.33 Instrumentos com lúmen devem ser lavados com água, e outros instrumentos devem ser mantidos úmidos com toalhas molhadas ou pulverizados com uma solução enzimática para evitar que os restos endureçam e adiram a eles. Os instrumentos podem ser enxaguados com água ou solução de limpeza para evitar a formação de biofilme, que é resistente à remoção e pode interferir na eficácia dos procedimentos de limpeza, desinfecção ou esterilização.31,34 Os instrumentos devem ser enxaguados, secos e inspecionados.

Vários métodos podem ser usados para limpar os instrumentos cirúrgicos. A limpeza manual é geralmente feita com água e detergentes, que podem conter ou não uma ou mais enzimas. Os limpadores enzimáticos são usados para limpar instrumentos de fibra ótica e acessórios ou outros instrumentos de difícil limpeza. As lavadoras automáticas, como lavadoras desinfectantes, lavadoras descontaminantes e lavadoras esterilizadoras também são usadas para limpar os instrumentos. A limpeza automática é o método preferido para instrumentos cirúrgicos; entretanto, como muitos instrumentos cirúrgicos não suportam os processos de limpeza mecânica, realiza-se a limpeza manual nesses instrumentos frágeis ou de difícil limpeza, mesmo que o equipamento automático esteja disponível.

De acordo com o sistema de classificação de Spaulding, os instrumentos cirúrgicos são classificados como itens de cuidado crítico, devendo ser esterilizados.35 Os métodos de alta e baixa temperatura e de esterilização química líquida podem ser usados para esterilizar os instrumentos cirúrgicos.[*]31 Os métodos de alta temperatura incluem vapor e calor seco, e os métodos de baixa temperatura incluem o óxido de etileno e o plasma do gás do peróxido de hidrogênio.31 Os métodos de esterilização química por imersão em líquido incluem peróxido de hidrogênio, ácido peracético, uma combinação de ácido peracético e peróxido de hidrogênio, e glutaraldeído.31 O método de esterilização preferido para itens críticos que podem tolerar umidade e altas temperaturas é o vapor.31 Os PASs devem lembrar que cada instrumento cirúrgico tem seu próprio tempo, temperatura e exigências de agente, os quais devem ser rigorosamente obedecidos durante o processo de esterilização, e que cada método tem suas vantagens e desvantagens. Além disso, as recomendações do fabricante devem ser seguidas.

A esterilização flash é um método de esterilização rápido, usado às vezes em SCs. Por haver muitas desvantagens e potencial para causar ISCs, ele deve usado apenas sob algumas circunstâncias:36

 

      Quando existir uma necessidade urgente do dispositivo

      Quando os procedimentos adequados foram seguidos antes da esterilização, incluindo limpeza, descontaminação, inspeção e organização

      Quando os dispositivos esterilizados podem ser entregues diretamente no ponto de uso

      Quando há garantia do manuseio asséptico adequado e segurança da equipe durante o transporte dos dispositivos

      Em situações de emergência

 

Limpeza, desinfecção e esterilização dos equipamentos de anestesia

Independentemente do cenário, a anestesia é uma parte integral da cirurgia. Dependendo do seu uso específico, os equipamentos de anestesia podem ser incluídos em qualquer categoria do sistema Spaulding como críticos, semicríticos ou não críticos.35 Eles podem servir como potencial vetor para a transmissão de agentes infecciosos e estão envolvidos em vários casos de surtos.37-39 Portanto, o manejo adequado dos equipamentos e medicamentos de anestesia é essencial para evitar infecções em pacientes e equipe cirúrgica.

Qualquer equipamento de anestesia usado como equipamento crítico, ou seja, que entra em contato com o sistema vascular ou com tecidos estéreis do corpo, deve estar esterilizado no momento do seu uso.40 Os equipamentos de anestesia críticos podem incluir cateteres intravenosos (IVs), com a tubulação; válvulas; agulhas e seringas; e frascos e ampolas de medicamentos. Os equipamentos que tocam as membranas mucosas devem ser classificados como semicríticos e esterilizados ou submetidos a desinfecção de alto nível antes do uso. Esse tipo de equipamento inclui vias aéreas, circuitos e conectores de respiração, endoscópios de fibra ótica, fórceps, lâminas de laringoscópio, máscaras e bolsas, tubulação usada para transdutores e sondas transesofágicas.31,40

Os equipamentos que entram em contato apenas com a pele intacta, como medidores de pressão, placas de eletrocardiograma (ECG) e sondas de oximetria são classificados como não críticos e podem ser processados entre um uso e outro com desinfetante de baixo nível após remoção de material orgânico e inorgânico. As superfícies do equipamento que a equipe possa ter tocado durante a cirurgia e os processos de cuidado do paciente devem ser desinfetados; exemplos incluem carrinhos de anestesia (inclusive gavetas e alavancas), medidor de fluxo ou botões ou controles do ventilador e outros equipamentos, como as placas de ECG.40 Estudos encontraram taxas de contaminação de até 35% para máquinas de anestesia, carrinhos e monitores que estavam contaminados com sangue ou secreções orais.41,42

Após esse equipamento ter sido desinfetado ou esterilizado, ele deve ser armazenado em local limpo indicado até seu momento de uso para reduzir ou eliminar o risco de contaminação. Alguns equipamentos de anestesia podem ser armazenados na posição horizontal ou em prateleiras; outros, como endoscópios, devem ser armazenados na posição vertical, de preferência em cabines especiais de proteção.40

Para garantir o mais alto nível de segurança e o menor risco de infecção aos pacientes, as melhores práticas indicam que os itens de anestesia classificados como de uso único devem ser descartados após o uso e não devem ser reprocessados.40 Os itens de uso único podem incluir circuitos de respiração, filtros, tubos, agulhas, seringas e cateteres.

 

Limpeza dos componentes internos do equipamento de anestesia

Os componentes internos do equipamento de anestesia não tocam o paciente diretamente, mas podem contaminar o ar e os fluidos ou medicamentos usados durante a anestesia. A American Society of Anesthesiologist, a American Association of Nurse Anesthetists e o CDC não recomendam a esterilização de rotina ou a desinfecção de alto nível para os componentes internos das máquinas de anestesia.43

Componentes selecionados desse equipamento devem ser limpos regularmente, como as partes internas reutilizáveis (absorventes, válvulas e fole), e isso deve ser feito de acordo com as recomendações do fabricante. Um hospital também pode eleger a utilização de um absorvente de uso único, que possa ser descartado. As latas de cal soldada podem ser usadas como um método de filtração; entretanto, devem ser periodicamente trocadas de acordo com as recomendações do fabricante, pois podem armazenar organismos patogênicos. Em um estudo, a M. tuberculosis sobreviveu várias horas na cal soldada.40,44

Os circuitos de respiração reutilizáveis devem ser limpos e esterilizados ou desinfetados usando desinfecção química líquida de alto nível ou pasteurização entre os pacientes; porém, deve-se avaliar o uso de circuitos de respiração descartáveis.40,43 Usar os filtros nos circuitos de anestesia ajuda a evitar que os micro-organismos contaminem os ventiladores e disseminem-se para o ambiente. Um estudo envolveu o circuito anestésico como a provável causa da transmissão da hepatite C.39 Alguns anestesiologistas usam filtros bacterianos nos extremos inspiratórios e expiratórios do circuito de anestesia para pacientes com infecções respiratórias, como a síndrome respiratória aguda grave e TB.

 

Preparação de medicamentos anestésicos

Os PASs que preparam e/ou administram os medicamentos anestésicos devem usar as técnicas assépticas, incluindo realizar a higiene das mãos, limpar as tampas dos frascos antes de perfurá-las, usar diferentes agulhas para retirar medicamentos para seringas múltiplas, evitar usar seringas com medicamentos não usados em vários pacientes e armazenar de forma adequada medicamentos com exigências específicas de temperatura, como propofol.40 Estudos demonstraram que as técnicas inadequadas, em particular violações da técnica asséptica, podem resultar em infecções individuais ou coletivas, variando de ISCs a endoftalmite, sepse e hepatite.40,45,46 Deve-se ter cuidado especial para evitar a contaminação de frascos de multidose e seringas. Uma agulha diferente deve ser usada para cada entrada em frascos de multidose.40

Foram relatados surtos causados pelo uso de seringas de uso único, agulhas e frascos em vários pacientes no departamento de anestesia.47-49 Um estudo investigou a contaminação das máquinas de anestesia e do fole de pacientes e documentou que a contaminação bacteriana da área de anestesia aumentou muito no final dos casos cirúrgicos e que a tubulação intravenosa contaminada estava relacionada às IRASs.50 Um método para reduzir esse tipo de risco de contaminação é preparar medicamentos ou soluções para injeção próximo ao momento de uso e seringas, agulhas e frascos em um único paciente, descartando-os a seguir. Além disso, como ocorre com todas as linhas, portas e orifícios de linhas usados para administrar medicamentos anestésicos devem ser limpos de acordo com o protocolo antes de entrar com uma agulha.

Alguns rejeitos da anestesia, como perfurocortantes, podem apresentar riscos de segurança ao permitir a transmissão de agentes infecciosos, como, por exemplo, patógenos transmitidos pelo sangue. Assim, os hospitais devem ter um plano para gerenciar esses resíduos como parte das políticas e práticas de anestesia.

 

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[*] N. de R. T.: Alguns países proíbem a esterilização de materiais cirúrgicos por meio de imersão em líquidos químicos. 

 

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