Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 29/08/2009
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As necessidades de melhoria na qualidade da assistência em saúde são patentes no nosso cenário atual. É necessário traçar metas, focar objetivos e buscar sempre a excelência na assistência. Entretanto é difícil pensar em como realizar esses processos de melhoria.
Existem diversas metodologias para estruturar melhorias de processo em busca de uma melhor qualidade para o mesmo. Procuraremos apresentar de forma sumária as melhores metodologias existentes.
Este modelo de melhoria de qualidade é composto de 4 etapas. Estas etapas devem ser repetidas até a exaustão, ou seja, até que o problema do processo esteja solucionado. As abreviaturas dessas etapas é que formam a sigla “FADE”:
FOCUS (Focar): definir qual o processo que precisa de melhoria;
ANALYSE (Analisar): coletar e analisar os dados para se ter uma base da situação atual, identificar causas dos problemas e apontar possíveis soluções;
DEVELOP (Desenvolver): com base nos dados levantados desenvolver planos de ação para melhoria, incluindo sua implementação, a comunicação com os envolvidos, e as medidas de monitorização;
EXECUTE (Executar): implementar os planos de ação traçados com base no plano desenvolvido e avaliar através de controles do que ocorre no processo para garantir o sucesso do que foi implementado.
Com base na Figura 1, podemos detalhar essas etapas como descrito na Tabela 1:
Figura 1: Modelo FADE para Melhoria de Qualidade
Tabela 1: Detalhamento das Etapas do Modelo FADE
ETAPA |
Detalhes da Etapa |
Resumo da Etapa |
FOCAR |
Descreva uma lista dos problemas atuais Selecione um problema Verifique e defina bem o problema |
Escreva o problema em detalhes |
ANALISAR |
Decida o que você precisa saber Colete dados da situação de base Determine quais fatores podem influenciar os dados |
Obtenha os dados de base Liste os fatores que influenciam os dados |
DESENVOLVER |
Gere possíveis soluções para o problema Selecione a melhor solução Desenvolva um plano de implementação |
Ache a solução do problema Faça um plano de implementação |
EXECUTAR |
Deve haver comprometimento com o ganho esperado Execute o plano traçado Monitorize o impacto obtido |
Organize um comitê Execute o plano Registre o impacto |
Este outro modelo é muito usado em processo de melhoria de qualidade. O ciclo PDCA foi criado por Walter Shewhart, em meados da década de 1920 e disseminado para o mundo por Deming na década de 1950. Esta ferramenta (PDCA - em inglês Plan, Do, Check e Action) tem, assim como o modelo FADE, etapas a serem seguidas (Figura 2).
Figura 2: Ciclo PDCA
Planejar (PLAN) – identificar o problema >observar > analisar o processo > criar plano de ação
Definir as metas a serem alcançadas;
Definir o método para alcançar as metas propostas.
Executar (DO) – executar o plano de ação
Executar as tarefas como previsto no planejamento;
Coletar dados para a etapa de verificação do processo;
Essencial: educação e o treinamento no trabalho.
Checar (CHECK) – verificar todos os dados relacionados à implementação do plano de ação
Verificar se a execução está dentro do planejado, ou seja, se a meta foi alcançada, dentro do método definido;
Identificar falhas na meta ou no método.
Agir (ACTION) – padronizar e concluir a ação tomada
Caso sejam identificadas falhas, é necessário definir e implementar soluções que eliminem as suas causas;
Caso não sejam identificadas falhas, faz-se um trabalho preventivo, identificando ativamente quais os desvios são passíveis de ocorrer no futuro, suas causas, soluções etc.
Este método leva o nome de seu criador, Kaoru Ishikawa, que desenvolveu esta ferramenta na década de 40. É também conhecida como Diagrama de Espinha de Peixe.
O método consiste em, após determinado o problema em questão, representar as causas ou fatores por setas que apontam para o efeito em estudo (Figura 3). Esses fatores são divididos em 6 grupos (Tabela 2) e em cada um deles podem ser enumerados diversas falhas que tenham sido identificadas. Esse método facilita a análise das causas de um problema em um processo. Uma vez que essa análise tenha sido feita pode-se estipular um plano corretivo direcionado às causas reais do problema.
Figura 3: Diagrama de Ishikawa
Tabela 2: Causas do Problema em Questão
Máquinas |
Inclui todos os aspectos relativos a máquinas, equipamentos e instalações, que podem afetar o efeito do processo. |
Método |
Inclui todos os procedimentos, rotinas e técnicas utilizadas, que podem interferir no processo e, conseqüentemente, no seu resultado |
Material |
Inclui todos os aspectos relativos a materiais como insumos, matérias-primas, sobressalentes, peças etc., que podem interferir no processo e, conseqüentemente, no seu resultado |
Mão-de-obra |
Inclui todos os aspectos relativos à pessoal que, no processo, podem influenciar o efeito desejado |
Medida |
Inclui a adequação e a confiança nas medidas que afetam o processo como aferição e calibração dos instrumentos de medida |
Meio-ambiente |
Inclui as condições ou aspectos ambientais que podem afetar o processo, além disso, sob um aspecto mais amplo, inclui a preservação do meio ambiente |
Ø Existem diversas metodologias para estruturar melhorias de processo em busca de uma melhor qualidade para o mesmo.
Ø Modelo FADE: Este modelo de melhoria de qualidade é composto de 4 etapas – FOCAR (definir o problema a ser solucionado), ANALISAR (levantar dados), DESENVOLVER (montar um plano de solução) e EXECUTAR (colocar o plano em prática e sustentá-lo).
Ø Ciclo PDCA: também consiste de 4 etapas: PLANEJAR (identificar o problema e criar um plano de solução), EXECUTAR (executar o plano desenvolvido), CHECAR (verificar os dados pós-implementação do plano), AGIR (padronizar e concluir a ação tomada).
Ø Diagrama de ISHIKAWA (“espinha de peixe”): após determinar o problema em questão, representar as causas ou fatores por setas que apontam para o efeito em estudo, para a seguir estabelecer planos de ação. Essas causas são divididas em 6 tipos: MÁQUINAS, MÉTODO, MÃO-DE-OBRA, MATERIAIS, MEDIDAS, MEIO-AMBIENTE.
1. Institute of Healthcare Improvement – Campanha 5 Milhões de Vidas – http://www.ihi.org/IHI/Programs/Campaign/
2. Patient Safety – Quality Improvement. Department of Community and Family Medicine, Duke University Medical Center. http://patientsafetyed.duhs.duke.edu/
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