Autor:
Rodrigo Antonio Brandão Neto
Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Última revisão: 03/07/2018
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Os cálculos das glândulas salivares são relativamente comuns, ocorrendo em 1% da população. Eles, geralmente, são encontrados em pacientes entre 30 e 50 anos de idade. A glândula mais afetada é a submandibular (submaxilares), representando de 80 a 95% dos casos. Os cálculos são encontrados menos comumente nas glândulas sublingual e parótida. A sialolitíase é incomum em crianças, ocorrendo apenas em 3 a 5% da população.
O mecanismo causador exato não é claro, mas a estagnação do fluxo nas glândulas salivares e o aumento da concentração de cálcio salivar são fatores, contribuindo para o aumento da viscosidade da saliva predispondo à formação de sialolitíase. A estase e a inflamação resultam na precipitação de cálculos calcificados após o nidamento de uma glicoproteína complexa combinar com o cálcio e o fosfato.
Os fatores de risco para seu aparecimento incluem desidratação, medicamentos diuréticos, medicações anticolinérgicas, medicações antitumorais, trauma, gota, história de nefrolitíase, doença periodontal e história de tabagismo.
Características Clínicas
Os homens são mais frequentemente atingidos do que as mulheres. O cálculo ou sialólito causa edema e dor na glândula envolvida. Os sintomas pioram com as refeições e a obstrução por um sialólito geralmente ocorre na hora da refeição, quando a secreção salivar é aumentada. Os pacientes apresentam dor, edema e hipersensibilidade da glândula em cerca de 70% dos casos, mas até 30% dos indivíduos podem ser assintomáticos.
Se a glândula estiver infectada, o paciente pode ter sintomas sistêmicos como febre, eritema ou calafrios. A área, além de ser eritematosa, pode apresentar purulência proveniente do duto, condição denominada sialadenite. O S. aureus, o Streptococcus viridans, o S. pneumoniae e o H. influenzae predominam em infecções bacterianas. As crianças diferem por ter uma duração mais curta dos sintomas, e seus cálculos apresentam-se mais distalmente nos ductos do que os sialólitos encontrados em adultos.
Em geral, a compressão da glândula salivar faz sair saliva da glândula mandibular; caso essa manobra seja negativa, aumenta a probabilidade de obstrução da glândula. A palpação à glândula pode estar endurecida em vez de esponjosa e elástica.
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial inclui patologias da glândula salivar, doença dos linfonodos, processo granulomatoso, massa de tecido mole e lesão neoplásica. As lesões neoplásicas costumam ser mais endurecidas do que as sialolitíases. A síndrome de Sjögren pode cursar com edema e, raramente, dor em glândulas submandibulares, mas sua manifestação principal é a síndrome sicca.
Exames Complementares
A tomografia computadorizada (TC) sem contraste é muito sensível para cálculos de todos os tamanhos e continua a ser o padrão-ouro, embora exista o risco associado de radiação ionizante. Embora haja relatos de ultrassonografia que reconheçam até 90% dos cálculos maiores que 2mm, ela não permite exclusão confiável de pequenos cálculos salivares. Ambas as modalidades podem ajudar a identificar outras causas de inflamação, como um abscesso ou celulite.
Manejo
O manejo é normalmente conservador, com a maioria dos pacientes procurando, para o diagnóstico, o médico generalista. As orientações são de manter hidratação adequada, aplicação de calor local e analgesia, em geral com analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais.
Se o cálculo é palpável, recomenda-se massagear suavemente a glândula na tentativa de extrair a pedra. Medidas adicionais incluem medicações ou alimentos doces que ajudam a aumentar a produção de secreções glandulares. Quando a infecção está presente, são apropriados os antibióticos que cobrem os organismos afetados, como cefalexina, 500mg, de 6/6 horas, ou clindamicina, 450mg, de 8/8 horas (nos pacientes com alergia à penicilina).
Os pacientes com cálculos maiores que 5mm ou cálculos localizados dentro da glândula ou no ducto proximal são frequentemente resistentes a medidas conservadoras. Esses casos podem exigir tratamento invasivo cirúrgico ou mínimo por um otorrinolaringologista ou cirurgião bucal.
Referências
1- Pfaff JA, Moore G. Otolaringology in Rosen’s Emergency Medicine 2018.
2-Mandel L. Salivary gland disorders. Med Clin North Am 2014; 98:1407.O MedicinaNET é o maior portal médico em português. Reúne recursos indispensáveis e conteúdos de ponta contextualizados à realidade brasileira, sendo a melhor ferramenta de consulta para tomada de decisões rápidas e eficazes.
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