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Associação de Hipoglicemia Neonatal com Desempenho Escolar

Contexto Clínico

 

Algunsincidentes clínicos no período neonatal (podendo ou não ser associados a errosde condução do caso) são associados a desfechos negativos não só no curtoprazo, mas também no longo prazo para as crianças afetadas. Por exemplo, ahipoglicemia neonatal está associada ao aumento do risco de impacto negativo emfunções executivas e visuomotoras, mas as implicações para o aprendizadoposterior são incertas. Assim, há dúvidas em relação a se, entre criançasnascidas com risco de hipoglicemia neonatal, aquelas que apresentamhipoglicemia têm pior desempenho acadêmico no meio da infância.

 

O Estudo

 

Apresentamosum estudo observacional, do tipo coorte prospectiva, feito com recém-nascidosprematuros e a termo nascidos com risco de hipoglicemia. As concentrações deglicose foram medidas por até 7 dias. Bebês com episódios de hipoglicemia(concentração de glicose no sangue < 47 mg/dL [2,6 mmol/L]) foram tratadospara manter concentração de glicose no sangue de pelo menos 47 mg/dL. Foramrecrutados 614 bebês no Waikato Hospital, Hamilton, Nova Zelândia, entre 2000 e2010, e 480 foram avaliados nas idades de 9 a 10 anos entre 2016 e 2020.Hipoglicemia foi definida como pelo menos um evento hipoglicêmico,representando a soma de episódios hipoglicêmicos e intersticiais nãoconcomitantes (concentração de glicose do sensor < 47 mg/dL por = 10minutos) com mais de 20 minutos de intervalo. O desfecho primário avaliado foibaixo desempenho educacional, definido como desempenho abaixo ou bem abaixo donível curricular normativo em testes padronizados de compreensão de leitura oumatemática. Houve 47 desfechos secundários relacionados a função executiva,função visuomotora, adaptação psicossocial e saúde geral.

Das 587crianças elegíveis (230 [48%] do sexo feminino), 480 (82%) foram avaliadas comidade média de 9,4 (DP: 0,3 ano). As crianças que foram e que não foramexpostas à hipoglicemia neonatal não diferiram significativamente nas taxas debaixo desempenho educacional (138/304 [47%] vs. 82/176 [48%], respectivamente;diferença de risco ajustada, -2% [IC 95%, -11% a 8%]; risco relativo ajustado,0,95 [IC 95%, 0,78 a 1,15]). As crianças que foram expostas à hipoglicemianeonatal, em comparação com aquelas não expostas, foram significativamentemenos propensas a serem classificadas pelos professores como estando abaixo oubem abaixo do nível do currículo para leitura (68/281 [24%] vs. 49/157 [31%],respectivamente; diferença de risco ajustada, -9% [IC 95%, -17% a -1%]; riscorelativo ajustado, 0,72 [IC 95%, 0,53 a 0,99; P?=?,04]). Os grupos não foramsignificativamente diferentes para outros desfechos secundários.

 

Aplicação Prática

 

Neste estudo observacional, pudemosverificar que, entre os recém-nascidos em risco de hipoglicemia neonatal queforam rastreados e tratados, se necessário, a exposição à hipoglicemia neonatalem comparação com a ausência de tal exposição não foi significativamenteassociada ao menor desempenho educacional no meio da infância. Se isso nãoisenta a correta identificação e correção da hipoglicemia nessa população, aomenos não há indícios de impactos negativos do ponto de vista educacional nainfância.

 

 

Bibliografia

 

1.            Shah R, Dai DWT, Alsweiler JM, et al.Association of Neonatal Hypoglycemia With Academic Performance inMid-Childhood. JAMA. 2022;327(12):1158?1170