Paciente lúpica de 27 anos, evoluindo com dispnéia e dor pré cordial ventilatório-dependente nas últimas semanas
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DERRAME PERICÁRDICO devido a pericardite causada pelo Lupus eritematoso sistêmico
Definição de derrame pericárdico – volume de líquido maior do que 50 ml. Lembrar que alguns casos de pericardite cursam sem derrame pericárdico.
Causas de pericardite e derrame pericárdico:
a) Infecciosa:
Viral;
Bacteriana;
Tuberculose;
Fungos;
Outros (sífilis, toxoplasmose, amebíase).
b) Auto-imune:
Febre reumática;
Lupus, AR, espondilite anquilosante, esclerodermia, Wegener;
Medicamentosa (anticoagulantes, minoxidil, isoniazida, fenitoina).
c) Pós-lesões cardíacas:
Pós-traumática;
Pós-pericardiotomia;
Síndrome de Dressler.
d) Manifestação de doença sistêmica:
Uremia;
Infarto agudo do miocárdio;
Neoplasias primárias benignas ou malignas, mesotelioma;
Neoplasias metastáticas de pulmão, mama, leucemias e linfomas;
Mixedema;
Sarcoidose;
Doença de Whipple.
e) Outros:
Pericardite familiar;
Pericardite idiopática;
Pericardite pós radioterapia;
Trauma torácico (aberto ou fechado);
Quilopericárdio;
Dissecção da aorta.
Achados radiológicos de derrame pericárdico:
a) Radiografia convencional:
Normal – se o volume for menor do que 250 ml;
Configuração em “bexiga cheia de àgua” – coração aumentado simetricamente (é o caso de nossa paciente);
Perda do espaço retroesternal livre;
Sinal do coxim gorduroso – separação da linha de gordura do esterno > 2 mm;
Crescimento rápido da silhueta cardíaca em radiografias sucessivas com pulmões normais;
Em radioscopia – diminuição da amplitude das batidas cardíacas;
Discreta diferença de densidade entre o miocárdio e o derrame pericárdico mais periférico (muito difícil de avaliar).
b) Tomografia:
Evidencia melhor do que as radiografias, porque possibilita visualizar a espessura do pericárdio, coleções posteriores e, ao mesmo tempo, avalia melhor os pulmões e o mediastino.
c) Ecografia:
O melhor método pela acurácia, pela facilidade de realização, mesmo à beira do leito nas UTIs, e pela identificação do líquido e do saco pericárdico e as características dos mesmos. O ecocardiografista poderá também avaliar alterações morfológicas e funcionais do coração.
TAMPONAMENTO CARDÍACO
Definição de tamponamento cardíaco - compressão significativa do coração condicionada por líquido no saco pericárdico dificultando o enchimento diastólico dos ventrículos.
a) Sinais de tamponamento cardíaco:
Taquicardia;
Pulso paradoxal (diminuição da pressão arterial na inspiração profunda);
Elevação da pressão venosa central condicionando engurgitamento dos vasos do pescoço;
Hipotensão;
Ausculta – atrito pericárdico e diminuição da intensidade dos batimentos;
Aumento rápido da silhueta cardíaca em radiografias seriadas;
Distenção da veia cava superior, da veia cava inferior, das veias renais e das veias hepáticas;
Edema periportal (visibilizado no ultra-som abdominal);
Hepatomegalia;
Alterações eletrocardiográficas: baixa voltagem, elevação do ST, depressão do PR, anormalidades inespecíficas de onda T.
b) Ecocardiograma
Colapso diastólico do ventrículo direito;
Colapso cíclico dos átrios.
c) Tratamento
Drenagem, que é o que foi feito com a nossa paciente. Abaixo, a figura após drenagem. Podemos observar o nível hidroaéreo (setas)