A gravidez é um período de profundas modificações endócrinas, imunológicas e metabólicas que provocam, na pele, desde mudanças fisiológicas até alterações verdadeiramente patológicas, dependendo da intensidade e das repercussões dessas modificações.
As alterações cutâneas e as erupções na pele são extremamente comuns na gravidez e são classificadas em 3 grupos principais:
1. Alterações cutâneas fisiológicas na gravidez.
2. Doenças cutâneas e tumores modificados pela gravidez.
3. Dermatoses específicas da gravidez.
No final deste texto, faremos uma breve explanação sobre os cuidados com a pele na gestação e o uso de drogas dermatológicas na gravidez.
Tabela 1: Resumo das alterações cutâneas fisiológicas na gravidez
Pigmentação |
|
Cabelos |
Hirsutismo e eflúvio telógeno pós-parto |
Unhas |
Perda do brilho, onicólise distal, hiperqueratose subungueal e sulcos transversos |
Glandular |
Aumento das funções écrinas e sebáceas e diminuição da função das apócrinas |
Tecido conectivo |
Estrias |
Vascular |
Telangiectasias, eritema palmar, varicosidades, hemorroidas, edema não-depressível, sinal de Jacquemier-Chadwick, sinal de Goodell e instabilidade vasomotora |
Mucosa oral |
Hiperemia, edema gengival e gengivite |
As alterações de pigmentação na gravidez incluem a Hiperpigmentação e o melasma. A causa parece ser o aumento do estrógeno, do hormônio estimulador de melanócitos e da progesterona.
A Hiperpigmentação é vista em aproximadamente 90% das gestantes. A maioria das grávidas observa um aumento leve e generalizado da pigmentação e essas alterações são mais intensas nas pacientes com peles mais escuras. Vale lembrar que as áreas já pigmentadas tornam-se mais escuras, como mamilos, aréolas, genitália externa, face interna das coxas, axilas e a linha alba (linha média do abdome) que se torna linha nigra. Eventualmente pode ocorrer Hiperpigmentação de sardas, nevos e cicatrizes. A Hiperpigmentação frequentemente melhora após o parto.
O melasma ou “máscara gravídica” ocorre em aproximadamente 70% das mulheres, durante a 2ª metade da gravidez. Caracteriza-se por mancha hiperpigmentada irregular e simétrica com localizações que podem ser centrofacial, malar, mandibular ou áreas associadas. A luz ultravioleta agrava o melasma e pode favorecer a manutenção da lesão no pós-parto. Na maioria dos casos, o melasma desaparece no puerpério, mas pode recorrer em novas gestações.
O tratamento dessas condições baseia-se na fotoproteção de amplo espectro e no uso de preparações tópicas contendo hidroquinona, corticoide e tretinoína, principalmente nos casos de melasma. No período gestacional, esse tratamento é dificultado pelas as contraindicações à hidroquinona e à tretinoína.
Hirsutismo leve a moderado, principalmente na face, é frequentemente observado na gravidez e é resultado das alterações endócrinas no período, regredindo nos primeiros 6 meses pós-parto. Em casos de hirsutismo intenso, é importante excluir tumores ovarianos, luteomas, cistos lúteos e síndrome do ovário policístico.
Muitas mulheres apresentam o crescimento acentuado dos cabelos na gestação, pelo aumento do número de cabelos na fase anágena (fase de crescimento); após o parto, ocorre uma maciça mudança desses fios para a fase telógena (fase de involução), resultando no chamado eflúvio telógeno e consequente queda difusa desses fios, com duração de 1 a 5 meses. A melhora espontânea é comum.
O rápido crescimento ungueal comumente resulta em perda do brilho, onicólise distal e hiperqueratose subungueal.
Ocorre aumento da atividade das glândulas écrinas resultando em aumento da incidência de miliária, da hiperidrose e do eczema disidrótico.
Apesar da variação individual, as glândulas sebáceas tendem a aumentar sua função, principalmente no 3º trimestre, pelo aumento dos estrógenos circulantes. O curso da acne é imprevisível, mas em muitas gestantes surge pela primeira vez na gravidez.
Existem controvérsias sobre o que ocorre com as glândulas apócrinas na gestação, mas a melhora de doenças pré-existentes, como Fox-Fordyce e hidradenite supurativa, sugerem diminuição da atividade dessas glândulas.
Estrias de distensão são comuns na gravidez, ocorrendo em 90% das mulheres durante o 6º e 7º meses de gestação. A combinação da influência genética com a distensão mecânica dos tecidos e com o aumento dos níveis séricos de cortisol e de estrógeno parecem ser os principais fatores relacionados. As lesões iniciam-se como faixas atróficas de coloração rósea a purpúrica no abdome, no quadril, nas nádegas e algumas vezes nas mamas. Após o parto, tornam-se pálidas e menos evidentes, mas raramente desaparecem.
As alterações vasculares são comuns e são causadas principalmente pela manutenção dos elevados níveis de estrógenos. No início da gestação, o aumento da vascularização da vagina, manifestado clinicamente como eritema violáceo, é conhecido como sinal de Jacquemier-Chadwick e o mesmo ocorrendo na cérvice constitui o sinal de Goodell. Aranhas vasculares e eritema palmar são comuns e ocorrem em aproximadamente 70% das grávidas, principalmente em mulheres brancas, costumando desaparecer no pós-parto. Varicosidades e hemorroidas podem aparecer e são frequentes na gravidez. A trombose venosa profunda é rara e ocorre em menos de 10% das grávidas.
Edema não-depressível facial, periocular e de extremidades ocorre em cerca de 50% das grávidas.
As gestantes também apresentam frequentemente instabilidade vasomotora manifestada por episódios de flushing, palidez, calor, frio, dermografismo e urticária.
Hiperemia, edema gengival e gengivite são extremamente frequentes nas grávidas, agravando-se no 3º trimestre e tendendo a melhorar no pós-parto. As más condições periodontais e nutricionais associadas à pobre higiene bucal podem acentuar a gengivite, provocando ulcerações e dor.
Algumas dermatoses são agravadas pela gravidez, outras melhoram e muitas têm comportamento imprevisível.
Tabela 2: Doenças cutâneas e os tumores modificados pela gravidez
Infecções |
Candidoses |
> 50% das gestantes |
Herpes simples |
Morbimortalidade fetal | |
Varicela |
Morbimortalidade materna e fetal | |
Herpes zóster |
Não causa complicações | |
Tricomoníase |
> 60% das grávidas | |
Condiloma acuminado |
Pode ter crescimento rápido, obstruindo canal de parto | |
Hanseníase |
1/3 de exacerbação da doença e, na maioria, aumento da frequência dos estados reacionais | |
Autoimunes |
Lúpus cutâneo crônico |
Sem alterações durante gestação |
Lúpus eritematoso sistêmico |
Exacerbação variável, relacionada à doença não controlada nos últimos 3 meses, doença em atividade, doença renal e cardíaca pré-existentes | |
Esclerose sistêmica |
Maioria sem alterações, algumas melhoram. Pode haver piora renal, hipertensão e pré-eclâmpsia | |
Dermatomiosite/polimiosite |
Geralmente inalterado, porém algumas deterioram | |
Tecido conectivo |
Ehlers-Danlos |
Ruptura de grandes vasos, lacerações e prolapso do útero e sangramento no pós-parto |
Pseudoxantoma elástico |
Sangramento gastrintestinal, epistaxe e insuficiência cardíaca congestiva | |
Tumores |
Epulis (Granuloma piogênico) |
Pode surgir em 2% das gestações |
Dermatofibromas, leiomiomas, queloides e acrocórdons |
Podem surgir e crescer | |
Nevos |
Podem surgir, pigmentar e crescer | |
Melanoma |
Sem evidência de correlação | |
Micose fungoide |
Pode piorar | |
Miscelânea |
Dermatite atópica, acne e psoríase |
Variável |
Eczema dos mamilos e dermatite de contato |
Podem surgir no pós-parto | |
Eritema multiforme, eritema nodoso e acantose nigricante |
Gravidez pode precipitar | |
Porfiria cutânea tardia |
Na maioria, agrava |
A diminuição da imunidade celular resulta no aumento da incidência e da gravidade de inúmeras infecções. A candidose e a tricomoníase são frequentes na gravidez.
O condiloma acuminado pode crescer rapidamente na gravidez e obstriur o canal de parto. Já a infecção pelo herpes simples não é modificada pela gravidez, mas é relacionada à morbidade e à mortalidade fetal. No caso da varicela, as complicações podem ser maternas e/ou fetais, como: pneumonia materna, morte materna, parto prematuro e varicela congênita, dependendo da idade gestacional de contaminação e da gravidade da doença materna.
Na gravidez, pode ocorrer exacerbação da hanseníase, maior frequência dos estados reacionais e aumento da resistência a poliquimioterapia.
O lúpus cutâneo crônico não é afetado pela gravidez. Sobre o lúpus sistêmico, se a grávida está em remissão há pelo menos 3 meses e não tem nefropatia ou cardiopatia, a gravidez é, em geral, bem tolerada. Se a concepção ocorre durante atividade lúpica ou se o lúpus surge na gestação, a incidência de complicações aumenta. O lúpus sistêmico materno pode afetar a criança (lúpus neonatal).
A esclerodermia e a dermatomiosite/polimiosite geralmente não são alteradas pela gestação, mas em alguns casos podem ocorrer complicações graves (Tabela 2).
Pacientes com síndrome de Ehlers-Danlos tipos I e IV têm risco aumentado de ruptura de grandes vasos (especialmente tipo IV), lacerações uterinas, sangramento no pós-parto e prolapso uterino. As pacientes com pseudoxantoma elástico têm risco aumentado de sangramento do trato gastrintestinal, epistaxe e insuficiência cardíaca com arritmias ventriculares.
Alguns tumores podem surgir ou sofrer mudanças na cor, aumentar de tamanho ou número durante a gravidez.
O granuloma piogênico (granuloma gravidarium, epulis gravídica) é um tumor vascular benigno que surge devido à proliferação vascular intensa na gengiva entre o 2º e o 5º meses de gestação.
Dermatofibromas, leiomiomas e queloides podem surgir e crescer rapidamente na gravidez. Os acrocórdons (molusculum fibroso gravidarum) são tumores benignos e pedunculados que surgem frequentemente nos últimos meses da gestação, especialmente nos segmentos superiores do corpo.
Vale lembrar que os nevos podem aumentar em número, tamanho ou tornar-se mais pigmentados na gravidez sem representar sinal de malignidade. A relação entre melanoma e gravidez já foi muito discutida e parece não haver aumento da incidência, nem alteração no prognóstico.
A dermatite atópica geralmente melhora com a gravidez, mas o curso é imprevisível e existem relatos de exacerbação da doença. A amamentação pode levar ao eczema dos mamilos e o puerpério aumenta a incidência de dermatite de contato por irritante primário nas mãos pela exposição a inúmeros novos irritantes.
Exacerbação ou precipitação do eritema multiforme, do eritema nodoso e da acantose nigricante tem sido descritos.
O efeito da gravidez na psoríase é variável. Uma forma rara de psoríase pustulosa generalizada tem sido relatada no último trimestre da gravidez é denominada impetigo herpetiforme.
Na maioria dos relatos parece ocorrer uma piora da porfiria cutânea tardia na gravidez, descrita principalmente no 1º trimestre pelo aumento de estrógenos e a diminuição da excreção das porfirinas. Parece não haver qualquer prejuízo ao feto.
As dermatoses específicas da gravidez são condições que ocorrem exclusivamente na gestação, como a colestase intra-hepática da gravidez (CIH), gravidez, herpes gestacional (HG), placas e pápulas urticariformes pruriginosas da gravidez (PUPPP) e prurigo gestacional (PG).
Tabela 3:. Dermatoses específicas da gravidez e suas principais características
|
Características |
Diagnóstico e tratamento |
Risco gestacional |
CIH |
3º trimestre da gestação; prurido sem lesão primária; recorrência em 40 a 50% em novas gestações |
Investigar colestase; tratar com ácido ursodeoxicólico |
Prematuridade; líquido aminiótico com mecônio; morte fetal |
HG |
2º ou 3º Trimestre; placas eritematoedematosas iniciadas no abdome tornando-se vesicobolhas disseminadas; poupa mucosas e face |
Diagnóstico: anatomopatológico (AP) e imunofluorecência (IF); tratamento: anti-histamínicos e corticoides |
HG neonatal; prematuridade; fetos pequenos para idade gestacional |
PUPPP |
3º trimestre, primíparas e gestações múltiplas; placas e pápulas edematosas iniciando no abdome e seguindo as estrias; pode disseminar e poupa umbigo |
AP e IF diferenciam da HG; tratamento: sintomático |
Sem risco |
PG |
Mais precoce; múltiplas pápulas escoriadas disseminadas; pode recorrer em gestações futuras |
Exames laboratoriais normais, AP inespecífico e IF negativa; tratamento: sintomático |
Sem risco |
A colestase intra-hepática (CIH) da gravidez ocorre principalmente no 3º trimestre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. A causa é multifatorial e provavelmente resultado do aumento da excreção de ácidos biliares induzido pelos metabólitos do estrógeno e da progesterona.
As principais características são: prurido localizado no abdome, nas palmas, nas plantas ou até generalizado e ausência de lesão cutânea primária, associados ou não a icterícia. Na CIH, podem existir alterações bioquímicas consistentes com colestase, portanto, no caso de suspeita, é fundamental investigar.
A resolução da doença com o parto é comum, mas a recorrência ocorre em
O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras causas de prurido em que ocorrem lesões primárias, como escabiose, eczemas, urticária e erupção às drogas.
O tratamento com ácido ursodeoxicólico é efetivo em controlar o prurido e normalizar testes hepáticos, caso estes estejam anormais.
Doença rara que acomete aproximadamente 1 em cada 50.000 gestações. Alterações imunológicas e predisposição genética parecem ser os principais fatores causais.
Ocorre no 2º ou no 3º trimestre, caracteriza-se pelo súbito aparecimento, com início frequentemente no abdome, de lesões eritematoedematosas, urticariformes, extremamente pruriginosas. As lesões progridem rapidamente para uma erupção vesicobolhosa generalizada poupando face, mucosas, palmas e plantas. A HG tem curso clínico variável, geralmente, remite nas fases finais da gestação e volta a exacerbar-se em 75% dos casos na época do parto e puerpério. A regressão espontânea ocorre em semanas a meses do pós-parto. A doença tende a ser mais leve ou não ocorrer nas gestações subsequentes.
Não há risco materno; existem referências de tendência a recém-nascidos pequenos para a idade gestacional e prematuridade. HG neonatal ocorre em aproximadamente 10% dos casos, geralmente os sintomas são leves e autolimitados.
O diagnóstico é realizado com a soma dos dados clínicos ao estudo anatomopatológico e ao estudo de imunofluorecência com alterações sugestivas.
O diagnóstico diferencial nas fases iniciais inclui pápulas e placas urticariformes e pruriginosas da gravidez (PUPPP), urticária, dermatite de contato e erupções a drogas. Na fase vesicobolhosa, o diagnóstico diferencial é com outras doenças bolhosas.
O tratamento nas formas leves é realizado com corticoides tópicos e anti-histamínicos, nas formas mais severas são recomendados os corticoides sistêmicos e outros imunossupressores avaliando o risco-benefício (checar sessão drogas e gravidez).
A PUPPP é a mais comum das dermatoses específicas, ocorrendo em aproximadamente 1 em cada
No 3º trimestre, a paciente inicia a doença com queixas de prurido intenso que evoluem com pápulas e placas urticadas tipicamente seguindo as estrias do abdome e poupando o umbigo. As lesões podem estender-se para mamas, membros superiores e nádegas. Não existe risco materno ou fetal e a recorrência é rara. A doença remite com o parto.
O estudo anatomopatológico e a negatividade da imunofluorescência ajudam no diagnóstico, principalmente na exclusão da HG. O diagnóstico diferencial deve ser realizado também com erupções medicamentosas, exantemas virais, prurigo da gravidez e CIH.
O tratamento é sintomático, com anti-histamínicos, corticoides tópicos e calamina tópica.
O PG é a dermatose específica de início mais precoce, entre a 25ª e 30ª semana gestacional. Ocorre em 1 a cada 300 gestações e a causa é desconhecida.
Caracteriza-se por múltiplas pápulas escoriadas no abdome e nas faces extensoras dos membros. A mãe e o feto não são afetados, exceto pelo incômodo do prurido para a mãe. A doença permanece por toda gestação com melhora após o parto, podendo permanecer por poucos dias do puerpério. A doença pode recorrer nas futuras gestações.
Os exames laboratoriais são normais e o histopatológico, inespecífico com imunofluorecência negativa.
O diagnóstico diferencial deve incluir as dermatoses específicas e as dermatoses pruriginosas não relacionadas à gravidez.
O tratamento é sintomático e geralmente insatisfatório.
Tabela 4: Principais cuidados da pele na gestação
Dieta balanceada e exercícios físicos |
O ganho excessivo de peso parece influenciar no aparecimento de estrias e varizes |
Cuidados com mamilos |
Limpeza correta, amamentação com posição e frequência adequadas, para evitar eczema dos mamilos |
Higiene bucal |
Prevenção de gengivites, cáries e ulcerações |
Hidratantes |
Controlar ressecamento da pele e função controversa na prevenção de estrias |
Meia elástica |
Diminui edema de membros inferiores e parece diminuir aparecimento de varizes |
Fotoproteção de amplo espectro (contra raios UVA e UVB) |
Prevenção de melasma e das hiperpigmentações |
Atualmente ainda não existe suporte científico que defina o risco preciso das drogas na gravidez e na lactação. A impossibilidade de realização estudos controlados e a dificuldade de extrapolar os achados de estudos em animais para os humanos tornam ainda mais difícil a classificação do risco das drogas na gravidez.
O sistema de classificação de risco de drogas na gestação do US Food and Drug Administration (FDA) introduzido em 1979, atualmente ainda é o mais utilizado, apesar de não considerar a dose e o tempo de uso da droga.
Tabela 5: Classificação de risco de drogas na gravidez do FDA*
Categoria A |
Estudos controlados em mulheres não demonstraram risco para o feto e a possibilidade de agressão fetal parece remota. Inclui poucas drogas como vitaminas do pré-natal e hormônios tireoidianos. |
Categoria B |
Estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas não há estudos controlados em mulheres grávidas; ou apresentaram algum efeito adverso em animais não confirmado em estudos bem controlados em gestantes humanas. Inclui várias classes de drogas de uso comum, como as penicilinas. |
Categoria C |
Estudos em animais revelaram efeitos adversos no feto e não há pesquisas controladas em mulheres, ou elas não são disponíveis em mulheres e em animais. Só devem ser administradas se o benefício esperado justificar o potencial de risco para o feto. São exemplos: fluoroquinolonas, fluconazol, itraconazol e outras. |
Categoria D |
Há evidências de risco para o feto humano, mas os benefícios do seu uso podem justificar o risco (p. ex.: se a droga for necessária em situação de risco de vida iminente ou, no caso de doença grave, não existirem drogas alternativas mais seguras e eficazes). Carbamazepina e fenitoína são exemplos. |
Categoria X |
Estudos em animais e humanos demonstraram anormalidades fetais ou há risco baseado em experimentação humana, ou ambos. O risco de sua utilização na gestante suplanta claramente qualquer benefício potencial. A droga está contraindicada em mulheres que estão ou ficarão grávidas. A isotretinoína e a talidomida são exemplos. |
*Algumas medicações são citadas como classe N (não-classificadas).
Na Tabela 6, existe uma relação das principais drogas de uso dermatológico e seus riscos segundo o FDA. É fundamental lembrar que os riscos são maiores nos primeiros 3 meses da gestação (fase de embriogênese e organogênese), mas que o risco ainda permanece nos meses seguintes para várias medicações. Vale lembrar ainda que, segundo resolução da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o uso da ureia como hidratante em concentrações superiores a 3% é proibido durante toda a gestação.
Tabela 6: Resumo das principais medicações de uso dermatológico e sua classificação de risco na gravidez
Acne | ||
Tópicos |
Eritromicina, clindamicina, ácido azeláico e metronidazol |
B |
Peróxido de benzoíla |
C | |
Tretinoína e adapaleno |
C | |
Tazaroteno |
X | |
Sistêmicos |
Eritromicina (estearato) |
B |
Tetraciclina |
C | |
Isotretinoína |
X | |
Psoríase | ||
Tópicos |
Calcipotriol, corticoides |
C |
Tazaroteno |
X | |
Sistêmicos |
Ciclosporina, psoralenos |
C |
Metotrexato |
X | |
Acitretina |
X | |
Antibióticos | ||
Tópicos |
Mupirocina |
C |
Sistêmicos |
Penicilina, cefalosporina, azitromicina |
B |
Sulfamidas |
B (D próximo ao termo) | |
Claritromicina, quinolonas |
C | |
Antifúngicos | ||
Tópicos |
Ciclopirox, nistatina, terbinafina, clotrimazol e oxiconazol |
B |
Demais imidazólicos, sulfeto de selênio |
C | |
Sistêmicos |
Terbinafina |
B |
Fluconazol, itraconazol, cetoconazol e griseofulvina |
C | |
Antivirais | ||
Tópicos |
Imiquimod |
B |
Podofilina |
C | |
Sistêmicos |
Aciclovir, ganciclovir e fanciclovir |
B |
Miscelânea | ||
Sistêmicos |
AINH |
B (Classe D no 3º trimestre e parto) |
Paracetamol |
B toda gestação | |
Ivermectina |
N |
Saber diferenciar alterações fisiológicas de modificações patológicas que possam causar prejuízos à grávida e ao neonato.
Orientar todos os cuidados com a pele na gestação, para minimizar problemas no puerpério e nas novas gestações.
O bom senso é fundamental na escolha das medicações neste período, devendo-se optar sempre pelo uso da menor quantidade de substâncias possíveis.
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