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Álcool e fibrilação atrial

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 07/12/2008

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Álcool e fibrilação atrial

 

Consumo de álcool e risco de fibrilação atrial em mulheres.

Alcohol Consumption and Risk of Incident Atrial Fibrillation in Women. JAMA 2008;300(21):2489-2496 [Link livre para o artigo completo].

 

Fator de impacto da revista (JAMA): 25,547

 

Contexto Clínico

            Estudos prévios vêm revelando vários efeitos do consumo de álcool sobre eventos cardiovasculares. Estes efeitos dependem do evento cardiovascular em questão e da quantidade de álcool consumida. Por exemplo, o consumo moderado de álcool tem sido consistentemente associado a menor risco de doença coronariana, AVC e insuficiência cardíaca, por outro lado, o consumo moderado a alto de álcool de forma regular (ou o consumo agudo de grandes quantidades de álcool) pode aumentar o risco de desenvolver fibrilação atrial, entretanto esta relação foi demonstrada em homens, mas não em mulheres2.

 

O Estudo

            Foi uma análise da coorte original do Women’s Health Study (um estudo randomizado já completado, realizado nos EUA). As participantes (n=34.715) eram mulheres saudáveis, com mais de 45 anos e sem fibrilação atrial. Elas foram acompanhadas de 1993 a 2006. O consumo de álcool foi avaliado com questionários realizados no início do acompanhamento e aos 48 meses do início, e foi classificado em 4 categorias (0; >0 e <1; = 1 e < 2 e = 2 doses por dia). fibrilação atrial foi auto-relatada em questionários anuais e posteriormente confirmada por eletrocardiograma e revisão de registros médicos.

 

Resultados

            Durante uma mediana de seguimento de 12,4 anos, 653 casos de fibrilação atrial (FA) incidente foram confirmados. As incidências de fibrilação atrial ajustadas por idade entre as mulheres consumindo 0 doses (n=15370), > 0 e < 1 dose (n=15758), = 1 e < 2 doses (n=2228) e = 2 doses (n=1359)  de bebida alcoólica por dia foram 1,59; 1,55; 1,27 e 2,25 eventos por 1000 pessoas-ano de seguimento, respectivamente. Comparadas com mulheres que não bebem, aquelas que bebem mais de 2 doses de álcool por dia apresentaram um aumento absoluto no risco de desenvolver FA de 0,66 eventos por 1000 pessoas-ano. Isto corresponde a um risco relativo para FA incidente, ajustado para múltiplas variáveis, de 1,60 (IC95% 1,13 – 2,25). Os riscos relativos para as três primeiras categorias de consumo de álcool foram respectivamente:1; 1,05 (IC95% 0,88-1,25) e 0,84 (IC95% 0,58-1,22). O risco aumentado de desenvolver FA entre as mulheres que consomem mais de duas doses de álcool por dia persistiu elevado mesmo quando o consumo de álcool foi atualizado 4 anos após a primeira avaliação (RR:1,49 IC95% 1,05-2,11), e quando mulheres apresentando seu primeiro evento cardiovascular foram excluídas da análise (RR:1,68 IC95% 1,18-2,39). Os autores concluem que entre mulheres saudáveis de meia idade, consumo menor que duas doses de álcool por dia não está associado a um risco aumentado de FA, mas o consumo pesado de álcool (duas doses ou mais por dia) está associado a um pequeno, mas estatisticamente significativo risco aumentado de fibrilação atrial.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Este estudo adiciona informações a respeito da relação do consumo de álcool e a ocorrência de doença cardiovascular. A associação entre consumo elevado de álcool e FA já era conhecida nos homens, mas os dados em mulheres eram inconsistentes. Os resultados deste estudo apontam não para uma associação linear, mas para um efeito limiar em que o risco de FA aumenta apenas após o consumo de duas doses ou mais de álcool por dia. Assim, as recomendações para limitar o consumo alcoólico para menos de duas doses diárias continuam válidas e com amplo suporte na literatura.

 

Bibliografia

1. Conen D, Tedrow UB, Cook NR, Moorthy MV, Buring JE, Albert CM. Alcohol Consumption and Risk of Incident Atrial Fibrillation in Women. JAMA 2008; 300(21):2489-2496. [Link livre para o artigo completo].

2. Djousse´ L, Levy D, Benjamin EJ, et al. Long-term alcohol consumption and the risk of atrial fibrillation in the Framingham Study. Am J Cardiol 2004; 93(6):710-713.

 

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