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Diretriz – Diagnóstico e manejo do DPOC estável

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 03/01/2012

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Especialidades e Áreas de Atuação: Pneumologia / Medicina de Família e Comunidade / Medicina Hospitalar

 

Resumo

Esta diretriz é a mais recente atualização em termos de diagnóstico e tratamento do DPOC estável.

 

Contexto clínico

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença pulmonar progressiva de grande importância em saúde pública. No Brasil, a prevalência estimada por um estudo de 2003 (Projeto Platino) é de 15,8% na população com idade igual ou maior que 40 anos. Está também entre as 5 principais causa de internação nesta faixa etária, acarretando grandes gastos. Nos EUA, afeta mais de 5% da população e é a 3ª causa de mortalidade, gerando custos na casa dos 50 bilhões de dólares por ano.

Este texto traz a última revisão da diretriz de diagnóstico e manejo do DPOC estável cujas recomendações seguem o sistema do American College of Physicians (ACP).

 

Tabela 1. Sistema de graduação de evidência do ACP

 

Força da recomendação

Qualidade da evidência

Benefícios superam os riscos ou riscos superam os benefícios

Benefícios se balanceiam com os riscos

Alta

Forte

Fraca

Moderada

Forte

Fraca

Baixa

Forte

Fraca

 

Recomendações

1.   Recomenda-se que a espirometria seja feita para diagnosticar obstrução de fluxo na via aérea em pacientes com sintomas respiratórios (recomendação forte, qualidade moderada). Espirometria não deve ser usada para rastreamento de doença obstrutiva de via aérea em indivíduos sem sintomas respiratórios (recomendação forte, qualidade moderada). Bons parâmetros para serem considerados na indicação da espirometria são a combinação de um tabagismo de pelo menos 55 anos-maço, presença de sibilos à ausculta pulmonar e queixa de chiado relatado pelo paciente. A ausência destes três itens praticamente descarta obstrução de via aérea.

2.   Pacientes com DPOC estável, porém sintomáticos e com VEF1 entre 60 e 80% do predito, devem ser tratados com broncodilatadores inalatórios (recomendação fraca, qualidade baixa). Podem ser usados anticolinérgicos ou beta-agonistas de longa duração. Provavelmente, nem todos os pacientes se beneficiarão desta conduta, e não se sabe qual a melhor frequência de reavaliação ou por quanto tempo esta terapêutica deve ser mantida, pois faltam estudos nesse sentido. Esta recomendação não tem relação com o uso de broncodilatador de forma ocasional para alívio de sintomas agudos.

3.   Para pacientes estáveis com sintomas respiratórios e VEF1 < 60% do predito, recomenda-se o tratamento com broncodilatadores inalatórios (recomendação forte, qualidade moderada). Este é o grupo de pacientes que mais se beneficia do uso de anticolinérgicos ou beta-agonistas de longa duração segundo os ensaios clínicos.

4.   Recomenda-se que o médico prescreva monoterapia baseada em anticolinérgicos inalatórios de longa ação ou em beta-agonistas inalatórios de longa duração para pacientes sintomáticos com VEF1 < 60% do predito (recomendação forte, qualidade moderada). A escolha entre uma ou outra opção deve ser baseada nas preferências do paciente, no custo e no perfil de efeitos adversos. A terapia com uma dessas duas classes de drogas é benéfica em diminuir o número de exacerbações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. As evidências não são conclusivas do ponto de vista de mortalidade, hospitalização e dispneia. Quanto aos corticosteroides inalatórios, mesmo sendo superiores a placebo, seu perfil de efeitos colaterais e uma menor plausibilidade biológica para uso (diferente do que se encontra na asma), não o tornam uma opção como monoterapia.

5.   O médico pode prescrever terapias inalatórias combinadas (anticolinérgicos inalatórios de longa ação, beta-agonistas inalatórios de longa duração ou corticosteroides inalatórios) para pacientes sintomáticos com VEF1 < 60% do predito (recomendação fraca, qualidade moderada). Muitos dos pacientes com VEF1 < 60% do predito irão se beneficiar de terapia inalatória combinada, apesar de não se saber ao certo quando substituir a monoterapia por esta estratégia. A terapia combinada mais estudada é a associação de corticosteroides inalatórios com beta-agonistas inalatórios de longa duração. Vale ressaltar que os benefícios encontrados em estudos são marginais com a terapia combinada, por isso, esta não é uma recomendação forte, e deve ser considerada pelo médico caso-a-caso.

6.   Recomenda-se que o médico prescreva reabilitação pulmonar para pacientes sintomáticos com VEF1 < 50% do predito (recomendação forte, qualidade moderada). Pode-se considerar a possibilidade de prescrever reabilitação pulmonar para pacientes com VEF1 > 50% do predito (recomendação fraca, qualidade moderada), uma vez que não é possível generalizar os benefícios da reabilitação pulmonar para pacientes com obstrução mais leve. Nos casos com VEF1 > 50% do predito, deve-se considerar a reabilitação para aqueles pacientes muito sintomáticos ou que pouco toleram atividades físicas a despeito do tratamento clínico.

7.   Recomenda-se a prescrição de oxigenioterapia contínua para pacientes com DPOC que tenham hipoxemia de repouso grave (PaO2 < ou = 55mmHg ou SatO2 < ou = 88%) (recomendação forte, qualidade moderada). A avaliação da oxigenação não pode ocorrer durante ou imediatamente após uma exacerbação. O uso de oxigênio suplementar por 15 horas ou mais por dia tem impacto em mortalidade neste grupo de pacientes hipoxêmicos.

 

Bibliografia

1.   Qaseem A, Wilt T, Weinberger SE, Hanania NA, Criner G, van der Molen T, et al. Diagnosis and management of stable chronic obstructive pulmonary disease: a clinical practice guideline update from the American College of Physicians, American College of Chest Physicians, American Thoracic Society, and European Respiratory Society. Ann Intern Med 2011 Aug 2; 155(3):179-91. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 16,225)

2.   Jardim J, Camelier AA, Rose FW, Perez-Padilla R, Hallal P, Victora C, et al. PLATINO: A population based study on the prevalence of COPD in São Paulo, Brazil. Am J Respir Crit Care Med 2004;169(7):A222.

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