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Balão intra-aórtico não reduz mortalidade em choque cardiogênico por infarto

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/10/2012

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Especialidades: Cardiologia / Terapia Intensiva

 

Resumo

Estudo que avalia se há melhora de mortalidade com uso de balão intra-aórtico em choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio (IAM).

 

Contexto clínico

Nas diretrizes internacionais, o uso do balão intra-aórtico em pacientes com choque cardiogênico após IAM é considerado um procedimento classe I. Entretanto, praticamente não existem estudos que de fato possam corroborar o peso dado a este procedimento na prática clínica, uma vez que os efeitos hemodinâmicos são reais, porém não se sabe seu impacto em termos de mortalidade para os pacientes.

 

O estudo

Este foi um estudo randomizado, prospectivo, multicêntrico feito na Alemanha que randomizou 600 pacientes com choque cardiogênico secundário a infarto agudo do miocárdio para se utilizar ou não o balão intra-aórtico. A média de idade dos pacientes era de 70 anos, 30% eram mulheres e mais de 75% dos casos tinham sinais de baixa perfusão de órgãos. Em quase todos os pacientes foi feita alguma estratégia de reperfusão precoce, tendo sido feita angioplastia em 96% dos casos e cirurgia de revascularização miocárdica em 4%. Nos casos em que foi utilizado o balão, a mediana de uso foi de 3 dias. O desfecho primário avaliado foi mortalidade em 30 dias. Os desfechos secundários avaliados foram sangramentos graves, complicações isquêmicas periféricas, acidente vascular cerebral e sepse.

Com 30 dias, a mortalidade no grupo que usou o balão foi de 39,7% contra 41,3% no grupo controle, não havendo diferença de mortalidade entre os grupos (RR 0,96, IC95% 0,79-1,17, p=0,69). Também não houve diferença quanto aos demais desfechos entre o grupo do balão e o grupo controle, com taxas de sangramento respectivamente de 3,3% e 4,4% (p=0,51), taxas de isquemias periféricas de 4,3% e 3,4% (p=0,53), taxas de sepse de 15,7% e 20,5% (p=0,15) e taxas de AVC de 0,7% e 1,7% (p=0,28). A questão de o balão ter sido colocado antes ou depois do procedimento de reperfusão também não influenciou diferenças de mortalidade.

 

Aplicações para a prática clínica

O uso de balão intra-aórtico não reduz a mortalidade em 30 dias para pacientes com choque cardiogênico pós-IAM que realizaram reperfusão precoce (angioplastia ou cirurgia de revascularização do miocárdio). Dificilmente seria esperado qualquer outro benefício a longo prazo (> 30 dias) que justificasse um estudo outro, de modo que, com este estudo bem desenhado, prospectivo e randomizado, multicêntrico, fica mais fácil fazer cair por terra a noção do uso do balão intra-aórtico como algo importante do ponto de vista de mortalidade para o grupo de pacientes estudado. É possível que este dispositivo apenas aumente o custo da internação e o trabalho da enfermagem na UTI. Importante ressaltar que este estudo vem de encontro com uma metanálise do assunto publicada em 20092, que também não dá suporte ao uso de balão intra-aórtico para choque cardiogênico por IAM.

 

Bibliografia

1.   Thiele H, Zeymer U, Neumann FJ, Ferenc M, Olbrich H-G, Hausleiter J et al. Intraaortic balloon support for myocardial infarction with cardiogenic shock. N Eng J Med 2012 Aug 27, DOI: 10.1056/NEJMoa1208410 [link para o artigo] (Fator de Impacto: 53,484)

2.   Sjauw KD, Engstrom AE, Vis MM, van der Schaaf RJ, Baan J Jr, Koch KT et al. A systematic review and meta-analysis of intra-aortic balloon pump therapy in ST-elevation myocardial infarction: should we change the guidelines? Eur Heart J 2009;30:459-468

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