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Tomografia com menos radiação para diagnóstico de apendicite

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 10/12/2012

Comentários de assinantes: 1

Especialidades / Áreas de atuação: Medicina de Emergência / Cirurgia Geral / Radiologia / Segurança do Paciente

 

Resumo

         Este estudo comparou 2 métodos tomográficos para diagnóstico de apendicite aguda.

 

Contexto clínico

         A tomografia computadorizada (TC) de abdome e pelve tornou-se o principal exame no diagnóstico de apendicite aguda em adultos, diminuindo o número de laparotomias brancas sem aumentar o número de casos de perfuração. Entretanto, há muita preocupação com a exposição à radiação excessiva, principalmente em crianças e adultos jovens (que seria a população com maior potencial e tempo para desenvolvimento de tumores sólidos ou leucemia). Este estudo procurou avaliar qual seria a taxa de apendicectomias brancas comparando 2 métodos tomográficos, sendo um com menor uso de radiação em adultos jovens com suspeita de apendicite aguda.

         Para facilitar a compreensão dos dados, é importante saber que a dose de radiação – uma medida da energia ionizante absorvida por unidade de massa – é expressa em grays (Gy) ou miligrays (mGy).

 

O estudo

         Este foi um estudo feito em apenas uma instituição, cegado, com proposta de análise de não inferioridade. Foram randomizados 891 pacientes adultos jovens (entre 15 e 44 anos) com suspeita de apendicite para realizar TC com baixa radiação (444 pacientes) ou TC com radiação habitual (447 pacientes). A mediana de radiação foi de 116 mGy no grupo de baixa radiação contra 521 mGy no grupo de radiação habitual. Foram excluídos pacientes com alergia a contraste ou apendicectomia prévia.

         A taxa de laparotomias brancas no grupo exposto à baixa radiação foi de 3,5% e de 3,2% no grupo de radiação habitual (diferença de 0,3 pontos percentuais, IC95% -3,8 a 4,6). Os dois grupos não tiveram diferenças quanto ao número de casos de apendicite perfurada (26,5% no grupo de baixa radiação vs. 23,3% no grupo de radiação habitual, p=0,46) ou quanto ao número de exames de imagem adicionais necessários (3,2% e 1,6% respectivamente, p=0,09).

 

Aplicações para a prática clínica

         Não há dúvidas de que quanto menos exposição a qualquer forma de radiação, melhor. Os resultados deste estudo quanto ao uso de menores taxas de radiação são bastante encorajadores.

         Infelizmente, o estudo incluiu poucos pacientes obesos, nos quais o uso de menor taxa de radiação poderia afetar os resultados. Entretanto, com base no presente estudo, é possível afirmar que realizar uma TC para pesquisa de apendicite aguda com menor taxa de radiação é algo completamente plausível para pacientes em faixa de peso normal ou próximo do normal.

         Vale ressaltar que pacientes magros ainda seriam melhores candidatos a realização de ultrassonografia (USG), porém toda USG é operador-dependente, o que pode trazer diferentes resultados em diferentes contextos. Os mais puristas poderiam criticar o excesso de propedêutica armada para realização do diagnóstico de apendicite aguda. Um argumento que pode se contrapor a isso é que quanto menos cirurgias desnecessárias realizarmos, estaremos expondo os pacientes a menores riscos, uma vez que toda cirurgia é sempre envolta em um grande potencial de eventos adversos, sem contar em maiores custos hospitalares, o que poderia justificar a necessidade de confirmação de um diagnóstico presuntivo com um exame de imagem.

 

Bibliografia

1.    Kim K, Kim YH, Kim SY, Kim S, Lee YJ, Kim KP et al. Low-dose abdominal computed tomography for evaluating suspected appendicitis. N Engl J Med 2012 Apr 26; 366:1596. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 53,480).

Comentários

Por: Márcio Maia Vieira em 19/11/2012 às 12:09:55

"A que riscos o médico não deve expor seus pacientes?Os trabalhos como estes devem ser exaltados e usados na prática diária com mais rigor."

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