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Novidades em câncer de trato geniturinário

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 11/03/2013

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Especialidades / Áreas de Atuação: Oncologia / Urologia

  

Tivozanibe para tratamento inicial de pacientes com câncer renal metastático

O tivozanibe é um inibidor da tirosino-quinase (TKI) que tem como características ser potente, seletivo e ter meia-vida longa. Está demonstrado que tem excelente atividade antitumoral e excelente perfil em pacientes com carcinoma de células renais.

Um estudo multinacional randomizado de fase III foi feito para testar a efetividade do tivozanibe (1,5 mg/dia por 3 semanas e 1 semana livre) comparado a sorafenibe (400 mg, 2 vezes/dia) em 517 pacientes com câncer de células claras renais metastático, sem tratamento prévio. Os pacientes precisavam ter sido submetidos a nefrectomia citoredutora e deveriam ter ECOG 0 ou 1.

O desfecho primário – sobrevida sem progressão de doença – foi superior com tivozanibe do que com sorafenibe (11,9 vs 9,1 meses; hazard ratio 0,797; P < 0,042), assim como a taxa de resposta ( 33% vs 23%; P = 0,014). A tolerância ao tivozanibe foi boa, sendo que os pacientes tiveram menos síndrome mão-pé ou hipertensão.

Vale ressaltar que esta é uma droga nova, ainda não aprovada no FDA, mas que parece ser promissora.

 

Bloqueio androgênico intermitente vs contínuo em câncer de próstata metastático

O bloqueio androgênico intermitente para pacientes com câncer de próstata avançado é muito usado com base em dados prospectivos e na crença que esta abordagem é melhor para o paciente do que o bloqueio androgênico contínuo, dados os efeitos colaterais deste tipo de tratamento.

Um estudo internacional foi desenhado para determinar se a sobrevida com o bloqueio intermitente é não inferior ao bloqueio contínuo.

Um total de 3.040 pacientes com câncer de próstata metastático recém-diagnosticado, com PSA de = 5 ng/mL e SWOG (Southwest Oncology Group performance status) = 2 entraram no estudo. Os pacientes foram estratificados de acordo com a extensão da doença, sendo considerada doença mínima aquela com envolvimento da coluna, pelve e linfonodos, e doença extensa quando há envolvimento de costelas, ossos longos e vísceras. Os pacientes receberam previamente 7 meses de tratamento com goserrelina e bicalutamida. Um total de 1.535 pacientes com PSA = 4 ng/mL nos meses 6 e 7 foram randomizados para o bloqueio androgênico intermitente ou contínuo.

A mediana de sobrevida geral foi menor no grupo de tratamento intermitente contra o grupo contínuo (5,1 vs 5,8 anos; hazard ratio 1,09; IC95% 0,95-1,24), levando à conclusão de que o tratamento intermitente é inferior ao contínuo em pacientes com câncer de próstata metastático. Uma análise posterior sugeriu que, no grupo com doença extensa, o tratamento intermitente não é inferior ao tratamento contínuo.

Os resultados deste estudo têm levado a uma série de discussões, uma vez que se acreditava que o tratamento intermitente deveria ser o padrão. Entretanto, os resultados levam a crer que o tratamento contínuo de bloqueio androgênico deva ser preferido para pacientes com câncer de próstata metastático.

 

Abiraterona para pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração

Um ensaio clínico de fase III para pacientes com câncer de próstata resistente à castração após o tratamento com docetaxel demonstrou uma melhora na mediana de sobrevida geral destes casos em 3,9 meses para pacientes que utilizaram abiraterona mais prednisona contra os que utilizaram placebo mais prednisona. Os resultados provisórios de outro estudo que comparou os mesmos dois regimes de tratamento em 1.088 doentes sem tratamento prévio com castração estão sendo divulgados. Os desfechos estudados foram sobrevida geral e sobrevida sem progressão radiográfica de doença (pelo menos 2 novas lesões na avaliação após 12 semanas e pelo menos 2 lesões adicionais no seguimento para confirmar a progressão da doença) Na época da segunda análise interina planejada, a Comissão Independente de Monitoramento de Dados interrompeu o estudo e recomendou que pacientes que receberam placebo mais prednisona fossem cruzados para receber abiraterona mais prednisona.

Em um seguimento médio de 22,3 meses, a mediana de sobrevida sem progressão radiográfica de doença foi maior no grupo da abiraterona versus o grupo placebo (não atingiram sobrevida vs 8,3 meses; P < 0,0001), assim como a mediana de sobrevida geral (não atingiram sobrevida vs 27,2 meses; com forte tendência à significância). A terapia foi bem tolerada, com os típicos efeitos adversos mineralocorticoides no grupo da abiraterona. Mais pacientes no grupo placebo do que o braço de abiraterona receberam tratamento subsequente, que incluiu quimioterapia, sipuleucel-T e cetoconazol. Abiraterona posteriormente foi recebido por 4,8% dos pacientes no braço de abiraterona versus 10% dos pacientes no braço do placebo. A análise final dos dados de sobrevivência será publicada no 2º semestre de 2012.

Apesar de alguma controvérsia em relação à recomendação do Comitê para tornar o estudo não cegado e cruzar os pacientes nos grupos, estes resultados, quando tomados em contexto com o benefício de sobrevivência que foi demonstrado com abiraterona no pós-docetaxel, provavelmente vai levar ao uso de abiraterona mais prednisona como opção de terapia hormonal de segunda linha nos pacientes com câncer de próstata.

 

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