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Uso de corticoide em meningite meningocócica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 26/06/2013

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Especialidades: Emergências / Neurologia / Infectologia

 

Resumo

         Este estudo mostra que não há risco – há até um pequeno benefício – no uso de corticoide em meningite meningocócica.

 

Contexto clínico

         Não há uma forma muito bem definida sobre como usar corticoides em meningite. A melhor evidência vem de um grande estudo randomizado europeu publicado no New England Journal of Medicine em 20022 que mostra benefício no uso de corticoide em meningite pneumocócica, mas não na meningocócica. Aqui apresentaremos evidências a respeito do corticoide na meningite por meningococo.

 

O estudo

         Foram comparados 2 estudos de coorte prospectivos feitos na Holanda sobre meningite meningocócica de comunidade. Um total de 258 pacientes com cultura do líquido cefalorraquidiano confirmando meningite foram incluídos entre os anos de 1998 e 2002, antes de se introduzir a terapia com dexametasona de rotina, e 100 pacientes entre 2006 e 2011, após guidelines internacionais recomendarem o uso de rotina da dexametasona na meningite.

         Dexametasona foi administrada em 17% dos pacientes entre 1998 e 2002 e em 90% dos pacientes entre 2006 e 2011 (p < 0,001), e foi feita junto ou antes da primeira dose de antibióticos em 5% dos casos do primeiro grupo contra 89% do segundo (p < 0,001).

         As taxas de desfechos neurológicos desfavoráveis foram similares entre os 2 grupos (12% em cada, P=0,67), mesmo após ajuste para o grupo que teve meningococo.

         Comparando o grupo de 1998-2002 com o de 2006-2011, as taxas de perda auditiva (3% vs. 8%, P=0,10) e morte (4% vs. 7%, P=0,24) foram menores no segundo grupo, apesar de não ter havido diferença estatística. As taxas de artrite foram menores nos pacientes tratados com dexametasona (5% contra 12% no grupo sem dexametasona, P = 0,046). A dexametasona não foi associada a eventos adversos.

 

Aplicações para a prática clínica

         A grande mensagem desta publicação é que a dexametasona não causa problemas, e pode ser até um pouco benéfica, quando utilizada no tratamento de meningite meningocócica. Sendo assim, não há problema em usar empiricamente dexametasona em meningite, mesmo não sabendo se esta é causada por pneumococo ou meningococo. Para o tratamento da meningite pneumocócica haverá benefício, e não há riscos quanto ao uso na meningite meningocócica, com até um discreto benefício.

 

Bibliografia

1.        Heckenberg SGB, Brouwer MC, van der Ende A, van de Beek D. Adjunctive dexamethasone in adults with meningococcal meningitis. Neurology 2012 Sep 12; [e-pub ahead of print]. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 19,959)

2.        de Gans J, van de Beek D. Dexamethasone in adults with bacterial meningitis. N Engl J Med 2002 Nov 14; 347:1549-56.

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