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Velocidade da queda de pressão arterial em pacientes com AVC hemorrágico

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 09/12/2013

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Especialidades: Medicina de Emergência / Neurologia / Terapia Intensiva

 

Resumo

Este estudo mostra qual o papel da queda mais rápida de PA nos pacientes com acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) na fase aguda.

 

Contexto clínico

Os AVC hemorrágicos são as formas de AVC com menos tratamentos disponíveis. No entanto, são extremamente prevalentes, e estima-se que mais de 1 milhão de pessoas ao ano no mundo sofram um AVCh, sendo em muitos países uma das principais causas de mortalidade na população. Normalmente, ocorre elevação de pressão arterial na fase aguda para compensar o efeito de aumento de pressão intracraniana causado pelo hematoma. Níveis pressóricos maiores estão associados a piores desfechos. Sendo assim, parte do que se tenta fazer na fase aguda é o controle pressórico adequado, porém a velocidade deste controle é tema de debate na prática clínica.

 

O estudo

Este é um estudo multicêntrico internacional, prospectivo e randomizado. Foram selecionados para o estudo pacientes que tiveram hemorragia intracerebral espontânea (AVCh) nas últimas 6 horas e que se apresentaram com pressão arterial (PA) elevada. Esses pacientes foram randomizados em 2 grupos de tratamento: o primeiro objetivando uma PA sistólica < 140 mmHg em 1 hora, e o outro grupo seguindo diretrizes internacionais, cujo objetivo é PA sistólica < 180 mmHg; em ambos os grupos, o médico podia utilizar os medicamentos de sua escolha para atingir o objetivo. Os desfechos avaliados foram morte e déficit grave (escore de 3 a 6 na escala de Rankin modificada) em 90 dias. Também foram comparadas as taxas de eventos adversos nos 2 grupos.

De um total de 2.794 pacientes com idade média de 63,5 anos, os desfechos foram encontrados com menor frequência no grupo que recebeu o tratamento intensivo (52% vs. 55,6%), sendo o OR=0,87 (IC95%: 0,75 – 1,01), favorável ao tratamento intensivo, a despeito do resultado não ter atingido significado estatístico (P=0,06). A análise dos valores do escore de Rankin modificado mostrou uma tendência de melhores resultados com o tratamento intensivo (OR: 0,87; IC95%: 0,77 – 1,00; P=0,04). A mortalidade no grupo recebendo tratamento intensivo foi de 11,9%, e no grupo de tratamento convencional foi de 12%. Eventos adversos não fatais ocorreram em 23,3% e 23,6% dos pacientes dos dois grupos, respectivamente.

 

Aplicações para a prática clínica

Esse estudo demonstra que, para pacientes com AVCh, o controle mais intensivo da PA não causa melhora de mortalidade ou déficit grave em 90 dias. Entretanto, com base nos escores de Rankin atingidos nos 2 grupos, o controle intensivo favorece o resultado funcional dos pacientes, o que obviamente impacta em sua qualidade de vida e também na de seus familiares. Como o controle intensivo não causa mais mortes ou eventos adversos, parece ser uma estratégia a ser considerada na prática diária da abordagem dos pacientes com AVCh, principalmente se for considerado o importante resultado do presente estudo, multicêntrico e randomizado, frente a outros estudos que são apenas observacionais.

 

Bibliografia

1.        Anderson CS et al. Rapid blood-pressure lowering in patients with acute intracerebral hemorrhage. N Engl J Med 2013; 368:2355-2365. (link para o artigo)

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