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Segurança da imersão da mãe em água durante o trabalho de parto

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 21/05/2014

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Contexto Clínico

          O parto normal é a forma preferencial para se dar à luz, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde. A despeito das taxas de cesárea no Brasil serem extremamente altas, com base em mais informação, muitas mulheres têm voltado seu olhar para a opção do parto normal. Ainda assim, muitas práticas relacionadas ao trabalho de parto normal ainda não estão bem estudadas.

A imersão em água tem sido sugerida como uma alternativa benéfica para o trabalho de parto, e durante as últimas décadas tem adquirido popularidade em muitas partes do mundo. Entretanto, existem poucas evidências científicas que validem seu uso com segurança. Um comitê conjunto do American College of Obstetricians and Gynecologists (Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia) e a American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria) realizaram uma análise das poucas evidências disponíveis e traçaram um panorama de recomendações a respeito do assunto.

 

Recomendações

- A imersão em água durante a primeira fase do trabalho de parto (fase de dilatação do colo uterino) pode ser atrativa para algumas mães e pode estar associada com a diminuição do uso de analgesia epidural / espinal em cerca de 10%, e com diminuição do tempo de trabalho de parto em cerca de 30 minutos.  No entanto, não há nenhuma evidência de que a imersão em água durante a primeira fase do trabalho seja  melhor para os resultados perinatais. A terapia de imersão durante a primeira fase do trabalho de parto não deve impedir ou inibir outros elementos do cuidado, incluindo uma monitorização fetal e materna adequadas.

- Em contraste, a segurança e eficácia da imersão em água durante a segunda fase do trabalho de parto (período expulsivo) não foi estabelecida, além de não ser associada com benefício materno ou fetal. Diante desses fatos e relatos de casos de efeitos adversos raros, porém graves (como asfixia perinatal e convulsões, infecção neonatal, hiponatremia por aspiração de água, necessidade de UTI) para os recém-nascidos, a prática de imersão na segunda fase do trabalho de parto (parto subaquático) deve ser considerada um procedimento experimental, que só deve ser realizado dentro do contexto de um ensaio clínico adequadamente concebido com consentimento informado.

- Apesar de não ser o foco de estudos específicos, instalações que planejam oferecer imersão na primeira fase de trabalho de parto devem estabelecer protocolos rigorosos para seleção de candidatas a esta prática, com adequada manutenção e limpeza de banheiras e piscinas de imersão, com procedimentos de controle de infecção, com monitoramento das mães e dos fetos em intervalos apropriados durante a imersão, e protocolos para remover as mulheres das banheiras se qualquer problema materno ou fetal urgente surgir.

 

Bibliografia

Committee opinion no. 594: Immersion in water during labor and delivery. Obstet Gynecol 2014 March 20; [e-pub ahead of print] (link para a recomendação).

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