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Uma análise sobre alta para completar antibiótico intravenoso em casa

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 30/06/2014

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Especialidades: Medicina Hospitalar/Infectologia/Segurança do Paciente

 

Contexto Clínico

          Muitas vezes se discute a possibilidade de alta para completar terapia antibiótica intravenosa em domicílio para vários grupos de pacientes. Entretanto, pouco se sabe sobre os riscos desta prática que objetiva desospitalização e diminuição de custos. Não se sabe, por exemplo, quais são os fatores de risco que predispõem a readmissão desses pacientes.

 

O Estudo

         Para o estudo foi criado um banco de dados composto por 782 pacientes que receberam tratamento domiciliar com antibiótico endovenoso, tratados entre 2009 e 2011, em um único centro acadêmico. As variáveis coletadas incluíram dados demográficos do paciente, comorbidades, infecções e classes de antibióticos usadas. O modelo final foi avaliado através da estatística-c, e a calibração foi analisada graficamente.

         A média de idade dos pacientes foi de 58 anos, sendo 43%  mulheres. Os diagnósticos mais comuns foram bacteremia (24%), osteomielite (20%) e pielonefrite (13%). A taxa de readmissão não planejada em 30 dias foi de 26%. As principais indicações para a readmissão foram causas não relacionadas à infecção (30%), piora da infecção (29%) e novas infecções (19%). O modelo de análise multivariada mostrou que os fatores relacionados com reinternação foram: idade (OR: 1,09 por década, IC95%: 0,99 - 1,21), o uso de aminoglicosídeos (OR: 2,33, IC95%:, 1,17 - 4,57), a presença de organismos resistentes (OR: 1,57, IC95%: 1,03 - 2,36) e o número de altas anteriores  de hospital sem antibióticos intravenosos nos últimos 12 meses (OR: 1,20 para internação prévia; IC 95%: 1,09-1,32 ). A estatística C foi de 0,61 e no quintil mais alto de risco, os pacientes tiveram uma taxa quase três vezes maior de readmissão em comparação com o menor  quintil. Questões sócioeconômicas não se mostraram fatores de risco para reinternação precoce.

 

Aplicação Prática

         Com os custos hospitalares sempre em elevação, e dada a grande chance de eventos adversos em pacientes hospitalizados, parece ser uma boa opção propor tratamentos domiciliares com antibióticos endovenosos, principalmente para infecções crônicas. Entretanto, este estudo que mostramos demonstra que essa não é prática isenta de riscos. Entretanto, o estudo demonstra que é relativamente fácil montar uma avaliação de risco com base nos achados para prever quem terá chance de reinternar. É necessário complementar as evidências do presente estudo ao avaliar outras formas de abordagem terapêutica para infecções crônicas, sempre objetivando a segurança do paciente, mas garantindo a qualidade da conduta.

 

Bibliografia

Allison GM et al. Prediction model for 30-day hospital readmissions among patients discharged receiving outpatient parenteral antibiotic therapy. Clin Infect Dis 2014 Mar 15; 58:812 (link para o artigo).

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