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Ultrassom a beira-leito pode ajudar a descartar tromboembolismo pulmonar

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 03/11/2014

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Especialidades: Medicina de Emergência/Terapia Intensiva/Radiologia

 

Contexto Clínico

       Tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma condição clínica comumente associada com morbidade e mortalidade substanciais. A incidência de TEP nos Estados Unidos é estimada em um caso para cada 1.000 pessoas por ano. O maior problema do TEP é que este diagnóstico ainda representa a causa mais comum de morte que não é clinicamente diagnosticado antes da morte. Na década de 1990, o diagnóstico clínico de TEP foi feito somente em um terço de todos os casos. Mesmo em tempos de angiotomografia computadorizada “multislice”, o diagnóstico antes da morte é feito em apenas cerca de 59% dos casos. A mortalidade diminuiu ligeiramente durante as últimas décadas, provavelmente devido ao uso de angiotomografia de tórax para o diagnóstico, sendo este exame considerado o padrão ouro para o diagnóstico de TEP. No entanto, o uso indiscriminado de TC resulta em exposição significativa à radiação ionizante e contraste. Foi desenvolvido então um estudo para verificar se um protocolo à beira-leito com ultrassom poderia prever a necessidade de TC de tórax.

 

O Estudo

        Este é um estudo observacional, onde participaram médicos com formação em ultrassonografia em terapia intensiva. Um ultrassom de triagem foi realizado quando uma TC foi solicitada para excluir TEP. O exame de ultrassom consistiu de um ecocardiograma limitado, ultrassom de tórax, e um estudo de compressão venosa profunda em extremidades inferiores. Ficou estabelecido que uma TC não seria necessária se fosse encontrado achado compatível com TVP ou se houvesse evidência clara de um diagnóstico alternativo estabelecido com o ultrassom. Sempre que possível, os resultados do ultrassom a beira-leito foram comparados com TC de tórax, doppler de membros inferiores e ecocardiograma completo.

        Foram incluídos 96 indivíduos no estudo, os quais realizaram TC de tórax. Destes, 12 indivíduos (12,5%) tiveram TC positiva para TEP. Todos os 96 indivíduos realizaram um ultrassom antes; dois indivíduos (2,1%) tiveram teste positivo para TVP de extremidade, e 54 indivíduos (56,2%) tiveram um diagnóstico alternativo sugerido pela ultrassonografia, como consolidação alveolar compatível com pneumonia ou edema pulmonar, que se correlacionou com os achados vistos na tomografia de tórax realizada. Em nenhum paciente a TC de tórax adicionou um diagnóstico adicional em relação ao que foi diagnosticado com o ultrassom a beira-leito.

 

Aplicações Práticas

        Este estudo observacional traz um dado bastante interessante, a despeito de não ser definitivo. Pelo estudo, podemos concluir que o ultrassom à beira-leito poderia ter evitado uma TC de tórax contrastada em 56 dos 96 pacientes incluídos (58,3% dos casos). Sendo assim, o protocolo de ecocardiograma simples associado a ultrassom de tórax e pesquisa de TVP em membros inferiores poderia prever a necessidade de fazer ou não uma angiotomografia de tórax, o que minimizaria exposição à radiação e contraste iodado.

        Este estudo traz à tona que é cada vez mais necessário que médicos tenham conhecimento e treinamento em ultrassom à beira-leito, mesmo que não sejam radiologistas, mas desde que trabalhem em áreas críticas como o departamento de emergência ou unidades de terapia intensiva. Além disso, o uso do ultrassom pode minimizar custos e riscos a diversos pacientes e é um campo em plena expansão se usado como extensão ao exame físico.

 

Bibliografia

Koenig S et al. Ultrasound assessment of pulmonary embolism in patients receiving CT pulmonary angiography. Chest 2014 Apr; 145:818 (link para o artigo).

 

Nazerian P et al. Accuracy of point-of-care multiorgan ultrasonography for the diagnosis of pulmonary embolism. Chest 2014 May; 145:950.

 

Mathis G. Thromboembolism in Ultrasound: Killing Three Birds With One Stone. Chest. 2014;145(5):931-932.

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