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Impacto Financeiro de Ondas de Calor não Tratadas

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/05/2015

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Contexto Clínico

         Em muitos países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Austrália, Suécia e Holanda, as mulheres representam metade da força de trabalho, mostrando que são parte fundamental da economia de diversos países. Para a maioria das mulheres, ir para o trabalho correlaciona-se com o reforço da autoestima, melhor saúde e menos estresse psicológico. Nos Estados Unidos, a idade média de início da menopausa natural é de 51 anos. Menopausa cirúrgica induzida por histerectomia ocorre, em média, com 46 anos. Sendo assim,  menopausa, natural ou induzida cirurgicamente, ocorre geralmente quando as mulheres ainda estão em atividade de trabalho.

         Os sintomas vasomotores (SVM), comumente referidas como ondas de calor ou fogachos, estão entre os sintomas mais comuns da menopausa, que ocorre em cerca de 75% de mulheres pós-menopausa e em mais de 90% das mulheres que se submeteram à histerectomia. Durante as ondas de calor, as mulheres se deparam frequentemente com outros sinais e sintomas, incluindo perturbações do sono, sensação de ansiedade e depressão, irritabilidade, dificuldade de concentração e memória de curto prazo prejudicada. Os SVM também têm sido associados com diminuição da capacidade de trabalho, maior absentismo ao trabalho e aumento nas visitas de saúde e custos.

         Embora SVM impactem negativamente no cotidiano das mulheres, estima-se que 60% das mulheres com sintomas moderados a graves consulte um médico, mais de 70% deles permanecem sem tratamento.

 

O Estudo

         Dados entre 1999-2011 foram usados para avaliar em uma proporção de 1:1 as mulheres não tratada com SVM com as mulheres de controle usando escore de propensão. Utilização dos recursos de saúde, perda de produtividade no trabalho (deficiência + absentismo medicamente relacionada) e os custos associados foram comparados entre os grupos.

         Durante os 12 meses de follow-up, as mulheres com SVM não tratado (n = 252.273; idade média de 56 anos) tinham significativamente maior utilização de recursos de saúde do que as mulheres no grupo de controle: 82% maior para todas as causas de consultas externas (P <0,001) e 121% maior (P <0,001) para consultas ambulatoriais relacionados com SVM. Custos médios diretos por paciente por ano foram significativamente maiores para mulheres com SVM (diferença de custo direto, US$ 1.346; P <0,001). Mulheres com SVM tiveram 57% (P <0,001) mais dias de perda de produtividade do trabalho do que nos controles, o que corresponde a um custo indireto incremental por paciente por ano associada à não tratamento de SVM de US$ 770 (P <0,001).

 

Aplicações Práticas

         Ás vezes são as coisas mais simples que dão mais impacto social e de saúde pública, dado o volume na população. Por este estudo, demonstra-se que SVM não tratados estão associados com frequência significativamente maior de consultas ambulatoriais e os custos diretos e indiretos para a sociedade e o setor de saúde. Isso demonstra que tais sintomas estão sendo pouco valorizados pelos médicos, ou que ainda, estão subtratados. Isso requer medidas de campanha tanto para profissionais de saúde quanto para mulheres menopausadas, para que tenhamos melhores índices de tratamento destas condições, o que deve gerar um impacto social e econômico extremamente positivo.

 

Bibliografia

Sarrel P et al. Incremental direct and indirect costs of untreated vasomotor symptoms. Menopause 2015Mar; 22:260. (http://dx.doi.org/10.1097/GME.0000000000000320)

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