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Frequência de Reações Adversas às Cefalosporinas

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 24/07/2015

Comentários de assinantes: 2

          Contexto Clínico

As cefalosporinas estão entre os antibióticos mais comumente usados em pacientes internados, além de serem amplamente utilizadas para prevenir infecções em pacientes submetidos a cirurgias e em pacientes ambulatoriais com infecções de trato geniturinário, do trato respiratório superior e infecções de pele. O uso excessivo de cefalosporinas tem sido associado a reações adversas medicamentosas (RAMs), variando de erupções cutâneas e diarreia à anafilaxia, reações adversas cutâneas graves (cicatrizes), anemia hemolítica, nefropatia, Clostridium difficile infecção e morte.

As frequências relativas de RAMs graves associadas às cefalosporinas são pouco conhecidas. Muitos médicos ainda temem a anafilaxia associada à cefalosporina em indivíduos com história de “alergia” a penicilina. O estudo a ser apresentado teve como objetivo proporcionar um relatório descritivo sobre a frequência real de RAMs associadas às cefalosporinas, incluindo anafilaxia e cicatrizes documentadas por médico, juntamente com os relatos de anemia hemolítica e nefropatia em 30 dias, C difficile em 90 dias, e todas as causas de morte dentro de 1 dia.

 

          O Estudo

Este foi um estudo observacional realizado em pacientes dos planos de saúde do Kaiser Permanente Southern California (EUA) entre 1 de janeiro de 2010 até 31 de dezembro de 2012. Foram levantadas todas as doses de cefalosporinas feitas, e todos os novos relatos de alergia associada à cefalosporina, e todas as reações adversas graves.

Havia 622.456 beneficiários dos planos de saúde expostos a 901.908 cursos de cefalosporinas orais e 326.867 membros expostos a 487.630 cursos de cefalosporinas parenterais durante o período de estudo de três anos. Novos relatórios de alergia à cefalosporinas foram mais frequentes entre as mulheres (0,56%) do que entre os homens (0,43%) por curso (P <0,0001). As RAMs graves associadas à cefalosporina mais frequentes foram infecção por Clostridium difficile no prazo de 90 dias (0,91%), nefropatia no prazo de 30 dias (0,15%), e todas as causas de morte dentro de 1 dia (0,10%). Nenhum dos eventos foi correlacionado com história de alergia a medicamentos. Anafilaxia associada às  cefalosporinas documentada por médico ocorreu com cinco exposições orais e oito exposições parenterais. Houve três sérias reações cutâneas adversas documentados associada à cefalosporina. Todas foram associados com o uso de um outro antibiótico ao mesmo tempo como cefalosporina.

 

            Aplicações Práticas

Esse é um excelente estudo para diminuir o medo de reações com uso de cefalosporinas, mesmo em pacientes que relatam “alergias” a penicilinas. A taxa de RAM’s e outros eventos adversos é extremamente baixa, em média apenas 0,5% dos casos (ou seja, 1 reação a cada 200 usuários). Interessantemente, o evento mais frequente foi infecção em 90 dias por C difficile, seguido de nefropatia em 30 dias. Reações cutâneas graves e anafilaxia foram extremamente raras.

 

           Bibliografia

Macy E and Contreras R.Adverse reactions associated with oral and parenteral use of cephalosporins: A retrospective population-based analysis. J Allergy Clin Immunol 2015 Mar; 135:745. (http://dx.doi.org/10.1016/j.jaci.2014.07.062)

Comentários

Por: Atendimento MedicinaNET em 29/07/2015 às 10:55:37

"Prezado Dario, obrigado pelo contato. Muito importante é salientar que as cefalosporinas não são drogas nefrotóxicas como são os aminoglicosídeos e a vancomicina. Outra definição importante é que o ajuste de drogas pelo clearance não é por conta especificamente de nefrotoxicidade, mas porque qualquer toxicidade da droga é potencializada quando não está ajustada ao ritmo de filtração glomerular do paciente. Dito isso, no caso deste estudo não foram levantados dados sobre erros de medicação (dose errada ou não ajustada causando um evento adverso), mas sim reações diretas ao uso da droga, que no caso da nefrotoxicidade em 30 dias, refere-se mais às nefrites intesticiais agudas (NIAs). As NIAs são situações não tão comuns, mas entre os principais desencadeantes estão os betalactâmicos e cefalosporinas, sendo aqui um problema de classe, e não especificamente de um ou outro antibiótico. Esperamos ter esclarecido a dúvida. Atenciosamente, Os Editores"

Por: Dário Antunes Santuchi Filho em 22/07/2015 às 18:27:31

"Muito bacana a análise. gostaria de saber se a nefropatia em 30 dias ocorre com todas as cefalosporinas, inclusive com as cefalosporina que não precisam de correção pelo clearence de creatinina, tipo ceftrixone. grato"

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