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Novas Definições de Sepse e Choque Séptico

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/07/2016

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Contexto Clínico

As últimas definições de sepse e de choque séptico foram revisadas em 2001. Não foram feitas modificações nos conceitos desde então. Entretanto, avanços consideráveis foram feitos em termos de conhecimento de patologia da sepse, bem como em sua epidemiologia, sugerindo a necessidade de rever esses conceitos. As limitações de conceitos anteriores incluíam um foco excessivo sobre a inflamação - o modelo enganoso de que a sepse segue um continuum passando por sepse grave para depois ocorrer o choque séptico e ainda o fato de a síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) ter critérios que não têm boa sensibilidade ou especificidade.

 

O Estudo

Segundo o consenso de especialistas que publicou as novas definições internacionais, sepse deve ser definida como a disfunção de órgãos com risco de vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção. Para operacionalização clínica, disfunção orgânica pode ser representada por um aumento na contagem no Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) de dois ou mais pontos causados por sepse, o que está associada com uma mortalidade hospitalar superior a 10%. Choque séptico deve ser definido como um subconjunto de casos de sepse em que particularmente há profundas alterações circulatórias, celulares e metabólicas, e que estão associados a um maior risco de mortalidade do que só com sepse. Os pacientes com choque séptico podem ser clinicamente identificados por um requisito de uso de droga vasopressora para manter uma pressão arterial média de 65 mm Hg ou superior e o nível de lactato sérico superior a 2 mmol / L (> 18 mg / dL) na ausência de hipovolemia. Essa combinação é associada com taxas de mortalidade hospitalar maiores do que 40%. Fora do ambiente do hospital, em serviços de emergência, ou em enfermarias, pacientes adultos com suspeita de infecção podem ser rapidamente identificados como sendo mais propensos a ter maus resultados típicos da sepse se tiverem, pelo menos, dois dos seguintes critérios clínicos que juntos constituem um novo escore clínico para aplicação a beira-leito denominado quickSOFA (qSOFA): frequência respiratória de 22 / min ou superior, atividade mental alterada, ou pressão arterial sistólica de 100 mm Hg ou menos.

 

Aplicações Práticas

Muita controvérsia veio sobre essas novas definições, e ainda muita discussão deve ser feita sobre a aplicabilidade desses critérios em diferentes realidades, posto que o grupo do consenso novo é majoritariamente de representantes de países desenvolvidos. Ainda assim, essas são as definições atualizadas e que devem substituir definições anteriores, oferecendo uma maior consistência para estudos epidemiológicos e clínicos. Na visão dos autores, os novos critérios facilitariam o reconhecimento precoce e uma gestão mais oportuna de pacientes com sepse ou em risco de desenvolvê-la . Precisamos aguardar estudos prospectivos com as novas definições para verificar o seu real impacto na prática clínica.

 

Referências:

Singer M et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA. 2016;315(8):801-810.

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