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Duração da refrigeração do leite materno

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 22/09/2016

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Contexto Clínico

O armazenamento de leite humano é uma estratégia frequente para garantir a alimentação de bebês por diversas circunstâncias. O congelamento do leite materno é um meio de fornecer alimento quando o contato materno não é possível (por exemplo, quando recém-nascidos são hospitalizados). Vários protocolos têm sido recomendados para o congelamento, embora a duração ideal não seja clara. Apresentaremos um estudo cujo objetivo foi examinar a integridade (pH, contagem de bactérias, fatores de defesa do hospedeiro, conteúdo de nutrientes, e pressão osmótica) de leite humano recentemente retirado quando armazenado a longo prazo em congelador.

 

O Estudo

Neste estudo, mães realizaram a doação de 100 mL de leite recentemente retirado. As amostras foram divididas na linha de base entre o armazenamento a -20°C (congelado fresco) durante um, três, seis e nove meses; e o armazenamento com refrigeração antes a + 4°C durante 72 horas (refrigerados e posteriormente congelados) antes do armazenamento a -20°C durante um a nove meses. As amostras foram analisadas quanto ao pH, à contagem total de colônias de bactérias, bactérias gram-positivas e às contagens de colônias de bactérias gram-negativas; às concentrações de proteína total, gordura, ácidos graxos não esterificados, lactoferrina, IgA secretória; e à osmolalidade.

O pH do leite, a contagem total das colônias bacterianas e a contagem de bactérias gram-positivas diminuíram significativamente com o armazenamento de congelador (P<0,001); a contagem bacteriana diminuiu mais rapidamente no grupo congelado após refrigerado. O número de colônias gram-negativas diminuiu significativamente ao longo do tempo (P<0,001). As concentrações de ácidos graxos não esterificados aumentaram significativamente com o tempo de armazenamento (P<0,001). A congelação de no máximo nove meses não alterou a quantidade de proteína total, gordura, lactoferrina, IgA secretora, nem a pressão osmótica nos dois grupos.

 

Aplicação Prática

Por este estudo, podemos concluir que armazenar o leite humano durante nove meses a -20°C associa-se à diminuição do pH e da contagem de bactérias, mas à preservação de macronutrientes e componentes principais imunoativos, com ou sem refrigeração prévia durante 72 horas. Esses dados suportam as diretrizes atuais para armazenamento de leite humano por até nove meses em congelador. Isso vale também para o leite recentemente retirado e refrigerado. A integridade do leite materno se manteve, nos nove meses de congelamento, a -20°C, e não foi afetada pela pré-refrigeração. Os autores levantaram esta questão: a perda de bactérias com o congelamento pode alterar o desenvolvimento do microbioma da criança? Este é um grande tema para futuros estudos.

 

Referências

Ahrabi AF et al. Effects of extended freezer storageontheintegrity of humanmilk. J Pediatr 2016 Jul 13; [e-pub]

 

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