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Talamotomia por Ultrassonografia para Tremor Essencial

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 25/10/2016

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Contexto Clínico

Estudos preliminares não controlados sugerem a eficácia da talamotomia por ultrassom usando a ressonância nuclear magnética (RNM) de orientação para o tratamento do tremor essencial.

 

O Estudo

Neste estudo, foram incluídos pacientes com tremor essencial moderado a grave, que não tinham respondido a pelo menos dois ensaios de terapia médica. Eles foram randomizados em uma proporção de 3:1 a sofrer talamotomia unilateral por ultrassom focalizado ou um procedimento simulado. A Escala de Avaliação Clínica para Tremor e da Qualidade de Vida (Essential Tremor Questionnaire) foi administrada no início e em 1, 3, 6 e 12 meses. As avaliações do tremor foram gravadas em vídeo e avaliadas por um grupo independente de neurologistas que desconheciam as atribuições do tratamento. O desfecho primário foi a diferença de tremor nas mãos entre os grupos a partir da linha de base em até três meses, classificados em uma escala de 32 pontos (com escores mais altos indicando tremor mais grave). Após três meses, os pacientes no grupo de procedimento simulado poderiam submeter-se ao tratamento ativo.

Setenta e seis pacientes foram incluídos na análise. As pontuações para o tremor de mãos melhoraram mais depois da talamotomia por ultrassom focalizado (de 18,1 pontos no início do estudo para 9,6 em três meses) do que após o procedimento sham (de 16,0 para 15,8 pontos); a diferença entre os grupos na alteração média foi de 8,3 pontos (IC 95%  5,9 a 10,7; p <0,001). A melhora no grupo da talamotomia foi mantida em 12 meses (mudança de base, 7,2 pontos; IC 95%  6,1-8,3). Desfechos secundários que avaliaram a incapacidade e a qualidade de vida também melhoraram com o tratamento ativo, em comparação com o procedimento simulado (P <0,001 para ambas as comparações). Eventos adversos no grupo talamotomia incluíram perturbações da marcha em 36% dos pacientes, e parestesias ou dormência em 38%; estes eventos adversos persistiram em 12 meses em 9% e 14% dos pacientes, respectivamente.

 

 

Aplicação Prática

 

Este estudo deixa claro como a talamotomia por ultrassom é capaz de melhorar o tremor nos pacientes que se submetem ao procedimento, sendo esta melhora persistente em até um ano. Porém, é a alta taxa de eventos adversos, com 38% dos casos tendo parestesias e 36% alterações da marcha, o que equivale a pelo menos um a cada três casos tendo eventos adversos. Concluímos que esta conduta deve ser muito bem pensada, e os riscos expostos ao paciente. Não acreditamos que este procedimento deva ser rotina de tratamento, mas eventualmente discutido caso a caso, deixando claro o grande volume de eventos adversos existentes, que podem eventualmente ser piores que o quadro de base, a depender da sintomatologia do paciente.

 

 

 

Bibliografia

 

Elias WJ et al. A RandomizedTrialofFocusedUltrasoundThalamotomy for Essential Tremor. N Engl J Med 2016; 375:730-739.

 

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