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Hipotermia ou Normotermia em Parada Cardíaca Extra-hospitalar

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 28/10/2021

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ContextoClínico

 

Há muitos anos a proteção cerebral étema de discussão nas situações de parada cardíaca, e a hipotermia passou a sertema de estudo. Atualmente, o controle da temperatura desejada é recomendadopara pacientes após a parada cardíaca, mas as evidências que suportam essa práticasão de baixo grau de certeza.

 

O Estudo

 

Apresentamos umensaio clínico aberto com avaliação cega dos resultados, no qual 1.900 adultoscom coma que tiveram uma parada cardíaca fora do hospital, de causa cardíacapresumida ou causa desconhecida, foram randomizados para se submeter ahipotermia direcionada a 33°C, seguida de reaquecimento controlado, ounormotermia direcionada com tratamento precoce da febre (temperatura corporal,= 37,8°C). O desfecho primário foi a morte por qualquer causa em 6 meses. Osdesfechos secundários incluíram o resultado funcional em 6 meses, conformeavaliado com a Escala de Rankin modificada. Os subgrupos pré-especificadosforam definidos de acordo com sexo, idade, ritmo cardíaco inicial, tempo deretorno à circulação espontânea e presença ou ausência de choque na admissão.Os eventos adversos pré-especificados foram pneumonia, sepse, sangramento,arritmia resultando em comprometimento hemodinâmico e complicações cutâneasrelacionadas ao dispositivo de controle de temperatura.

Um total de 1.850 pacientes foramavaliados para o desfecho primário. Aos 6 meses, 465 de 925 pacientes (50%) nogrupo de hipotermia morreram, em comparação com 446 de 925 (48%) no grupo denormotermia (risco relativo com hipotermia, 1,04; IC 95%, 0,94-1,14; P = 0,37).Dos 1.747 pacientes nos quais o resultado funcional foi avaliado, 488 de 881(55%) no grupo de hipotermia tinham deficiência moderadamente grave ou pior(pontuação da Escala de Rankin Modificada = 4), em comparação com 479 de 866(55%) no grupo de normotermia (risco relativo com hipotermia, 1,00; IC 95%,0,92-1,09). Os resultados foram consistentes nos subgrupos pré-especificados.Arritmia resultando em comprometimento hemodinâmico foi mais comum no grupo dehipotermia do que no grupo de normotermia (24% vs. 17%; P < 0,001). Aincidência de outros eventos adversos não diferiu significativamente entre osdois grupos.

 

Aplicação Prática

 

Este estudo buscou validar a estratégiade hipotermia no pós-parada cardíaca, porém, em pacientes com coma após paradacardíaca fora do hospital, a hipotermia direcionada não levou a incidênciamenor de morte em 6 meses do que a normotermia direcionada. Também não houvevantagem quanto à funcionalidade medida pela Escala de Rankin Modificada. Assim,ao menos com base neste ensaio clínico, não há como tecer recomendação forte afavor da estratégia de hipotermia.

 

 

 

Bibliografia

 

1.            Dankiewicz J et al. Hypothermia versusNormothermia after Out-of-Hospital Cardiac Arrest. N Engl J Med 2021;384:2283-2294

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