FECHAR
Feed

Já é assinante?

Entrar
Índice

Fisioterapia para Idosos Internados por Insuficiência Cardíaca

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 17/12/2021

Comentários de assinantes: 0

Contexto Clínico

 

Com a longevidade e a mudança daspirâmides etárias em países desenvolvidos, mas também em emergentes, como oBrasil, os idosos são população crescente e cada vez mais fazem parte dospacientes hospitalizados, dada também a carga de doenças crônicas nessapopulação.

Uma das doenças mais frequentes nessafaixa etária é a insuficiência cardíaca (IC), que é acompanhada de fragilidadefísica, baixa qualidade de vida e reinternações frequentes. É importanteestudarmos como agir diante dessa fragilidade física associada à doença e verificarmosquais são os potenciais benefícios da fisioterapia em quem está hospitalizado devidoà IC.

 

O Estudo

 

Apresentamos umensaio clínico multicêntrico, randomizado e controlado para avaliar umaintervenção de reabilitação que incluía quatro domínios de função física (força,equilíbrio, mobilidade e resistência). A intervenção foi iniciada durante oulogo após a hospitalização por IC e continuou após a alta por 36 sessõesambulatoriais. O desfecho primário avaliado foi a pontuação na Short PhysicalPerformance Battery em 3 meses, que é uma medida padronizada e reproduzível dafunção física global validada em idosos frágeis e prevê uma ampla gama deresultados clínicos. Ela tem três componentes: um teste de equilíbrio em pé, umteste de velocidade de marcha (teste de caminhada de 4 m) e um teste de força(conforme avaliado pelo tempo necessário para se levantar de uma cadeira cincovezes). Cada componente é pontuado em uma escala de 0 a 4; a soma dos escoresvaria de 0 a 12, com escores mais baixos indicando disfunção física mais grave.O desfecho secundário foi a taxa de reinternação em 6 meses por qualquer causa.

Foram submetidos à randomização 349pacientes; 175 foram atribuídos à intervenção de reabilitação, e 174, aoscuidados habituais (controle). A idade média dos pacientes foi de 72 anos; 52% eramdo sexo feminino, 35% dos casos com doença isquêmica cardíaca como etiologia daIC, e 53% com fração de ejeção preservada. No início do estudo, os pacientes emcada grupo tinham função física acentuadamente prejudicada, e 97% eram frágeisou próximos da fragilidade. O número médio de condições coexistentes foi de 5 emcada grupo. A retenção dos pacientes no grupo de intervenção foi de 82%, e aadesão às sessões de intervenção foi de 67%. Após o ajuste para a pontuação dabateria de desempenho físico curto e outras características da linha de base, apontuação média (± SE) na bateria de desempenho físico em 3 meses foi de 8,3 ±0,2 no grupo de intervenção e de 6,9 ??± 0,2 no grupo de controle (diferençamédia entre os grupos, 1,5; IC 95%, 0,9 a 2,0; P < 0,001). Aos 6 meses, astaxas de reinternação por qualquer causa foram de 1,18 no grupo de intervençãoe de 1,28 no grupo de controle (razão de taxas, 0,93; IC 95%, 0,66 a 1,19).Houve 21 mortes (15 de causas cardiovasculares) no grupo de intervenção e 16mortes (8 de causas cardiovasculares) no grupo de controle. As taxas de mortepor qualquer causa foram de 0,13 e 0,10, respectivamente (razão de taxas, 1,17;IC 95%, 0,61 a 2,27).

 

Aplicação Prática

 

O momento atual é de pensar emintervenções que tragam valor ao paciente. Nesse caso, temos um ensaio clínicovoltado exatamente a esse espectro e que conseguiu demonstrar que, em umapopulação de idosos que foram hospitalizados por IC aguda descompensada, umaintervenção de reabilitação precoce, transitória, adaptada e progressiva queincluiu vários domínios de função física resultou em maior melhora na funçãofísica do que o cuidado usual. Apesar de não fazer parte do desfecho primário,o estudo avaliou outros escores, e os pacientes que passaram pela intervençãoobtiveram melhores pontuações em escores de qualidade de vida (KCCQ e EQ-5D-5L)e melhora da depressão, medida por meio da Geriatric Depression Scale. Adespeito de haver um benefício demonstrável em reinternações, é compreensívelque a reinternação ocorra, uma vez que isso depende também de outros aspectos,como terapia medicamentosa e adesão, grau de disfunção e prognóstico da doença,questões que não foram papel deste estudo em termos de abordagem. Contudo,podemos concluir que, com base neste estudo, é possível recomendar fisioterapiaa pacientes idosos hospitalizados por IC em um programa que inclua o período dehospital e o pós-alta.

 

 

Bibliografia

 

1.            Kitzman DW et al. Physical Rehabilitation forOlder Patients Hospitalized for Heart Failure. N Engl J Med 2021; 385:203-216

Conecte-se

Feed

Sobre o MedicinaNET

O MedicinaNET é o maior portal médico em português. Reúne recursos indispensáveis e conteúdos de ponta contextualizados à realidade brasileira, sendo a melhor ferramenta de consulta para tomada de decisões rápidas e eficazes.

Medicinanet Informações de Medicina S/A

Cnpj: 11.012.848/0001-57

info@medicinanet.com.br


MedicinaNET - Todos os direitos reservados.

Termos de Uso do Portal

×
×

Em função da pandemia do Coronavírus informamos que não estaremos prestando atendimento telefônico temporariamente. Permanecemos com suporte aos nossos inscritos através do e-mail info@medicinanet.com.br.