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Revisão Sistemática para Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 17/12/2021

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Contexto Clínico

 

O transtorno depressivo maior estápresente em 10 a 20% dos pacientes com condições médicas agudas. Serviços desaúde não psiquiátricos em geral têm relativamente pouco treinamento de seusprofissionais voltado à saúde mental, e a atenção à saúde mental pode serfornecida de maneira inconsistente, em especial fora da atenção primária.

Reconhecer a depressão pode ser particularmentedifícil em pessoas com doenças físicas, e alguns sintomas, como fadiga,alterações no apetite e dificuldade para dormir, são comuns na depressão e emmuitas condições médicas. Embora controverso, o rastreamento para depressão àsvezes é usado para identificar pessoas não reconhecidas anteriormente comoportadoras de depressão, inclusive em doenças crônicas e câncer.

A Escala Hospitalar de Ansiedade eDepressão (HADS) foi desenvolvida para ajudar a identificar transtornos deansiedade e depressão em pessoas com doenças físicas. Para evitar asobreposição com distúrbios físicos, a HADS não inclui sintomas como insônia,perda de apetite ou fadiga. A subescala de depressão da HADS (HADS-D) é aferramenta de triagem mais comumente usada para depressão em pacientes comoutras condições clínicas associadas e é uma das várias medidas validadasrecomendadas para avaliar a gravidade dos sintomas depressivos pelo InstitutoNacional de Saúde e Excelência em Cuidados do Reino Unido (NICE).

 

O Estudo

 

Apresentamos umarevisão sistemática e metanálise de dados individuais de participantes emestudos com uso das pontuações das escalas HADS e HADS-D, além de entrevistadiagnóstica validada. Para os limites de corte da HADS-D variando de 5 a 15, foiusada uma metanálise para estimar a sensibilidade e a especificidadecombinadas, separadamente, em estudos que usaram entrevistas diagnósticassemiestruturadas (por exemplo, Structured Clinical Interview for Diagnostic andStatistical Manual of Mental Disorders), entrevistas totalmente estruturadas(por exemplo, Composite International Diagnostic Interview) e a MiniInternational Neuropsychiatric Interview.

Os dados individuais dos participantesforam obtidos de 101 de 168 estudos elegíveis (60%; 25.574 participantes (72%dos participantes elegíveis), 2.549 com depressão maior). A sensibilidade e a especificidadecombinadas foram maximizadas com um valor de corte de 7 ou mais paraentrevistas semiestruturadas, entrevistas totalmente estruturadas e a Mini InternationalNeuropsychiatric Interview. Entre os estudos com uma entrevista semiestruturada(57 estudos, 10.664 participantes, 1.048 com depressão maior), a sensibilidadee a especificidade foram de 0,82 (IC 95%, 0,76 a 0,87) e 0,78 (0,74 a 0,81)para um valor de corte de 7 ou mais, de 0,74 (0,68 a 0,79) e 0,84 (0,81 a 0,87)para um valor de corte de 8 ou mais e de 0,44 (0,38 a 0,51) e 0,95 (0,93 a0,96) para um valor de corte de 11 ou mais alto. A precisão foi semelhanteentre os padrões de referência e subgrupos e quando foram incluídos osresultados publicados de estudos que não contribuíram com dados.

 

Aplicação Prática

 

A HADS-D é a ferramenta de triagem maiscomumente usada para depressão em pacientes com condições clínicas associadas,com valores de corte de 8 ou mais ou 11 ou mais usados ??como padrões paraidentificar depressão possível ou provável.

Contudo, esta revisão sistemática traznovas informações à tona. Em um valor de corte de HADS-D de 7 ou mais, asensibilidade e a especificidade combinadas foram maximizadas (82% e 78%,respectivamente), com base em 101 estudos. A sensibilidade e a especificidadeforam de 74% e 84% para um valor de corte HADS-D de 8 ou superior e de 44% e95% para um valor de corte de 11 ou superior. Em outras palavras, o ponto decorte em 7 é similar ao ponto de corte em 8, porém com melhor sensibilidade,favorecendo seu uso como instrumento de triagem nessa nota de corte. Já apontuação de 11, apesar de ter a maior especificidade, perde em sensibilidade,o que não favorece seu uso para triagem. Os resultados não diferiram entre ospadrões de referência ou características dos participantes, incluindo idade,sexo, níveis de índice de desenvolvimento humano e ambiente de recrutamento dosparticipantes. Assim, temos uma ferramenta interessante para aplicação práticaem ambientes de pacientes clínico-cirúrgicos adultos.

Uma ferramenta na web estádisponível para estimar o número esperado de tiragens positivas e resultados detriagem verdadeiros e falsos com base nos resultados do estudo(depressionscreening100.com/hads-d).

 

 

Bibliografia

 

1.            Wu Y, Levis B, Sun Y, He C, Krishnan A,Neupane D et al. Accuracy of the Hospital Anxiety and Depression ScaleDepression subscale (HADS-D) to screen for major depression: systematic reviewand individual participant data meta-analysis BMJ 2021; 373 :n972

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