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Pembrolizumabe para Câncer de Colo de Útero Metastático

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/02/2022

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Contexto Clínico

 

O câncer do colo do útero, tambémchamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por algunstipos do papilomavírus humano ? HPV. Segundo o Instituto do Câncer (Inca),trata-se do terceiro tumor maligno mais frequente nas mulheres (atrás do câncerde mama e do colorretal) e da quarta causa de morte por câncer em mulheres noBrasil. Quando diagnosticado precocemente, há grande chance de ocorrer sucessono tratamento. Entretanto, em casos de diagnóstico tardio, há maior chance de adoença já estar com metástases e ser mais agressiva, com persistência erecorrência.

O pembrolizumabe tem eficácia no câncerdo colo do útero metastático ou irressecável que é positivo para o marcadorPD-L1 e que progrediu durante a quimioterapia. Apresentaremos um estudo queavaliou o benefício relativo da adição de pembrolizumabe à quimioterapia com ousem bevacizumabe.

 

 

O Estudo

 

Este é umensaio clínico randomizado duplo-cego de fase 3, no qual pacientes com câncer docolo do útero persistente, recorrente ou metastático foram alocadas em umaproporção de 1: 1 para receber pembrolizumabe (200 mg) ou placebo a cada 3semanas por até 35 ciclos mais quimioterapia à base de platina e, a critério doinvestigador, bevacizumabe. Os desfechos primários duplos foram a sobrevidalivre de progressão e a sobrevida global, cada uma testada sequencialmente empacientes com uma pontuação positiva combinada de PD-L1 de 1 ou mais napopulação com intenção de tratar e em pacientes com uma pontuação positivacombinada de PD-L1 de 10 ou mais. A pontuação positiva combinada é definidacomo o número de células com coloração de PD-L1 dividido pelo número total decélulas tumorais viáveis, multiplicado por 100. Todos os resultados são daprimeira análise interina especificada pelo protocolo.

Em 548pacientes com uma pontuação positiva combinada de PD-L1 de 1 ou mais, a medianade sobrevida livre de progressão foi de 10,4 meses no grupo de pembrolizumabe ede 8,2 meses no grupo de placebo (razão de risco para progressão da doença oumorte: 0,62; IC 95%: 0,50 a 0,77; P < 0,001). Em 617 pacientes na populaçãocom intenção de tratar, a sobrevida livre de progressão foi de 10,4 meses e de8,2 meses, respectivamente (razão de risco: 0,65; IC 95%: 0,53 a 0,79; P < 0,001).Em 317 pacientes com uma pontuação positiva combinada de PD-L1 de 10 ou mais, asobrevida livre de progressão foi de 10,4 meses e de 8,1 meses, respectivamente(razão de risco: 0,58; IC 95%: 0,44 a 0,77; P < 0,001). A sobrevida geral em24 meses em pacientes com uma pontuação positiva combinada de PD-L1 de 1 oumais foi de 53,0% no grupo de pembrolizumabe e de 41,7% no grupo de placebo(taxa de risco de morte: 0,64; IC 95%: 0,50 a 0,81; P < 0,001); na populaçãocom intenção de tratar, foi de 50,4% e 40,4% (taxa de risco: 0,67; IC 95%: 0,54a 0,84; P < 0,001); e em pacientes com pontuação positiva combinada de PD-L1de 10 ou mais, foi de 54,4% e 44,6% (razão de risco: 0,61; IC 95%: 0,44 a 0,84;P = 0,001), respectivamente. Os eventos adversos de grau 3 a 5 mais comunsforam anemia (30,3% no grupo de pembrolizumabe e 26,9% no grupo de placebo) eneutropenia (12,4% e 9,7%, respectivamente).

 

 

Aplicação Prática

 

Considerando a importânciaepidemiológica do câncer do colo do útero, e a necessidade de termos abordagenspara os casos mais graves, este estudo traz resultados que podem ser levados emconsideração para a prática. Podemos concluir que a sobrevida livre deprogressão e a sobrevida global foram significativamente maiores compembrolizumabe do que com placebo entre pacientes com câncer cervicalpersistente, recorrente ou metastático que também estavam recebendoquimioterapia com ou sem bevacizumabe. Obviamente há que se considerarpreferências e valores da paciente, e uma discussão com enfoque em decisãocompartilhada é fundamental para esse tipo de situação.

 

 

Bibliografia

 

1.            Colombo N et al. Pembrolizumab for Persistent,Recurrent, or Metastatic Cervical Cancer. N Engl J Med 2021; 385:1856-1867.

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