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Cirurgia Citorredutora para Câncer de Ovário Recidivante

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 29/03/2022

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Contexto Clínico

 

Nas estatísticas em oncologia, o câncerde ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais letal e a sétima causa demortalidade relacionada ao câncer em mulheres em todo o mundo. Aproximadamente70% das pacientes com câncer de ovário apresentam recidiva nos primeiros dois anosapós cirurgia citorredutora primária e quimioterapia de primeira linha padrão(carboplatina e paclitaxel). Ainda existem algumas áreas de controvérsia sobrecomo lidar com essas recidivas que ocorrem quase inevitavelmente no curso dessadoença. Geralmente o que se faz é nova quimioterapia, mas não se sabe qual é opapel de uma cirurgia citorredutora secundária para esses casos.  

 

O Estudo

 

Apresentamos umensaio clínico randomizado no qual pacientes com câncer de ovário que tiveramuma primeira recidiva após um intervalo sem platina (um intervalo durante oqual nenhuma quimioterapia à base de platina foi usada) de seis meses ou maisforam aleatorizadas para se submeter a cirurgia citorredutora secundária e, emseguida, receber quimioterapia à base de platina ou receber quimioterapia àbase de platina apenas. As pacientes eram elegíveis se apresentassem pontuaçãoArbeitsgemeinschaft Gynäkologische Onkologie (AGO) positiva, definida comopontuação de status de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Groupde 0 (em uma escala de 5 pontos, com pontuações mais altas indicando maiordeficiência), ascite menor que 500 mL e ressecção completa na cirurgia inicial.Um escore AGO positivo é usado para identificar as pacientes nas quais umaressecção completa pode ser realizada. O desfecho primário foi a sobrevivênciaglobal. Também foram avaliados a qualidade de vida e os fatores prognósticos desobrevida.

Foram submetidasà randomização 407 pacientes: 206 foram designadas para cirurgia citorredutorae quimioterapia, e 201 para quimioterapia apenas. A ressecção completa foiobtida em 75,5% das pacientes do grupo de cirurgia submetidas ao procedimento.A sobrevida global mediana foi de 53,7 meses no grupo de cirurgia e de 46,0meses no grupo de não cirurgia (razão de risco para morte, 0,75; IC 95%, 0,59 a0,96; P = 0,02). As pacientes com ressecção completa tiveram o desfecho maisfavorável, com sobrevida global mediana de 61,9 meses. Um benefício da cirurgiafoi observado em todas as análises em subgrupos de acordo com fatoresprognósticos. As medidas de qualidade de vida ao longo de um ano deacompanhamento não diferiram entre os dois grupos, e não observamos mortalidadeperioperatória em 30 dias após a cirurgia.

 

Aplicação Prática

 

Este importante ensaio clínico trazinteressantes perspectivas. O resultado é importante para ser usado naabordagem de decisão compartilhada de uma situação tão delicada quanto a docâncer de ovário recidivado. No caso deste estudo, em mulheres com câncer de ovário recidivado, a cirurgiacitorredutora seguida de quimioterapia resultou em maior sobrevida global doque a quimioterapia sozinha. Esta pode ser uma primeira evidência no sentido deconsolidar uma potencial conduta a ser adotada na prática da oncoginecologia.

 

 

Bibliografia

 

1.            Harter P et al. Randomized Trial ofCytoreductive Surgery for Relapsed Ovarian Cancer. N Engl J Med 2021;385:2123-2131.

 

Contexto Clínico

 

Nas estatísticas em oncologia, o câncerde ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais letal e a sétima causa demortalidade relacionada ao câncer em mulheres em todo o mundo. Aproximadamente70% das pacientes com câncer de ovário apresentam recidiva nos primeiros dois anosapós cirurgia citorredutora primária e quimioterapia de primeira linha padrão(carboplatina e paclitaxel). Ainda existem algumas áreas de controvérsia sobrecomo lidar com essas recidivas que ocorrem quase inevitavelmente no curso dessadoença. Geralmente o que se faz é nova quimioterapia, mas não se sabe qual é opapel de uma cirurgia citorredutora secundária para esses casos.  

 

O Estudo

 

Apresentamos umensaio clínico randomizado no qual pacientes com câncer de ovário que tiveramuma primeira recidiva após um intervalo sem platina (um intervalo durante oqual nenhuma quimioterapia à base de platina foi usada) de seis meses ou maisforam aleatorizadas para se submeter a cirurgia citorredutora secundária e, emseguida, receber quimioterapia à base de platina ou receber quimioterapia àbase de platina apenas. As pacientes eram elegíveis se apresentassem pontuaçãoArbeitsgemeinschaft Gynäkologische Onkologie (AGO) positiva, definida comopontuação de status de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Groupde 0 (em uma escala de 5 pontos, com pontuações mais altas indicando maiordeficiência), ascite menor que 500 mL e ressecção completa na cirurgia inicial.Um escore AGO positivo é usado para identificar as pacientes nas quais umaressecção completa pode ser realizada. O desfecho primário foi a sobrevivênciaglobal. Também foram avaliados a qualidade de vida e os fatores prognósticos desobrevida.

Foram submetidasà randomização 407 pacientes: 206 foram designadas para cirurgia citorredutorae quimioterapia, e 201 para quimioterapia apenas. A ressecção completa foiobtida em 75,5% das pacientes do grupo de cirurgia submetidas ao procedimento.A sobrevida global mediana foi de 53,7 meses no grupo de cirurgia e de 46,0meses no grupo de não cirurgia (razão de risco para morte, 0,75; IC 95%, 0,59 a0,96; P = 0,02). As pacientes com ressecção completa tiveram o desfecho maisfavorável, com sobrevida global mediana de 61,9 meses. Um benefício da cirurgiafoi observado em todas as análises em subgrupos de acordo com fatoresprognósticos. As medidas de qualidade de vida ao longo de um ano deacompanhamento não diferiram entre os dois grupos, e não observamos mortalidadeperioperatória em 30 dias após a cirurgia.

 

Aplicação Prática

 

Este importante ensaio clínico trazinteressantes perspectivas. O resultado é importante para ser usado naabordagem de decisão compartilhada de uma situação tão delicada quanto a docâncer de ovário recidivado. No caso deste estudo, em mulheres com câncer de ovário recidivado, a cirurgiacitorredutora seguida de quimioterapia resultou em maior sobrevida global doque a quimioterapia sozinha. Esta pode ser uma primeira evidência no sentido deconsolidar uma potencial conduta a ser adotada na prática da oncoginecologia.

 

 

Bibliografia

 

1.            Harter P et al. Randomized Trial ofCytoreductive Surgery for Relapsed Ovarian Cancer. N Engl J Med 2021;385:2123-2131.

 

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