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Febre Purpúrica Brasileira FPB

Última revisão: 30/01/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Febre Purpúrica Brasileira

 

CID 10: A48.4

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Doença infecciosa aguda, com manifestações clínicas sistêmicas, que acomete crianças após conjuntivite, com sinais e sintomas que seguem uma certa cronologia em curto espaço de tempo: início com febre alta (acima de 38,5°C), taquicardia, erupção cutânea macular difusa, tipo petéquias, púrpuras e outras sufusões hemorrágicas, além de hipotensão sistólica. Ocorrem, também, manifestações digestivas, tais como náuseas, vômitos, dor abdominal, enterorragias e diarreia, bem como mialgias e sinais de insuficiência renal (oligúria e anuíra), plaquetopenia, leucopenia com linfocitose ou leucocitose com linfocitopenia. Observa-se agitação, sonolência, cefaleia e convulsão. A cianose e taquidispneia, consequente a acidose, faz parte da progressão da doença. Essa enfermidade, em geral, evolui de 1 a 3 dias, ou seja, é um grave quadro fulminante, com choque séptico e coagulação intravascular disseminada (CIVD), cuja letalidade varia de 40% a 90%. Quando o paciente sobrevive, pode vir a apresentar gangrenas, com ou sem mutilações. Acomete, principalmente, crianças na faixa etária entre 2 meses e 14 anos de idade. A natureza sistêmica é fulminante da FPB deve estar associada à liberação de toxinas pela bactéria.

 

Sinonímia

FPB. A conjuntivite que precede a FPB, também, é conhecida como conjuntivite bacteriana e olho roxo.

 

Agente Etiológico

Haemophilus Influenzae, biogrupo aegyptius. Bactéria gram-negativa sob a forma de bacilos finos e retos.

 

Reservatório

O homem, que também é a fonte de infecção (pessoas com conjuntivite causada pelo agente).

 

Modo de Transmissão

Contato direto pessoa a pessoa que esteja com conjuntivite; ou indireto, por intermediação mecânica (insetos, toalhas, mãos).

 

Período de Incubação

O intervalo de tempo entre o início da conjuntivite e a febre e, em media, de 7 a 16 dias (variando de 1 a 60 dias).

 

Período de Transmissibilidade

Possivelmente, enquanto durar a conjuntivite.

 

Complicações

Choque séptico, com coagulação intravascular disseminada (CIVD), gangrenas com ou sem mutilações.

 

Diagnóstico

Clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito por meio dos exames:

 

     Específicos – Cultura de sangue, material da conjuntiva, do líquor e de raspado de lesão de pele. Reação de contraimunoeletroforese do soro e do líquor;

     Inespecíficos – Hemograma, coagulograma, provas de função renal.

 

Diagnóstico Diferencial

Meningococcemia, meningite por HIB, septicemias por gram-negativos, dengue hemorrágico, febre maculosa, tifo exantemático, febre hemorrágica argentina e boliviana e outras febres hemorrágicas.

 

Tratamento

Antibioticoterapia

Ampicilina, 200 mg/kg/dia, 6/6 horas, via intravenosa ou Amoxicilina, 50 mg/kg/dia, 8/8 horas, via oral, por 7 dias; ou cloranfenicol, 100 mg/kg/dia, via intravenosa, 6/6 horas, por 7 dias. O paciente deve ser internado com todos os cuidados de suporte.

 

Características Epidemiológicas

Doença descrita pela primeira vez em 1984, no município de Promissão, em São Paulo, onde ocorreram 10 óbitos com quadro semelhante à meningococcemia. Concomitantemente, observou-se quadro semelhante em Londrina, com 13 casos e 7 óbitos, e outros em cidades próximas a Promissão. Até o momento, há registro desta enfermidade em mais de 15 municípios de São Paulo, em áreas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os únicos casos descritos fora do Brasil ocorreram em novembro de 1986, na região central da Austrália (Alice-Springs). O agente etiológico foi isolado do sangue de casos clínicos em 1986. A O H. Influenzae, biogrupo aegyptius, é um agente comum nas conjuntivites bacterianas e nunca havia sido associado à doença invasiva até o aparecimento da FPB. Continua sendo uma doença pouco conhecida, com menos de 100 casos notificados em todo o mundo. No Brasil, os últimos casos confirmados foram em 1993. Em 2007, no estado do Para, foram identificados 7 casos suspeitos de FPB, porém não foi isolado o agente.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivo

Detectar precocemente surtos de conjuntivite, causados por H. Influenzae aegyptius, nas áreas de ocorrência da doença, visando à adoção das medidas de controle indicadas.

     Diagnosticar e tratar os casos, visando reduzir a morbidade e a letalidade.

 

Notificação

Notificação compulsória nacional, por se tratar de agravo inusitado.

 

Definição de Caso

Suspeito

Criança que teve ou esta com conjuntivite e desenvolve quadro agudo de febre, acompanhado de algum outro sinal de toxemia (palidez perioral, vômitos, dor abdominal, alterações do estado de consciência, petéquias, púrpura ou outras manifestações hemorrágicas).

 

Confirmado

Quadro febril agudo em criança, com isolamento, no sangue ou no líquor, de H. Influenzae aegyptius; ou quadro febril agudo com manifestações hemorrágicas em pele ou mucosa digestiva, com antecedente de conjuntivite purulenta, contraimunoeletroforese e culturas negativas para meningococo e outras bactérias para as quais esses exames tenham sido realizados, e presença de H. Influenzae aegyptius em conjuntiva, ou dados epidemiológicos da área, como ocorrência de surtos de conjuntivite (município, escola, creches, grupamentos familiares) com identificação de H. aegyptius cepa invasora;

 

     Critério clínico-epidemiológico: quadro agudo em criança procedente de área de ocorrência da doença, caracterizado por febre igual ou superior a 38,5°C, dor abdominal e vômitos, petéquias e/ou púrpuras, sem evidência de meningite, com antecedente de conjuntivite e, ainda, sem antecedente de ocorrência de Doença Meningocócica na área de abrangência do caso e excluídos os demais diagnósticos diferenciais.

 

Descartado

Caso suspeito que não se enquadre nas definições de caso confirmado ou que confirme diagnóstico de outra doença.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Nas áreas de ocorrência desta doença, acompanhar os casos de conjuntivite e, em caso de surto, notificar os casos suspeitos da FPB. Quando se observar numero de casos de conjuntivite superior ao do mês anterior, iniciar a coleta de secreção de conjuntivas de pacientes acometidos (pelo menos de 20) para diagnóstico do agente (Laboratório de Referência), por meio da realização dos exames laboratoriais específicos.

 

Quimioprofilaxia

Crianças menores de 7 anos de idade, comunicantes do caso-índice, no domicílio ou em creche, devem fazer uso de rifampicina, na dose de 20 mg/kg/dia, em 2 tomadas diárias, por 4 dias.

 

Tratamento de Conjuntivites

Com colírio de cloranfenicol a 0,5% (1 gota em cada olho, de 3/3 horas, durante 7 dias). Quando constatada a ocorrência de conjuntivite pela cepa invasora do Haemophilus aegyptius, administrar rifampicina na dose de 20 mg/kg/dia, durante 4 dias (tomada única), e repetir a cultura da secreção após o termino do tratamento.

 

Acompanhar o paciente até a negativação da cultura. Não há indicação para isolamento dos casos FPB. A aglomeração favorece a transmissão da conjuntivite. Medidas de higiene devem ser informadas, principalmente nas situações de risco de ocorrência tanto de conjuntivite como da FPB.

 

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