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Shigelose

Última revisão: 01/03/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Shigelose

 

CID 10: A03

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Infecção bacteriana de expressão clínica pleomórfica, que pode se manifestar através de formas assintomáticas ou subclínicas e formas graves e tóxicas. Nas formas graves, a Shigelose é doença aguda toxêmica, caracterizada por febre e diarreia aquosa, que pode ser volumosa e com dor abdominal. A dor abdominal tem característica de cólica difusa, geralmente precedendo a diarreia, que se constitui no sintoma mais frequente, presente em cerca de 90% dos casos. De 1 a 3 dias apos, as fezes se tornam mucossanguinolentas, a febre diminui e aumenta o numero de evacuações, geralmente de pequeno volume e frequentes, com urgência fecal e tenesmo (colite exsudativa). Além da febre alta, outras manifestações podem estar presentes, tais como: anorexia, náuseas, vômitos, cefaleia, calafrios, estados totêmicos, convulsões e sinais meningíticos. Ao exame físico, pode-se observar hipertermia, desidratação, hipotensão, dor a palpação abdominal e ruídos hidroaéreos exacerbados. Nas formas leves ou moderadas, a Shigelose pode se manifestar apenas por diarreia aquosa, sem aparecimento de fezes disentéricas.

 

Sinonímia

Disenteria bacilar clássica.

 

Agente Etiológico

Bactérias gram-negativas do gênero Shigella, constituídas por quatro espécies: S. dysenteriae (grupo A), S. flexneri (grupo B) S. boydii (grupo C) e S. sonnei (grupo D).

 

Reservatório

Trato gastrintestinal do homem, água e alimentos contaminados.

 

Modo de Transmissão

A infecção é adquirida pela ingestão de água contaminada ou de alimentos preparados com água contaminada. Também esta demonstrado que as Shigellas podem ser transmitidas por contato pessoal.

 

Período de Incubação

De 12 a 48 horas.

 

Diagnóstico

Clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela semeadura das fezes do paciente em meios de cultura, como Mac Conckey e SS, com posterior identificação das colônias suspeitas por meio de provas bioquímicas e sorológicas, destacando-se a excelência dos métodos imunoenzimático e o PCR para realização de exame radiológico (raios X).

 

Diagnóstico Diferencial

Gastrenterites virais e salmonelose.

 

Complicações

As complicações neurológicas (convulsão, meningismo, encefalopatias, letargia, alucinações, cefaleia, confusão mental, etc.) constituem as manifestações extraintestinais mais frequentes da Shigelose, ocorrendo mais em crianças que em adultos. Outras complicações: sepse, peritonite secundaria a perfuração intestinal, insuficiência renal aguda, síndrome hemolítica urêmica, hemorragia digestiva, pneumonia, conjuntivite, uveíte, prolapso retal, osteomielite, artrite septica e Síndrome de Reiter.

 

Tratamento

Semelhante ao indicado para todos os tipos de diarreias. Reidratação oral (SRO), que simplificou o tratamento, pois sabe-se que o esquema adequado independe do diagnostico etiológico, já que o objetivo da terapêutica e reidratar ou evitar a desidratação. Esse esquema não é rígido, administrando-se os líquidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais de desidratação, administrar o SRO de acordo com a sede do paciente. Inicialmente, a criança deve receber de 50 a 100 ml/kg, no periodo de 4 a 6 horas. As crianças que estiverem sendo amamentadas podem receber o SRO. Se o paciente vomitar, deve-se reduzir o volume e aumentar a frequência da administração; o paciente deve ser mantido na unidade de saúde ate a reidratação; o uso de sonda nasogástrica e indicado apenas em casos de perda de peso apos as duas primeiras horas de tratamento oral e frente a vômitos persistentes, distensão abdominal com ruídos hidroaéreos presentes ou dificuldade de ingestão. Nessas circunstâncias, administrar 20 a 30 ml/kg/hora de SRO. A hidratação parenteral só é indicada nas situações de alteração da consciência, vômitos persistentes (mesmo com uso de sonda nasogástrica) e íleo paralítico. Nos casos graves, em que houver indicação de uso de antimicrobianos (que pode ser feito independente de comprovação por coprocultura e antibiograma), utiliza-se Sulfametoxazol (50mg/kg/dia) + Trimetoprim (10/mg/kg/dia), em 2 tomadas diárias, de 12/12 horas, durante 5 a 7 dias. No caso de resistência bacteriana, utilizam-se as quinolonas (contraindicadas em gestantes e crianças).

 

Características Epidemiológicas

A frequência das infecções por Shigella aumenta com a idade da criança. No Brasil, a prevalência dessa bactéria e de 8 a 10% em menores de 1 ano e de 15 a 18% em maiores de 2 anos. Os índices de prevalência nos adultos são semelhantes aos encontrados em crianças com mais de 2 anos.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Monitorar a incidência da doença, visando intervenções em surtos; e realizar atividades de educação em saúde com o proposito de diminuir sua frequência e letalidade.

 

Notificação

Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, como explicitado no capitulo das doenças diarreicas agudas, tem-se instituído o monitoramento das diarreias por meio de sistemas de notificações sentinelas.

 

Definição de Caso

Individuo que apresentar fezes cuja consistência revele aumento do conteúdo líquido (pastosas, aquosas, que podem ser mucossanguinolentas), com aumento do numero de dejeções diárias e duração inferior a 2 semanas. A confirmação e feita por meio de culturas para identificação do agente.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, controle de vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência. Locais de uso coletivo, tais como colégios, creches, hospitais, penitenciarias, que podem apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas. Ocorrências em crianças de creches devem ser seguidas de isolamento entérico, além de reforço nas orientações prestadas aos manipuladores de alimentos e as mães. Considerando a importância das causas alimentares na diarreia das crianças menores, e fundamental o incentivo ao prolongamento do tempo de aleitamento materno, pratica que confere elevada proteção a esse grupo populacional.

 

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