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4 Manuseio da Crise de Dor na Anemia Falciforme

Última revisão: 02/09/2009

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Reproduzido de:

Manual de Condutas Básicas na Doença Falciforme [Link Livre para o Documento Original]

Série A. Normas e Manuais Técnicos

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Atenção à Saúde

Departamento de Atenção Especializada

Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados

Brasília / DF – 2006

 

4 Manuseio da Crise de Dor

           1 –     Pacientes com queixa de dor devem ser imediatamente avaliados se existir um ou mais dos seguintes fatores de risco:

 

F febre

F dor abdominal

F dor no tórax ou sintomas respiratórios

F letargia

F severa cefaléia

F dor associada com extrema fraqueza ou perda de função local

F edema articular agudo

F dor que não melhora com medidas de rotinas (repouso, líquidos e dipirona)

F dor em região lombar sugestivo de pielonefrite

 

           2 –     Os pacientes com dor leve devem ser instruídos para tomar analgésicos, aumentar a ingestão hídrica e serem reavaliados no dia seguinte.

 

           3 –     O exame físico deve ser dirigido na tentativa de afastar complicações que mascarem a crise falciforme. Aqueles com dor abdominal aguda devem ser internados e obtida uma avaliação pela equipe de cirurgia.

 

           4 –     A investigação laboratorial inclui:

F hemograma com contagem de reticulócitos;

F se febre presente, seguir rotina para febre;

F se sintomas respiratórios presentes, seguir rotina específica;

F se suspeitar de osteomielite ou artrite fazer Rx da área com cintilografia caso necessário, punção aspirativa com cultura do material e solicitar avaliação do ortopedista;

F se tiver dor lombar fazer urinocultura e antibiograma.

 

           5 –     Tratamento:

F tratar prontamente a dor – tabela ao lado;

F reduzir o medo e a ansiedade – suporte psicológico;

F retirar a causa desencadeante;

F estimular a ingestão oral de líquidos;

F repouso relativo;

F evitar mudanças bruscas de temperatura;

F aquecimento das articulações acometidas;

F hidratação parenteral se a dor for moderada a severa. Fazer três a cinco litros por dia em adultos e 1,5 vezes as necessidades hídricas diárias em crianças;

F reavaliação periódica;

F em alguns casos pode ser indicado o uso de narcóticos;

F se a dor não conseguir ser controlada com analgesia, utilizar anti-inflamatório como diclofenaco oral na dose de 1 mg/kg/dose 8/8 horas.

 

           6 –     Aqueles pacientes que apresentam fatores de risco ou aqueles em que a dor não melhora após 8 horas da instalação da terapia deverão ser internados e tratados de acordo com protocolo.

 

-      Determinação da O2 pelo oxímetro de pulso (pelo menos 1 X/d, nos casos de dor torácica associada).

-      Hidratação venosa com soro glicosado 5% (nos pacientes que estejam vomitando ou não estejam ingerindo líquidos VO).

-      O bicarbonato de sódio 3 g/m2 deverá ser utilizado somente em casos de acidose metabólica comprovada e/ou nefropatia).

-      Fisioterapia respiratória profilática é medida essencial.

-      Transfusão de concentrado de hemácias – somente nos casos de queda > 20% do Ht em relação ao valor de base.

 

Atenção:

(1) Em caso de dor torácica, deve ser realizado Rx de tórax diariamente com a finalidade de diagnosticar precocemente a Síndrome Torácica Aguda.

(2) Oximetria de pulso diariamente.

(3) Devido ao caráter multifatorial da dor, nos casos severos, pode haver associação de: Diazepan – 5 - 10 mg uma vez ao dia e Amitriptilina – 25 mg de 1 a 2 vezes ao dia.

(4) Encaminhar ao Ambulatório de DOR, em caso de necessidade.

 

           7 –     Tratamento ambulatorial:

Baseia-se na escala analógica da dor, que todo paciente deve receber:

 

 

Dor graduada de 1 a 3:

-      Iniciar dipirona 4/4h;

-      Suspender, após 24 horas, SEM DOR.

 

Dor graduada de 3 a 6:

-      Iniciar dipirona 4/4h + diclofenaco 8/8h;

-      Após 24 horas, SEM DOR, retirar o diclofenaco, manter a dipirona de 4/4h por mais 24 horas;

-      EM CASO DE RETORNO DA DOR – retornar ao diclofenaco + emergência de referência.

 

Dor graduada de 6 a 10:

-      Iniciar dipirona 4/4h + codeína de 4/4h (intercalados) + diclofenaco 8/8h.

-      Após 24 horas, SEM DOR, retirar a dipirona, manter a codeína de 4/4h e o diclofenaco.

-      Após MAIS de 24 horas, SEM DOR, retirar a codeína, mantendo o diclofenaco, por mais 24 horas.

-      EM CASO DE RETORNO DA DOR – retornar ao diclofenaco + emergência de referência.

 

           8 –     Tratamento na emergência:

DOR de 1 a 6 Fez tratamento domiciliar corretamente?

DOR de 6 a 10 Fez tratamento domiciliar corretamente?

NÃO

SIM

NÃO

SIM

Passar dipirona e diclofenaco para EV

Passar diclofenaco e dipirona para EV e associar codeína VO 1 mg/kg/dose

Trocar a codeína pela morfina EV 0,1 mg/kg/dose repetir se não melhorar após 30 min e manter com morfina de 4/4h Se melhorar após 6h, alta com: dipirona + diclofenaco Se piorar após 6h, internar e avaliar morfina infusão contínua

Se melhorar após 6h, alta com: dipirona + diclofenaco + codeína

Se melhorar após 6h, alta com: dipirona + diclofenaco e codeína

Se não melhorar após 1h, associar codeína VO e internar

Se piorar após 6h, trocar a codeína por morfina e internar

 

ATENÇÃO: Nos pacientes refratários à morfi na, iniciar metadona – 5 – 10 mg até de 4/4 horas. Retirada em 4 dias, aumentando o intervalo a cada 6 - 8 horas.

 

           9 –     Tratamento na internação:

-      Hidratação venosa com necessidades hídricas diárias. É fundamental levar em consideração as perdas e repor no volume diário.

-      Manter 2 analgésicos (dipirona e morfina EV ) de 4/4h (intercalados) e o diclofenaco EV de 8/8 horas.

-      Avaliar a necessidade de passar a morfina para infusão contínua.

-      Tentar identificar o fator desencadeante para tratá-lo.

-      Monitorizar a oximetria de pulso para identificar hipoxemia precocemente e avaliar estudo radiológico para diagnosticar síndrome torácica aguda e iniciar tratamento específico.

-      Avaliar transfusão em caso de anemia intensa.

 

 

          10 –   Analgésicos opiáceos:

MORFINA: 1 amp = 2 ml (1 ml = 10 mg)

ADULTOS: 0,1 mg/Kg/dose EV ou IM

CRIANÇAS (MAIORES QUE 6 MESES): 0,1 a 0,3 mg/Kg EV (dose de infusão = 0,01 - 0,04 mg/Kg/hora = 10 a 40 mg/Kg/hora)

METADONA 1amp = 1 ml (1 ml = 10 mg)

0,1 - 0,2 mg/Kg/dose SC ou IM. O intervalo de administração deve ser ampliado a cada 4 dias (Ex.: 4/4horas e posteriormente 6/6h 8/8horas, etc.)

ANTAGONISTA DOS OPIÁCEOS (NALOXONA)

ADULTOS: 0,4 a 0,8 mg EV a cada 60 segundos até a reversão do quadro.

CRIANÇAS (MAIORES QUE 6 MESES): 2 a 10 mg/Kg/EV in bolus. Repetir a dose até ser clinicamente eficaz, podendo chegar a 100 mg/Kg. Então repita, conforme a necessidade. Uma infusão contínua pode ser indicada, na dose de 1 mg/Kg/h

 

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