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Erisipela Bolhosa

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 19/05/2015

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Quadro Clínico

         Paciente de 67 anos, sexo feminino, procura atendimento por estar com febre diária há cerca de três dias, associada a dor no membro inferior esquerdo onde surgiu uma grande área hiperemiada que se tornou uma bolha. Relata antecedente pessoal de diabetes mellitus em uso de metformina 850mg 3x/dia e hipertensão arterial sistêmica em uso de enalapril 5mg 2x/dia. Ao exame físico encontra-se em Glasgow 15. Ausculta cardíaca e pulmonar normais. Propedêutica abdominal normal. Membro inferior direito sem achados, membro inferior esquerdo apresentando os achados da imagem 1. Apresentava os seguintes sinais vitais: FC de 84bpm, FR 18cpm, PA 136x78mmHg, saturação de oxigênio em 96% em ar ambiente, temperatura de 36,8oC.

 

Imagem 1 - Perna da paciente

 

 

Diagnóstico e Discussão

         A paciente tinha uma área de hiperemia bem delimitada, com uma área de formação bolhosa de conteúdo sero-hemático bem definida dentro dos limites da lesão. A paciente recebeu o diagnóstico de Erisipela Bolhosa, e foi internada para um rápido curso de antibióticos parenterais, sendo optado por realizar ceftriaxone 1g IV de 12/12h, sendo posteriormente passado para cefalexina oral por ocasião da alta, que ocorreu após 72h.

         As infecções de pele bacterianas envolvem basicamente as celulites e as erisipelas. Normalmente são infecções que se desenvolvem por quebra da barreira cutânea. A incidência é de 200 casos por 100.000 habitantes/ano. Enquanto as celulites são mais observadas em indivíduos de meia-idade, as erisipelas são mais comuns em crianças e idosos.

         As manifestações clínicas são muito semelhantes, incluindo eritema de pele, edema e aumento de temperatura local. A grande diferença está no grau de acometimento em relação às camadas da pele. A erisipela envolve a derme superior e os linfáticos mais superficiais, enquanto que a celulite envolve as camadas mais profundas da derme, bem como a gordura subcutânea.

Importantes fatores predisponentes incluem a quebra de barreira da pele por trauma (pode ser uma picada de inseto, abrasões, trauma penetrante, injeção de fármacos ou drogas), processos inflamatórios locais como eczema ou radiação, outra infecção cutânea prévia como um impetigo ou tinea pedis, além de varicela ou edema por insuficiência venosa. Normalmente, a lesão mais importante como porta de entrada são as lesões entre os dedos dos pés causadas por tinea pedis.

         O tratamento é direcionado pelo perfil microbiológico. No caso das celulites, as causas mais comuns são os Streptococos beta-hemolíticos (grupos A, B, C, G e F) e os Estafilococos (principalmente S. aureus de comunidade). Normalmente, em muitos estudos os estafilococos aparecem como principal agente, às vezes responsáveis por mais de 90% dos casos onde foi possível identificar o agente. Já no caso das erisipelas, os grandes agentes causadores são os estreptococos beta-hemolíticos. Isso ajuda a definir a terapia, pois ela pode ser mais simples nos casos de erisipela, com uso de beta-lactâmicos. Para as celulites, é fundamental garantir a cobertura para S. aureus.

 

Bibliografia

Bisno AL, Stevens DL. Streptococcal infections of skin and soft tissues. N Engl J Med 1996; 334:240.

Eriksson B, Jorup-Rönström C, Karkkonen K, et al. Erysipelas: clinical and bacteriologic spectrum and serological aspects. Clin Infect Dis 1996; 23:1091.

Swartz MN. Clinical practice. Cellulitis. N Engl J Med 2004; 350:904.

Chartier C, Grosshans E. Erysipelas. Int J Dermatol 1990; 29:459.

Hook EW 3rd, Hooton TM, Horton CA, et al. Microbiologic evaluation of cutaneous cellulitis in adults. Arch Intern Med 1986; 146:295.

Comentários

Por: Uiraçu Rodrigues de Novaes em 18/05/2015 às 22:45:36

"Sou Infectologista com formação em Geriatria,pois trabalho em um programa (PAMDIL)voltado para idosos com patologias limitantes assistidos em suas residências aqui na minha cidade V. da Conquista-Ba.Achei interessante a abordagem,além de prática e objetiva.ORIENTAÇÃO TERAPÊUTICA MUITO FÁCIL DE SER EXECUTADA INCLUSIVE AMBULATORIALMENTE."

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